Receita do segmento cresceu apenas 4,6%. No ano, avança 7% e, em 12 meses, 7,6%, também as menores taxas da série histórica
O setor de serviços manteve o ritmo de desaceleração e registrou em julho crescimento na receita de apenas 4,6% frente ao mesmo mês do ano anterior, informou nesta terça-feira o IBGE. Foi a menor alta desde o início da série histórica, em 2012. Em junho, a receita do setor de serviços havia crescido 5,8% e, em maio, 6,6%. No ano, o segmento avança 7% e, em 12 meses, 7,6%, também as menores taxas na série. O segmento responde por cerca de 60% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país) brasileiro.
A principal contribuição no resultado de julho, segundo o IBGE, veio dos serviços de informação e comunicação, que saíram de alta de 5,7% em junho para avanço de apenas 2,1% em julho. O segundo maior impacto foi registrado pelo setor de transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio, que apresentou variação de 4,6% em julho, enquanto em junho foi de 4,7% e em maio de 7,5%. O segmento tem peso de 30,7% na composição do indicador.
O crescimento dos serviços que são prestados às famílias despencou de 11,1% em junho para 5,4% em julho. Serviços profissionais, administrativos e complementares mantiveram quase inalterado o desempenho — de 7,3% para 7%. Já o segmento de “outros serviços”, que inclui, por exemplo, atividades imobiliárias e consertos, teve forte alta: em junho, havia crescido apenas 1,1%, enquanto em julho avançou 8,3%. Esse segmento, no entanto, que costuma oscilar muito devido à composição muito diversificada, tem peso bem menor no índice (6,6%).
QUEDA REFLETE DESACELERAÇÃO DE OUTROS SETORES
Segundo Juliana Vasconcellos, gerente de análise do IBGE, a desaceleração do setor em julho é resultado direto da atividade econômica mais fraca, uma vez que os serviços dependem de outros segmentos para faturar. A diferença deste mês é que até os setores relacionados ao consumo das famílias passaram a cair, refletindo a queda que já vem sendo apontada no varejo.
— A gente está vendo que a conjuntura econômica não está favorável. Se os setores não estão aquecidos, os serviços também tendem a desaquecer — explica Juliana.
A pesquisadora explica ainda que o IBGE não tem um cálculo oficial para definir o crescimento real (descontando a inflação). No entanto, considerando a inflação do setor registrada no último relatório sobre o Produto Interno Bruto (PIB), no patamar de 8,3%, é possível dizer que o setor teve retração de 3,7%. O número, no entanto, não faz parte dos cálculos oficiais do instituto.
CONTRAÇÃO EM OITO ESTADOS
O fraco resultado de julho também foi puxado pelo desempenho negativo em oito dos 26 estados (mais o Distrito Federal), contração mais disseminada que a do mês anterior, quando foram registradas taxas negativas em seis estados.
O Distrito Federal se manteve no topo do ranking das maiores altas, com crescimento de 20,1%. Já o Espírito Santo registrou a queda mais intensa, de 6,4%.