quarta-feira, 17 de setembro de 2014

PM diz ter identificado 'black blocs' em tumulto no centro de São Paulo

UOL

O comandante da Polícia Militar, Glauco Silva de Carvalho, afirmou na noite desta terça-feira (16) que a corporação identificou "black blocs" (que pregam o dano ao patrimônio como forma de protesto) entre os participantes do tumulto que durou mais de 12 horas na região central de São Paulo.

A confusão teve início ainda no começo da manhã durante a reintegração de posse de um prédio da avenida São João, onde estavam 315 famílias de sem-teto. O tumulto resultou em um ônibus incendiado, saques em ao menos duas lojas e mais de 90 pessoas encaminhadas à delegacias da região central.

Segundo o comando da PM, foram identificados no meio dos confrontos mais de dez "black blocs" que já estavam sendo monitorados por conta de outros atos. Eles teriam participado, inclusive, do ataque ao coletivo na frente do Theatro Municipal. Nenhum dos jovens identificados, porém, foi detido.

A assessoria da PM afirmou que 94 pessoas foram encaminhadas para delegacias da região. Entre elas estão cinco pessoas que foram presas em flagrante e 89 que foram liberadas. Entre os crimes atribuídos a elas estão esbulho (invasão de propriedade alheia), furto, agressão, resistência e desacato.

O atrito começou porque os sem-teto alegavam haver só 13 dos 40 caminhões combinados. A polícia afirma que os veículos estavam lá, mas que nem todos estavam estacionados simultaneamente e que só reagiu a ação dos sem-teto, que teriam atirado objetos contra os policiais. O FLM (Força de Luta por Moradia) nega e diz que só atirou objetos após bombas da PM.

O secretário da Segurança, Fernando Grella, afirmou que "não houve nenhum descumprimento do que foi acordado. As agressões começaram por parte dos moradores, que atiraram objetos nos policiais".

Ao todo, foram registrados confrontos nas ruas Barão de Itapetininga, Ipiranga, 24 de Maio, Dom José de Barros e próximo a região da praça da República. Houve tumulto, correria e a todo instante a PM lançava bombas de gás para tentar dispersar a multidão. Lojas foram atacadas e saqueadas.


Mascarados também fizeram barricadas com entulho e fogo. A Folha flagrou diversos ataques nas ruas do centro. A PM respondia os ataques de pedras com bombas e tiros. Uma pessoa passou mal com o cheiro forte do gás e precisou de atendimento.

O clima de tensão diminuiu à tarde, mas tumultos recomeçaram por volta das 16h. Houve nova correria e lojistas voltaram a baixar as portas. Funcionários do comércio local foram liberados mais cedo e alguns saíram das lojas usando máscaras cirúrgicas para se proteger do gás lacrimogêneo que tomava a região.

Por volta das 22h10, foi concluída a reintegração do prédio invadido, com a saída do último caminhão com pertences das famílias. No horário, ainda havia bloqueio a rua Xavier de Toledo, na altura da av. São Luís; na avenida São João, na altura da avenida Ipiranga; e no largo Paissandu. A Polícia Militar também reforçava a segurança na região.