segunda-feira, 2 de junho de 2014

CPI mista da Petrobras investigará Pasadena, propina, Abreu e Lima e sobrepreço

Relator da CPI mista da Petrobras exclui Graça e Gabrielli da lista inicial de convocados
 


Fernanda Calgaro
Do UOL
 

  • Sérgio Lima - 26.set.11/Folhapress
    Relator da CPMI da Petrobras, deputado Marco Maia (PT-RS) Relator da CPMI da Petrobras, deputado Marco Maia (PT-RS)


Ao anunciar o plano de trabalho da CPI mista da Petrobras, o relator da comissão, deputado Marco Maia (PT-RS), propôs nesta segunda-feira (2) ouvir primeiro personagens coadjuvantes, como Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da Petrobras, o doleiro Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa, ex-diretor de refino e abastecimento da Petrobras, e só depois, então, convocar a atual presidente da estatal, Graça Foster, e o ex-presidente da empresa Sérgio Gabrielli.

O relator justificou a exclusão tanto da Graça quanto de Gabrielli da lista inicial de pessoas a serem convocadas sob o argumento de que já foram ouvidos pelos parlamentares na CPI exclusiva do Senado, que sofre boicote da oposição, e também em audiências públicas na Câmara.

"Nesse pequeno cronograma, não os coloco como convocação principal porque já foram exaustivamente ouvidos. [Sugiro] A opção de ouvir, primeiro, outras pessoas envolvidas no processo", disse o petista, aliado do Palácio do Planalto.

A oposição protestou e apontou a falta de figurões na lista preliminar de convocados, alegando que foram ouvidos na CPI "chapa branca" do Senado. "Queremos ouvi-los novamente. Espero que essa CPI seja mais contundente no seu relatório. Não iremos arrancar a fórceps da garganta de ninguém informações que não quiserem fornecer, mas certamente faremos os questionamentos com maior virulência", disse o senador tucano Álvaro Dias (PR).

O líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), observou ainda que "a quantidade muito grande de técnicos pode retardar muito mais os trabalhos".

O plano de atuação da CPMI será analisado pelos demais membros da comissão e deverá ser votado em sessão deliberativa amanhã.

O presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), afirmou que, dos quase 600 requerimentos apresentados, 227, incluindo os que pedem convocações, foram separados para que sejam apreciados em bloco.

Oposicionistas também questionaram a ausência de requerimentos para pedir a quebra de sigilo das pessoas envolvidas nas suspeitas de irregularidades.

Álvaro Dias argumentou que o envio de dados pelo Banco Central, no caso de quebra de sigilo bancário, por exemplo, costuma demorar muito, daí a importância de já se aprovar, desde o início, requerimentos neste sentido e não apenas os de convocações.

 

CPI da Petrobras

 
22.mai.2014 - O ex-diretor internacional da Petrobras Nestor Cerveró depõe na CPI do Senado que investiga irregularidades na estatal referentes a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, Estados Unidos, em 2006 Leia mais Pedro Ladeira/Folhapress


"Me parece ser essencial a inclusão dos requerimentos que requerem inquéritos, o compartilhamento de informações sigilosas, [pois] creio que nosso tempo é tão escasso. (...) Já no primeiro momento, na primeira reunião, seria conveniente a deliberação sobre isso", disse.

O líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), que, embora faça parte da base governista, tenha atuação independente, também pediu a palavra e sugeriu que a CPI analise de imediato requerimento para ter acesso às investigações da Operação Lava Jato, realizada pela Polícia Federal.

Maia propôs ainda que a investigação seja desmembrada em quatro eixos: 1) a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA; 2) o indício de pagamento de propina a funcionário da estatal pela holandesa SBM Offshore; 3) a segurança nas plataformas; e 4) indício de superfaturamento na construção da refinaria de Abreu e Lima.

A oposição, por sua vez, discordou e defendeu que sejam criadas subrelatorias para tratar de cada um desses quatro eixos. "É muito mais eficaz com subrelatorias", disse o tucano Álvaro Dias.

CPI governista

A comissão, instalada na semana passada, para apurar irregularidades envolvendo a estatal, é governista na sua maioria. No entanto, ao contrário da CPI do Senado, que já está em funcionamento, não sofre boicote por parte da oposição.

A CPI mista é composta por 32 titulares, divididos meio a meio entre as duas Casas. Partidos da base aliada detêm 24 desses lugares, contra 8 das legendas oposicionistas.

Embora a CPI mista também seja governista na sua maioria, há parlamentares descontentes com o Palácio do Planalto e com atuação mais independente, que não necessariamente seguirão as orientações do governo, o que pode gerar desgaste para a presidente Dilma Rousseff.  
O que a CPI da Petrobras poderá investigar