Dólar recua a R$ 2,33; ações da Vale caem mais de 2% e pesam sobre o Ibovespa
- Nos EUA, índice que acompanha a atividade dos serviços recuou em fevereiro
- Ações da ALL sobem mais de 12% com fato relevante confirmando que recebeu proposta da Rumo, do Grupo Cosan, para combinarem suas atividades
João Sorima Neto - O Globo
Com agências internacionais
O dólar comercial engata o quarto dia consecutivo de queda na sessão desta segunda-feira. Às 14h34m, a moeda americana caía 0,84%, cotada a R$ 2,331 para compra e a R$ 2,333 na venda, a menor cotação desde o dia 20 de janeiro, quando a divisa encerrou a R$ 2,338. Na mínima, a moeda americana chegou a R$ 2,331 (baixa de 0,93%). Na máxima, chegou a R$ 2,354 (alta de 0,04%). No mercado futuro, os contratos da divisa com vencimento em março deste ano recuavam 0,04%, a R$ 2,349.
De acordo com o analista William Alves, da XP Investimentos, as declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, na Austrália, no final de semana, contribuíram para reforçar a expectativas de um aumento menor na Selic, de 0,25 ponto percentual, e também podem manter a recente trajetória de queda do dólar frente o real.
No mercado de juros futuros, os contratos de Depósito Interfinanceiro abriram em alta. O contrato mais negociado era o de vencimento em janeiro de 2015, com taxa subindo de 11,05% para 11,09%.
E o contrato com vencimento em janeiro de 2017 tinha taxa subindo de 12,19% para 12,23%.No Boletim Focus, divulgado nesta segunda, a expectativa é que a Selic, será elevada em 0,25 ponto percentual na reunião desta quarta-feira do Copom (Comitê de Política Monetária), a 10,75%, sem alterar a perspectiva para o final deste ano de 11,25%.
No seu discurso, Tombini disse que a direção do fluxo de recursos mudou o país e voltou a registrar entradas, sinalizando “nítida mudança positiva” com relação ao Brasil, o que contribuiu para diminuir a vulnerabilidade nas contas externas.
Também a expectativa de crescimento global informada no encontro do G-20 na Austrália no último final de semana tirou um pouco a pressão sobre as moedas emergentes, que apresentam ganho sobre a divisa americana nesta segunda.
Um operador de câmbio, entretanto avalia que a moeda americana pode reverter a baixa frente ao real, já que em R$ 2,35 (fechamento de sexta-feira) o dólar já estava num bom ponto de compra.
- Com a moeda a R$ 2,34 importadores podem entrar comprando - diz o mesmo operador.
O Banco Central deu sequência aos leilões de contratos de swap cambial tradicional e ofertou mais US$ 197,6 milhões desses papéis. A operação equivale a uma venda de dólares no mercado futuro. Também foram rolados 10.500 contratos que vencem em março. Todos os contratos foram negociados.
Boletim Focus divulgado pelo Banco Central mostra que a estimativa do mercado para o dólar no fim deste ano subiu de R$ 2,48 para R$ 2,50, enquanto para 2015, a expectativa é que a moeda americana encerre a R$ 2,55.
PMI de serviços nos EUA recua
O principal indicador divulgado hoje no exterior foi o índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) sobre a atividade do setor de serviços dos Estados Unidos, que caiu de 56,7 pontos em janeiro para 52,7 pontos em fevereiro - menor nível desde outubro -, de acordo com dados preliminares divulgados pelo instituto de pesquisas Markit Economics. Leituras acima de 50 pontos sinalizam expansão da atividade, enquanto valores abaixo desse patamar apontam contração.
"O inverno rigoroso parece ter, sem dúvida, afetado a economia no primeiro trimestre do ano. Nos primeiros dois meses do ano, as pesquisas PMI de serviços e atividade industrial apontam uma taxa de crescimento de apenas 1,6%,o que representa a metade do crescimento de 3,2% visto no quarto trimestre do ano passado", afirmou Chris Williamson, economista-chefe do Markit.
As principais Bolsas americanas estão em alta expressiva: o S&P 500 sobe 1,16%; o Dow Jones tem ganho de 1,14% e o Nasdaq sobe 1,07%.
Bolsa abre em queda seguindo mau humor na China
Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o principal índice, Ibovespa, alternou períodos de alta e baixa pela manhã e firmou a tendência de queda, descolada dos pregões americanos. Às 14h34m, o índice se desvalorizava 0,07% aos 47.346 pontos e volume negociado de R$ 2,18 bilhões. As Bolsas de países emergentes caíram nesta segunda acompanhando os pregões chineses, que fecharam em baixa, após informações de que os bancos reduziram a oferta de crédito imobiliário. A bolsa de Xangai caiu 1,75%.
Entre as blue chips, Vale a Petrobras também são afetadas pelas notícias negativas da China. Os papéis preferenciais da mineradora recuam 2,51% a R$ 29,85, pesando sobre o Ibovespa. O fato de a mineradora divulgar seu balanço na quarta também começa a afetar as expectativas dos investidores. O mercado espera um bom resultado operacional, já que o preço do minério de ferro de manteve em alta no último trimestre do ano passado. Mesmo assim, os investidores esperam prejuízo no período com a adesão da empresa ao Refis.
Já as ações preferenciais da Petrobras inverteram o sinal e sobem nesta tarde. O ganho é de 0,91% a R$ 14,29. Nesta terça, após o fechamento do mercado a companhia divulga seus números referentes ao quatro trimestre e a 2013.
De acordo com o mercado, a Petrobras deve apresentar um lucro líquido de R$ 5,48 bilhões no quarto trimestre de 2013, uma queda de 29,2% em comparação com o lucro de R$ 7,747 bilhões do mesmo período do ano anterior. Segundo relatório do banco Itaú BBA, as vendas de combustíveis, sazonalmente mais baixas no trimestre, devem resultar em despesas menores com importação pela Petrobras, aponta o Itaú BBA.
"Os custos operacionais e as despesas com vendas gerais e administrativas, porém, devem aumentar, como geralmente ocorre no último trimestre", afirma o banco em relatório.
O Itaú lembra que "pode acontecer também uma redução nos custos com poços secos, já que o número do terceiro trimestre foi muito elevado", diz o documento.
O banco JP Morgan tem uma estimativa de lucro maior para a companhia, de R$ 7,7 bilhões. Segundo o banco, o resultado do trimestre deve ser impactado positivamente pela continuação dos desinvestimentos em ativos e também pelos ajustes na metodologia dos preços da gasolina e diesel, aprovados em dezembro do ano passado.
A semana terá ainda balanços de outras empresas importantes, como Ambev, Gol e Embraer, além de ALL e Cosan.
ALL tem a maior alta
A maior alta é apresentada pelos papéis ordinários da ALL, que sobem 15,80% a R$ 7,55. Em fato relevante divulgado nesta segunda, a ALL confirmou a informação de que recebeu proposta da Rumo, braço logístico do grupo Cosan, para combinarem suas atividades. A operação prevê que a Rumo incorpore as ações da ALL. Segundo a proposta, o valor de referência para a ALL é de R$ 6,958 bilhões, o equivalente a R$ 10,184 por ação, um prêmio de 56% em relação ao fechamento da ação na sexta-feira. A empresa resultante da fusão terá participação de 36,5% da Rumo e de 63,5% da ALL.