Sasha e Malia: adolescentes na Casa Branca
Americanos acompanham o crescimento das filhas de Obama, que lamenta o passar do tempo. Jovens têm cada vez mais vida própria
Philip Rucker e Krissah Thompson
Do Washington Post

KAILUA, Havaí - Quando elas passaram as férias, no Havaí, pouco antes da primeira posse do presidente Barack Obama, Malia e Sasha eram meninas que idolatravam o pai. Agora, cinco natais mais tarde, as filhas presidenciais americanas estão quase tão altas quanto a sua altíssima mãe, e desenvolvem um estilo próprio, levando uma vida cada vez mais independente. Apesar de terem visto um jogo de basquete, terem passeado e ido à praia com o pai, Obama passou a maior parte da tarde no campo de golfe com seus amigos, enquanto as meninas se ocuparam de suas atividades sozinhas.
As férias anuais dos Obama, em um retiro na exuberante e isolada Kailua, ressaltaram o quanto a dinâmica familiar evoluiu nos cinco anos em que eles se mudaram para a Casa Branca. À medida que as meninas iam se tornando jovens mulheres, o presidente se mostrava mais nostálgico publicamente, lamentando a rapidez com que o tempo voou.
— Quem tem filhos sabe o quão rápido o tempo passa — disse Obama, em uma campanha de arrecadação em novembro.
Algumas semanas depois, ele admitiu estar entristecido com o fato.
“Elas estão crescendo tão rápido, e estão sempre ocupadas com a própria vida”, contou o presidente dos EUA à revista “People”. “Dá até para projetar como, ao longo dos próximos anos, entre escola, esportes, vida social e serviços comunitários, elas não estarão muito por perto. Então, isso me deixa entristecido às vezes.”
Quando Obama saltou do Air Force One dias atrás para começar as suas férias, a família foi recebida pelo governador havaiano Neil Abercrombie, um velho amigo. Em uma entrevista, alguns dias depois, Abercrombie foi perguntado o que ele achava de ver as meninas de Obama crescerem.
— A palavra ironia vem à mente — disse ele. — A criação delas está sendo tão diferente da criação que Obama teve. O pai dele não estava lá. Sua mãe tinha verdadeiros desafios. Depois foram levados para um outro país, e então ele cresceu aqui, nas ilhas, em um contexto e uma atmosfera completamente diferente, tanto social quanto econômica, da qual estas jovens estão crescendo na Casa Branca.
Abercrombie acrescentou:
— Eu me pergunto às vezes se elas, como muitas outras crianças, dizem a ele: “Você não entende.”
Obama diz que ele vive com “três mulheres altas, fortes e de opinião” (o número aumenta para quatro, se contar a sogra Marian Robinson, que mora no terceiro andar da Casa Branca). Mas Obama disse que está “ficando um tanto sozinho nessa grande casa”, quando, em uma coletiva de imprensa este ano, contou aos repórteres:
— Agora que minhas meninas estão ficando mais velhas, elas não querem mais ficar muito tempo comigo.
Neste verão, ele disse que arranjou um novo cachorro, Sunny (Ensolarado), para preencher o vazio deixado por suas cada vez mais ocupadas filhas.
Malia, de 15 anos, cursa o segundo ano do ensino médio e joga tênis. Ela tem permissão para namorar, embora o presidente tenha brincado com o comediante Steve Harvey dizendo que “tem homens armados seguindo-os o tempo todo” para assustar algum pretendente. Sasha, 12 anos, é aluna da sétima série, joga basquete, e algumas de suas escolhas de vestuário têm sido destaque nas colunas de revistas de moda.
As filhas de Obama estão entre as mais jovens crianças a viverem na Casa Branca nos tempos modernos. O presidente e a primeira-dama tentam manter a maior normalidade possível na vida delas, dentro das circunstâncias. As meninas devem fazer suas próprias camas, mesmo que a casa seja composta por mordomos e empregadas domésticas. E eles mantêm as crianças fora dos meios de comunicação para dar-lhes um mínimo de privacidade.
Apesar de todos os esforços dos pais, as adolescentes Obama desfrutam de uma variedade de experiências inimagináveis para seus colegas. Fizeram amizades com celebridades como Beyoncé e Jay Z. Malia participou de uma reunião no Salão Oval com os pais e Malala Yousafzai, a jovem ativista paquistanesa. Ambas as filhas convidam os amigos para festas no terceiro andar da Casa Branca.
O presidente e a primeira-dama contaram em entrevistas recentes que estabeleceram um conjunto de regras rígidas para proteger as filhas de influências negativas (embora o presidente tenha dito que, ultimamente, Malia tem se afastado das restrições). As meninas não estão autorizadas a assistir televisão durante a semana, a menos que seja algo relacionado à escola. Nenhuma teve direito a um celular antes dos 12 anos, e a mãe alertou-as sobre o risco de ter um momento de malcriação flagrado por smartphone e se tornar viral. Seus pais dizem que Sasha ainda é muito jovem para as mídias sociais e que o tempo de Malia no Facebook é limitado.
— Eu ainda não sou um grande entusiasta do Facebook para os jovens, especialmente no caso delas, que estão sempre na mira do público — disse Michelle Obama, no mês passado, à rede ABC.
Ainda assim, foram Malia e Sasha que introduziram outras mídias sociais aos pais.
— Você sabe, Instagram e Vine, essas são as coisas que eu ouvi pela primeira vez a partir delas — disse Obama à “People”.
Às vezes, os Obama mencionam as filhas quando querem falar de política. Em uma aparição no programa de rádio do reverendo Al Sharpton para promover a nova lei de saúde, Michelle contou sobre a luta de Sasha contra a meningite quando ela tinha 4 meses, e como foram afortunados por terem acesso a um plano de saúde.
Politicamente, no entanto, o presidente pode precisar de mais do que a saudade da família pode proporcionar, de acordo com Elizabeth Mehren, professora de jornalismo na Universidade de Boston, que escreveu sobre diversas famílias de presidentes.
— A imagem do presidente precisa de mais ajuda do que a ideia de que um “pai sabe mais” pode dar a ele — disse Mehren. — O público tem outras coisas em sua mente agora, e entre elas não está o gráfico de crescimento das meninas de Obama.
Mesmo que suas filhas cresçam de forma mais independente, os Obama estão tentando reforçar ritmos familiares. O presidente ainda passa o maior número de suas noites no Salão Oval para jantar com as meninas às 18h30m, um hábito que a família tem mantido desde que se mudou para a Casa Branca, em 2009.
— Elas têm muitas opiniões — disse Michelle à “People”. — E é uma alegria poder ouvi-las pensar em voz alta sobre a vida. Elas estão crescendo e se tornando indivíduos muito interessantes.
Em torno da mesa de jantar, depois que o casal Obama se reveza em suas preces, a maioria das conversas da família se volta para a rotina das meninas na Sidwell Friends, a escola preparatória de Washington na qual ambas estudam.
A experiência de assistir aos seus filhos crescerem ajudou a tornar Obama uma figura mais próxima de muitos americanos, independentemente de suas políticas ou posições sociais.
— Isso humaniza o presidente — disse o historiador presidencial Robert Dallek. — Ele é um pai, um pai carinhoso e amoroso. E isso é algo realmente muito típico. Ele tem um toque muito humano. De repente, você olha e percebe que seus filhos são adolescentes e que aqueles anos passaram. É um tipo de lamento muito familiar.