DANIELLE BRANT - Folha de São Paulo
Com a alta de 15,46% em 2013 do dólar à vista –referência para as negociações no mercado financeiro–, os fundos cambiais foram a aplicação mais rentável do ano dentre as acompanhadas pela Folha.
O ranking elaborado para a reportagem considera o rendimento das aplicações com desconto de Imposto de Renda em simulações de resgate em 12 meses, além do desempenho antes do IR.
Os fundos cambiais são uma alternativa ao pequeno investidor que deseja aplicar em moedas estrangeiras. Esses produtos renderam 16,76% no ano (ou 13,83% com desconto do IR para resgate em 12 meses, de 17,5% na categoria).
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Só em dezembro, o dólar à vista subiu 1,11% e os fundos cambiais, 1,22% já com desconto de IR (1,48% sem retirar o imposto).
Tanto esses fundos quanto a compra direta da moeda americana, porém, só são indicados por consultores financeiros ao pequeno investidor se ele tem despesas programadas –como com um filho que mora no exterior, no primeiro caso, e uma viagem de férias, no segundo.
Como opção de investimento fora desse contexto, afirmam consultores, o dólar é muito instável para o pequeno investidor e, no longo prazo, a renda fixa acaba pagando mais.
O dólar deve continuar volátil em 2014, afirma Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho. "Há uma preocupação com a deterioração das contas fiscais do governo. Além disso, o aumento do deficit em conta corrente e as especulações sobre um rebaixamento da nota de crédito brasileira devem provocar valorização da moeda americana", afirma.
BOLSA
Uma das piores aplicações de 2013 foi a Bolsa.
O Ibovespa, referência do desempenho das ações no mercado, teve queda de 15,50% no ano. Apesar disso, os fundos de ações livres, alternativa para o pequeno investidor que aplica em Bolsa, conseguiram registrar leve alta de 0,92% já com desconto de IR para resgate em 12 meses (1,08% sem retirar o imposto). Só em dezembro, o índice caiu 1,86% e os fundos de ações, 2,02%.
Essa diferença de desempenho acontece porque os gestores de fundos de ações livres não necessariamente precisam compor uma carteira indexada ao principal índice da Bolsa, diz Erik Yuki, sócio da Set Investimentos. "O gestor pode escolher qualquer ação da Bolsa para fazer parte do fundo", diz.
O consultor de investimentos Marcelo d'Agosto lembra que o dado divulgado pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) representa uma média. "Basicamente, o grupo de gestores que apostou em ações específicas e saiu das blue chips (mais negociadas) teve boa performance. Mas muita gente errou também", ressalta.
E as perspectivas para o mercado acionário são pessimistas para o ano que vem, de acordo com analistas, que afirmam que situação interna continua difícil, com inflação em alta e descontrole dos gastos do governo.
No entanto, afirmam, o Ibovespa não deve repetir o desempenho de 2013, considerado péssimo pelo mercado.
"A economia da China já desacelerou o que tinha que desacelerar e deve voltar a crescer mais. Nosso mercado deve acompanhar a retomada", diz Hamilton Alves, estrategista do BB.
"Houve boas notícias, como os leilões de rodovias, poços de petróleo, mas os números do governo não são bons", diz Marcio Cardoso, sócio-diretor da Easynvest–Título Corretora.
RENDA FIXA
Na renda fixa, os fundos DI, que aplicam os recursos em títulos públicos e privados pós-fixados, renderam em 2013, antes do desconto do IR, 8,11%, mais que a poupança. Após o desconto do imposto no resgate em 12 meses, os produtos têm ganho de 6,69%, pouco mais que a caderneta, que não tem o imposto.
Só em dezembro, os fundos DI tiveram ganho de 0,53% com desconto de IR (0,64% bruto).
A caderneta para depósitos até 3 de maio de 2012 rendeu 6,37% no ano. Em dezembro, o rendimento foi de 0,549%.
Já a poupança para depósitos feitos a partir de 4 de maio de 2012 teve rendimento de 5,81% (aniversário no primeiro dia de dezembro) em 2013. Não há incidência de IR nas aplicações em poupança. Só em dezembro, o ganho foi de 0,549%.
Os fundos renda fixa, que investem em títulos públicos e privados prefixados, tiveram desempenho maior que o da poupança antes do desconto do IR, com ganho de 6,8% em 2014 e 0,72% em dezembro. A rentabilidade após IR ficou em 5,61% no ano e 0,59% no mês.
Vale destacar que os dados sobre os fundos não refletem precisamente o ganho do pequeno investidor, pois são uma média de desempenho divulgada pela Anbima.
Essa média inclui fundos de grande porte, que exigem aplicação mínima elevada e costumam render mais que os de varejo.
OURO
O ouro fechou o ano com desvalorização de 17,35% e ficou na lanterna entre os investimentos. Em dezembro, a queda foi de 2,16%.
O preço do metal é formado a partir de uma composição do preço do dólar no exterior e no Brasil. Quem deseja investir no metal pode comprar gramas de ouro em contratos vendidos na BM&FBovespa ou optar por fundos que aplicam em ouro. É preciso, no entanto, ficar atento à taxa de administração desses fundos e ao valor da aplicação inicial, que pode inviabilizar a entrada do pequeno investidor.
Segundo Edson Magalhães, diretor da corretora Reserva Metais, acredita que, em 2014, a commodity deve se recuperar. "O dólar deve se valorizar no próximo ano, o que deve impulsionar o preço do ouro", afirma.