quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Depois de 12 altas consecutivas, BC mantém taxa de juros em 13,75%

Decisão foi aprovada por sete dos nove membros do Copom em reunião na quarta-feira 21

A interrupção dos ciclo de altas poderá ser revista se cenário econômico exigir
A interrupção dos ciclo de altas poderá ser revista se cenário econômico exigir | Foto: Marcos Santos/USP Imagens

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu manter a taxa básica de juros da economia em 13,75% depois de reunião realizada na quarta-feira, 21. A decisão quebra uma sequência de 12 altas consecutivas na Selic, desde março do ano passado, período durante o qual a taxa subiu 11,75 pontos porcentuais. Com o objetivo de conter a inflação, era o maior ciclo de elevação da taxa de juros desde 1999.

De acordo com o Copom, sete dos nove membros optaram por manter a atual taxa de juros. Outros dois participantes do comitê defenderam uma “elevação residual” de 0,25 ponto porcentual, o que faria a Selic atingir 14%.

Em nota, o comitê afirmou que “optou novamente por dar ênfase ao horizonte de seis trimestres à frente, que reflete o horizonte relevante, suaviza os efeitos diretos decorrentes das mudanças tributárias, mas incorpora os seus impactos secundários”.

O Copom também mencionou a queda na inflação em julho e agosto: “O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou uma deflação em dois meses consecutivos após a última reunião do grupo”. Nos últimos dois meses, houve deflação, com taxas de -0,68, em julho, e -0,36, em agosto. Na segunda-feira 19, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que como o Brasil começou a ajustar a taxa de juros muito antes que outras economias, poderia começar a reduzir os juros.

Além do aumento da taxa de juros, houve desoneração de produtos e serviços essenciais, a partir de junho, com a redução de impostos sobre os combustíveis, energia, transporte coletivo e telecomunicações, além das reduções no preço dos combustíveis – gasolina, diesel e gás de cozinha – anunciadas pela Petrobras.

O Copom ressaltou, ainda, que as expectativas de inflação para 2022, 2023 e 2024 encontram-se em torno de 6,0%, 5,0% e 3,5%, respectivamente.

Na nota, o comitê afirmou que apesar da decisão de agora, de manter a taxa em 13,75%, uma nova alta poderia vir a ocorrer caso “o processo de desinflação não transcorra como esperado.” “O Comitê se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação.” E complementa: “O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso.”

A nota diz, ainda, que o órgão “irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”’.

O documento também menciona o crescimento da economia. “A divulgação do PIB apontou ritmo de crescimento acima do esperado no segundo trimestre, e o conjunto dos indicadores divulgado desde a última reunião do Copom seguiu sinalizando crescimento.”.

No último Boletim Focus, que reúne os cálculos de analistas e instituições financeiras, divulgado na segunda-feira 19, as estimativas para o IPCA deste ano caíram de 6,4% para 6%. Para o ano que vem, os analistas projetam uma inflação de 5,01%, ante 5,17% da semana anterior.

A meta perseguida pelo BC é de 3,50% para este ano, 3,25% para 2023 e 3% para 2024, todas com margem de 1,5 ponto para cima e para baixo.

Revista Oeste