Zhang Zhan viajou a Wuhan e publicou informações sobre a evolução da doença na cidade onde o coronavírus surgiu
O Partido Comunista da China (PCC) condenou nesta segunda-feira, 28, uma jornalista pela cobertura que ela fez sobre o surto do vírus chinês em Wuhan, onde o coronavírus foi descoberto. Zhang Zhan, de 37 anos, vai passar os próximos quatro aniversários na cadeia.
Isso porque, no início deste ano, a profissional divulgou nas redes sociais a situação caótica dos hospitais da cidade, publicou dados acerca da evolução da doença e criticou a forma como a ditadura chinesa estava lidando com o patógeno.
Em razão disso, Zhang foi detida em maio e enviada a um centro de detenção em Xangai sob denúncia de “provocar distúrbios” — essa é uma terminologia frequentemente utilizada contra os opositores do regime do secretário-geral do PCC, Xi Jinping.
Além disso, a Justiça do país acusou a jornalista de ter publicado fake news na internet.
Conforme o advogado de Zhan, Ren Quanniu, ela parecia “abatida” durante o proferimento da sentença.
Jornalistas e diplomatas estrangeiros que compareceram ao tribunal de Xangai, em que a Zhan foi julgada, não puderam entrar na sala de audiências.
Em entrevista à agência de notícias Associated Press, a defesa manifestou preocupação com o estado de saúde da cliente.
Em junho, ela iniciou uma greve de fome por causa da prisão provisória.
Zhan não é a única profissional de comunicação na mira do PCC, outros três jornalistas — Chen Qiushi, Fang Bin e Li Zehua — detidos devido à cobertura do surto de coronavírus aguardam julgamento.
A ditadura chinesa frequentemente condena os opositores durante as festas de fim de ano, quando diminui a atenção do resto do mundo.
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Cristyan Costa, Revista Oeste