sábado, 23 de maio de 2020

Com casos de Covid-19 em queda, Nova York alivia restrições e permite reuniões de grupos de até 10 pessoas

Governador de Nova York, Andrew Cuomo, durante entrevista coletiva diária Foto: SPENCER PLATT / AFP / 21-05-2020
Governador de Nova York, Andrew Cuomo, durante entrevista coletiva diária Foto: SPENCER PLATT / AFP / 21-05-2020


WASHINGTON — O governador de Nova York, Andrew Cuomo, emitiu na noite de sexta-feira uma ordem executiva que alivia as restrições para conter a Covid-19. Agora, grupos de até 10 pessoas poderão se reunir por “qualquer motivo ou razão legal” no estado, o mais afetado pela pandemia no território americano, desde que respeitem as diretrizes de distanciamento social.
Segundo o levantamento realizado pela Universidade Johns Hopkins, os Estados Unidos já registraram mais de 1,6 milhões de casos do novo coronavírus, com 96 mil mortes. Mais de 364,7 mil casos e 28 mil óbitos ocorreram no estado de Nova York que, após semanas em lockdown, conseguiu controlar a doença, dando início à retomada gradual e controlada das atividades.
Nas últimas 24 horas, foram registrados 84 mortes no estado, o menor número desde 24 de março. Segundo Cuomo, os óbitos são “sem dúvidas uma tragédia”, mas que a tendência de queda é um sinal positivo. Para o governador, reduzir as mortes para menos de 100 parecia “impossível” durante o pico da doença, em abril, quando Nova York chegava a registrar 800 mortes por Covid-19 ao dia.
Algoz do presidente Donald Trump e de seus planos para uma retomada rápida da economia, o governador traçou um plano para a reabertura gradual do estado, a depender dos dados epidemiológicos de cada área. Até o momento, sete das 10 regiões já alcançaram o nível de controle necessário para avançar à “fase 1”, em que alguns negócios não-essenciais podem reabrir. A cidade de Nova York, ainda não conseguiu cumprir todos os critérios e continua praticamente “pausada”.
Tal qual Cuomo, o governador de Nova Jersey, Philip Murphy, também anunciou neste sábado que permitirá a reunião de grupos de até 25 pessoas, limite reduzido para 10 pessoas em ambientes externos. Vizinho à Nova York, o estado é o segundo mais afetado pela Covid-19 nos EUA: são 153 mil casos, com 11 mil mortes. Ambos democratas, os políticos fazem parte de um seleto grupo de governadores que vem reabrindo seus estados de maneira gradual e cautelosa, uma exceção no país.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), estabeleceu uma série de diretrizes não vinculantes para que os 50 estados americanos pudessem retomar suas atividades de maneira segura — um dos critérios, por exemplo, é a queda de casos nos últimos 14 dias. A maior parte dos estados, no entanto, não respeita por completo as orientações e alguns, como Texas e Minnesota, relaxaram o distanciamento mesmo conforme os casos subiam. Na Georgia, onde os casos passam de 40 mil e o número de novos diagnósticos se mantém estável, estúdios de tatuagem e salões de beleza estão reabertos desde abril.
Isto reflete a imensa pressão política feita por Trump para o reaquecimento rápido da economia, mesmo frente aos alertas de especialistas de que uma reabertura precoce poderá desencadear uma nova aceleração da doença no país.
— Você tem 50 governadores diferentes fazendo 50 coisas diferentes — disse ao New York Times Andrew Noymer, professor de saúde pública da Universidade da Califórnia, Irvine. — Haverá estados que abrirão muito cedo ou estados conservadores. É difícil traçar a linha.
Apesar de tendências preocupantes no Arizona e no Arkansas, além de um número persistentemente alto de casos em cidades como Chicago e Los Angeles, os EUA parecem estar conseguindo controlar a pandemia. De modo geral, os novos diagnósticos têm se mantido estáveis ou em queda na maior parte do país. Boa parte dos estados que registraram um aumento no número de diagnósticos, segundo o New York Times, o fizeram em parte porque aumentaram sua capacidade de testagem.
O Globo e New York Times