quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Com dívidas de R$ 3 bi, Renova Energia pede recuperação judicial

A Renova Energia, controlada pela estatal mineira Cemig, entrou hoje com pedido de recuperação judicial no Tribunal de Justiça de São Paulo. A empresa vinha há algum tempo tentando resolver suas pendências com a venda de parques eólicos, mas não conseguiu chegar a consenso e foi obrigada a recorrer à proteção judicial.
Eólica
Parque eólico em Caetité, na Bahia, vendido pela Renova  Foto: HÉLVIO ROMERO/AE
O pedido inclui dezenas de empresas do grupo. Mas ficaram de fora dois projetos considerados operacionais e financeiramente equacionados: Brasil PCH, que tem 13 pequenas centrais com contratos firmados de longo prazo, e garantia de receitas e de rentabilidade; e Enerbrás e sua subsidiária Energética Serra da Prata, com 3 PCHs em operação.
A dívida incluída no pedido de recuperação judicial soma R$ 3,1 bilhões, praticamente todo com bancos e demais credores; e uma parte trabalhista, de R$ 11,7 milhões. Como detalha a petição inicial de recuperação judicial, elaborada por Felsberg Advogados, do total da dívida R$ 834 milhões correspondem a débitos intercompanhias  e R$ 980 milhões a débitos com seus atuais acionistas.
O endividamento extraconcursal do Grupo Renova soma aproximadamente R$ 614 milhões, dos quais R$ 434 milhões com seus atuais acionistas e R$ 35 milhões no âmbito fiscal.
Fundada em 2001, a Renova tem como sócios a estatal mineira Cemig; a Light, do Rio de Janeiro; e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A crise da empresa começou com a frustrada parceria com a americana SunEdison, que entrou em recuperação judicial em 2016. Com dificuldades financeiras nos Estados Unidos, os papéis da SunEdison caíram e a Renova teve de amargar perdas milionárias. Ao mesmo tempo, a empresa brasileira tinha projetos que já haviam entrado em leilão e precisava ser construída. No entanto, faltou dinheiro para cumprir todos os compromissos.

Desde então, a Renova vem se desfazendo de seus parques eólicos para fazer frente aos compromissos. Alguns foram vendidos para a AES Tietê, que ficou com o parque Alto Sertão II. A americana até negociou a compra de Alto Sertão III, mas desistiu da aquisição. A Brookfield também tentou comprar o ativo e não levou as conversas adiante. 

Renée Pereira, Luana Pavini, O Estado de S.Paulo