sexta-feira, 23 de agosto de 2019

PF rastreia contas de R$ 15 mi no BTG que Palocci atribui a Lula

Palocci e Lula. FOTO DIGITAL: CELSO JUNIOR/AE
Ao pedir buscas e apreensões na 64ª fase da Operação Lava Jato, a Polícia Federal afirmou que, entre os objetivos das diligências, estão a ‘eventual manutenção de recursos espúrios dentro da estrutura’ do BTG Pactual para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu instituto, sua empresa de palestras, e familiares, decorrente de ‘relacionamento mantido entre a autoridade pública, o Partido dos Trabalhadores e o Governo Federal e a instituição financeira’.
O pedido tem como base declarações do ex-ministro delator Antonio Palocci, que embasam as investigações. O ex-ministro citou uma suposta conta na instituição financeira de R$ 15 milhões a Lula. Ainda disse que o petista teria confirmado sua existência e dito que ela serviria só para seus interesses pessoais, e não deveriam abastecer campanhas do partido.
Ele diz ter se reunido para falar sobre o assunto em 2011, com o o dono do banco, André Esteves.
De acordo com Palocci, o banqueiro teria dito que se reuniu com o então ministro da Fazenda Guido Mantega e com o ex-presidente. No encontro, eles teriam combinado que Esteves seria ‘o responsável por cuidar das finanças de LULA e do PT’.
Palocci diz que ‘concordou com o modo de atuação de André Esteves, apenas estranhando que o banqueiro faria aquilo no próprio banco’, e que o Esteves ‘confirmou que constituiria duas contas para Lula, uma para que ele fizesse política
outro para seus interesses pessoais e familiares’.
O delator afirma que também ‘autorizou que os 10 milhões restantes, daqueles 15 prometidos por André, fossem depositados nessas contas que ele constituiria’ e que André ‘também desejava gerir os 300 milhões de reais que a Odebrecht havia prometido a Lula’
Palocci afirmou ter tentado ‘desconversar, explicando acreditar que não havia disponibilidade daquele valor, que seria uma espécie de conta para saques’. Segundo ele, Esteves ‘ainda indagou se não gostaria que passassem a sua administração as contas que eventualmente eram mantidas no exterior para o PT e geridas por Palocci.
No entanto, ele afirma ter informado ‘que não geria contas no exterior para o PT’.
Palocci afirmou então que ‘indagou a Lula se não era verídica a informação de que André Esteves havia disponibilizado
dentro de seus fundos no BTG espécie de contas que serviriam aos interesses do PT e de Lula e familiares e que ‘confirmou a informação, mas advertiu Palocci de que aqueles recursos eram do próprio Lula e de seus familiares’.

Ricardo Brandt, Luiz Vassallo e Fausto Macedo, O Estrado de São Paulo