As mensagens encontram respaldo na delação de Antonio Palocci, que testemunhou Lula pressionando Dilma a remover os delegados da operação, em novembro de 2014.
“Lula estava irritado com José Eduardo Cardozo, pois dava a impressão de que não estava ajudando a remover os delegados”, contou o ex-ministro. Segundo ele, Lula “se irritou ainda mais com a manifestação de Leandro Daiello, então diretor-geral da Polícia Federal, que estaria “defendendo os delegados”.
Questionado pela PF, Palocci contou que a petista “deu corda para o aprofundamento das investigações, uma vez que isso sufocaria e implicaria Lula”.
Segundo o delator, o ex-presidente queria “controlar o governo de sua indicada e preparar sua volta à Presidência”. Para isso, precisava manter o acesso sobre o financiamento lícito e ilícito do PT. E Dilma tentou “asfixiar” esse poder de Lula.
Marcelo e seus executivos se deram conta dessa guerra interna. Numa das mensagens, Alexandrino Alencar se diz “muito preocupado”. “Acho que ela quer fazer um voo solo e ele se lançou a 2018 de modo a mantê-la sob controle.”
“Neste cenário entra também a Lava Jato, pois ela acredita que chega nele e não nela, aí está a grande confusão na qual estamos metidos. Alguns que foram presos são da turma dele, só que com fortes ramificações nela, aí mora o perigo.”
Marcelo Odebrecht ponderou: “Acho que existe sim muita falta de parceria/lealdade, além de um grande egoísmo e ‘autismo’ por parte dela e do núcleo ao redor dela, mas não creio que seja proposital. Mas vão acabar pagando caro por isto. Algumas batalhas podem até ser vencidas, mas acho que um general autista, egoísta e desleal não tem como sair vivo de uma guerra sangrenta, intensa e que se prolongue.”
Por Claudio Dantas, O Antagonista