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O neon branco ilumina o melhor canto do imenso átrio do Maksoud Plaza. Frank, dizem as letras ali. Lembram a glória desbotada da época em que Sinatra cantou no hotel esfolado por anos de declínio e ainda marcado pelo décor oitentista, hoje vintage. Mas há um novo fulgor por ali, atrás do bar diante das poltronas de couro vermelho.
Há quatro anos, o barman Spencer Amereno comanda o balcão de onde saem drinques orquestrados com precisão cirúrgica. O dry martíni é matador, suave e intenso na medida. O negroni, que pode ser tanto o tradicional quanto a versão da casa, mais densa e adocicada, dá a sensação de um abraço na alma. E o gim-tônica apara as arestas mais ácidas do drinque e chega à mesa como um espetáculo vaporoso.
Os aventureiros encontrarão ofertas de sobra na carta de drinques, de um daiquiri com um pão de ló de abacaxi equilibrado sobre a taça a coquetéis enfeitados com um tal vidro comestível. Mas, no quesito cristalino, melhor ficar com os clássicos, como a voz de Sinatra.
Nesse ponto, o Frank não decepciona. Seus clientes exigentes, dispostos a pagar pequenas fortunas a cada rodada de drinques entre amigos, parecem apreciar o estilo sem rodeios nem truques desse pequeno templo da coquetelaria. É coisa de devoção, cada taça um pequeno passo em direção ao nirvana etílico. Se a trilha sonora mudou com o tempo, e certas noites podem ter clima mais de boate ruidosa que de alcova de bons bebedores, os drinques anulam qualquer mal-estar. Ali, até o neon na janela diante das copas das árvores perde a estridência.