sexta-feira, 14 de junho de 2019

"Que moral você tem, Gilmar Mendes?", questiona Marcelo Rates Quaranta

A julgar pelas suas últimas e desastrosas declarações à revista Época, a respeito do vazamento publicado pelo escroque Glenn Greenwald, onde o senhor diz que “O chefe da Lava Jato não era ninguém mais, ninguém menos do que Moro. O Dallagnol, está provado, é um bobinho. É um bobinho. Quem operava a Lava Jato era o Moro”, tiramos algumas conclusões.
A primeira delas é que a inveja e o ódio que o senhor tem do Moro, do MPF e especificamente do Dallagnol demonstram no senhor um caráter vil e uma absoluta incapacidade de usar o bom senso. O senhor, como "juiz", comete o despautério de fazer juízo de valores a respeito de dois agentes públicos, mesmo diante de gravações obtidas por meios ilegais, não periciadas, editadas e cujo teor foi propositalmente colocado fora de contexto.
Que juiz toma partido de um acusador sem antes ouvir os acusados? Que juiz subverte qualquer senso de Justiça e permite-se alimentar de provas frágeis e discutíveis apenas porque não gosta dos acusados? O senhor.
A segunda conclusão a que chegamos se refere à sua imensa cara de pau, ao medir os outros pela régua com a qual o senhor é quem deveria ser medido. Um Juiz conversar com um Promotor ou até mesmo com um advogado a respeito de procedimentos processuais e adequação de uma causa aos ditames do devido processo legal não é crime. Isso acontece todos os dias e em todas as instâncias. Será que só o senhor não sabe disso? Não há nada de estranho nisso, que mereça uma atenção e uma observação tão rigorosa de V.Excrescência.
Estranho, insólito, descabido e vergonhoso é um Ministro do Supremo Tribunal Federal manter comunicações com investigados, acusados e réus em ações criminais, como o senhor manteve com Aloysio Nunes, investigado por ter recebido um cartão corporativo do Paulo Preto, apontado como operador do PSDB no esquema de propinas com a Odebrecht.
A sua ligação com Aécio Neves, investigado e agora réu também não deixou de ser vergonhosa. E o que dizer da sua afetuosa ligação para o então Governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, onde o senhor troca afagos com um acusado confesso de participação em diversos crimes de corrupção contra o sistema financeiro, obtenção de vantagens indevidas, lavagem de dinheiro, constituição de organização criminosa e fraudes em licitações e contratos? Ah... Isso é lícito. Só lembrando, o seu amigo Silval foi condenado pelo seu colega Ministro Luis Fux a 20 anos e 3 meses de prisão.
Exemplo de moral e isenção é a sua amizade com o mafioso dos transportes Jacob Barata Filho, de cuja filha o senhor foi padrinho de casamento, e ele mesmo, Jacob, é cliente do escritório de advocacia do do qual sua esposa Guiomar faz parte.
Que moral o senhor acha que tem para abrir essa bocarra, sobretudo depois de ouvir do próprio Ministro Barroso a verdade incontestável de que (sic) "Você é uma pessoa horrível. Uma mistura do mal com atraso e pitadas de psicopatia. (...) A vida para Vossa Excelência é ofender as pessoas. Vossa Excelência, sozinho, envergonha o tribunal. É muito ruim. É muito penoso para todos nós ter que conviver com Vossa Excelência aqui. Não tem ideia, não tem patriotismo, está sempre atrás de algum interesse que não é o da Justiça. É uma coisa horrorosa, uma vergonha, um constrangimento."?
Ministro, isso apenas reforça em nós uma certeza: O senhor no STF é como aquela tartaruga no alto do poste: Ninguém sabe como foi parar lá, ela não tem nada pra fazer lá, o lugar dela não é lá... Mas inexplicavelmente está lá.
Esqueça a sua raiva, livre-se da toxidade que o senhor representa para a Justiça e para o Brasil. Abandone a soberba e a mesquinhez que norteiam a sua conduta e as suas ações. Tome uma dose de humildade e peça ao Moro uma aula particular sobre como é ser Juiz. Garanto que ele vai te ajudar. Como sabemos que o seu caráter não o deixará aprender, resta-nos torcer para que uma hora o Senado deixe de ser omisso e extirpe o mal ou os males que contaminam o STF, dentre eles o senhor.

Jornal da Cidade