sábado, 23 de março de 2019

"Filosofia", por Miranda Sá

“Quem, de três milênios/ Não é capaz de se dar conta/ Vive na ignorância, na sombra, / À mercê dos dias, do tempo. ” (Goethe)
O atual e festejado escritor norueguês Jostein Gaarder ao romancear a Filosofia, inicia o seu livro “O Mundo de Sofia” com a principal personagem, Sofia Amundsen, recebendo pelo correio duas cartas – sem destinatário -, com lacônicas perguntas: 1) “Quem é você? ” 2) “De onde vem o mundo? ”.
Se Gaarder trouxesse uma terceira missiva indagando: – “O que faz você no mundo? ”, abrangeria, sem dúvida, todo o sistema filosófico construído pela civilização através dos tempos.
Alguém já disse (infelizmente esqueci a fonte) que quem primeiro se indagou “O que faço eu neste mundo”, foi o inventor da Filosofia. Todos os demais que o seguiram levantando esta dúvida, apenas bordaram lantejoulas e paetês nesta pergunta.
A palavra “Filosofia”, segundo a História, foi criada por Pitágoras (570 – 495 a.C), compondo duas palavras, philia (φιλία) que significa respeito entre os iguais; e sophia (σοφία), sabedoria ou simplesmente saber.
Dicionarizada em português do Brasil, é um substantivo feminino, “estudo que visa criar a compreensão da realidade”; ou, simplesmente, sabedoria. E a nossa cultura ocidental se limita ao antigo pensamento filosófico grego e romano, e suas linhagens europeias, em dúvida de excelência, mas omitindo a riquíssima contribuição dos pensadores orientais.
Kung-Fu-Tse, o popular Confúcio, foi um pensador que brilhou na “Era das Primaveras e Outonos”, época de ouro da civilização chinesa, como o Século V de Péricles na Grécia Antiga. Este Filósofo nos deixou lições inesquecíveis.
Um excelente pensamento confuciano é atual, no momento em que tanto se fala de ódio, da cultura do ódio, da incitação do ódio, mais um negativismo dos antifas importado dos EUA. Disse ele: “Um homem enraivecido está sempre cheio de veneno. Se não encontrar onde derramar, irá derramar dentro de si mesmo. “
Um filósofo, como dizem seus ex-admiradores, é um astrólogo de primeiro time; outros, não veem o que está escrito nas estrelas…  Para ambas “escolas filosóficas”que se chocam, gostaríamos de perguntar “O que é o espaço? O que é o tempo? ”, “O que é a realidade em si mesma? ”, “O que é o certo e o errado? ”.
Indagamos por ignorância confessa em Filosofia. E, como observador da vida, preocupo-me em saber “O que é a felicidade? E como alcançá-la? ”…  São lições que gostaria de receber, da maneira como aprendi com a escritora Raquel de Queiroz que: “A gente na vida tem que tomar o costume de desejar o impossível, porque o possível é muito mais difícil”.
Parece metafísica de Raquel, um alheamento de intelectual nordestina, mas isto fica patente num cartaz exposto no refeitório de uma fábrica de aviões na Coreia:
“Segundo as leis da Física, comprovadas em experiências realizadas num túnel aerodinâmico, a abelha não poderia voar, porque as suas dimensões, o peso, e a configuração do corpo, não são proporcionais à largura de suas asas. Mas a abelha, que ignora as verdades científicas, alça voo e vai ao trabalho em busca de matéria prima para fazer mel. ”
É por isso, que a nossa batalha do dia-a-dia deverá levar-nos a duvidar sempre das verdades estabelecidas e perseguir o que estabelecem ser impossível de conquistar.