terça-feira, 19 de março de 2019

Brasil aceitará dinheiro chinês, diz Guedes nos EUA

WASHINGTON - Nos Estados Unidos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, fez uma provocação aos americanos sobre a relação do Brasil com a China. Ao dizer que o País está aberto a investimentos, Guedes foi claro a sinalizar que o Brasil continuará a fazer negócio com os chineses. “Nós vemos vocês comerciando com chineses há anos. Por que nós não podemos? Por que não podemos deixar eles investirem em infraestrutura?”, questionou o ministro da Economia.
De forma bem humorada, ele mostrou que o País está aberto a quem quiser investir em infraestrutura. “Temos um presidente que adora Coca-Cola e Disneylândia. É uma grande oportunidade para investir no Brasil. Eu os convido para essa nova parceria”, disse. “Vocês podem ajudar a financiar nossas rodovias, ir atrás de concessões de petróleo e gás.”
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Guedes se comprometeu a reduzir o ‘custo Brasil’ e a reduzir a carga tributária. 
Foto: AP Photo/Susan Walsh
Os Estados Unidos contam com o Brasil para diminuir a influência da China na América Latina. Guedes foi direto, em discurso a empresários na Câmara de Comércio americana, ao dizer que o País precisa de investimentos em infraestrutura para reduzir o “custo Brasil” e abrir a economia.
O ministro destacou a fusão entre Boeing e Embraer como um exemplo de algo “maravilhoso” na relação entre os dois países. Guedes também defendeu o governo Bolsonaro, disse que o País é uma democracia muito estável e disse que o presidente tem “colhões” para controlar o gasto público. “Ninguém tinha colhões para fazer o controle do gasto público. Agora temos alguém que tem colhões.”
Guedes prometeu descentralização e privatizações, além de redução e simplificação de tributos. Ao falar da composição do governo, disse que a aliança entre conservadores e liberais é a “música” atual do Brasil.

Primeira liga

Ao listar todas as mudanças em cursos no País , o ministro da Economia fez um apelo para que os Estados Unidos ajudem o Brasil na candidatura do País à OCDE. A entrada na organização, considerada um clube dos países ricos, é vista por Guedes como um selo de confiança internacional. “Por favor, nos ajudem a entrar na OCDE”, disse. “Os EUA são o único obstáculo para que entremos e é compreensível, porque estávamos na esquerda a maior parte do tempo, mas agora estamos na direita.”

Previdência

Em relação à reforma da Previdência, Guedes insistiu que “nenhum brasileiro será deixado para trás” mas disse que a seguridade social não será uma “fábrica de privilégios”.
Mais cedo, Guedes havia dito a jornalistas que o governo vai correr para ver se a proposta de reforma da previdência dos militares entra no Congresso amanhã. “Todo mundo entrou na reforma da previdência e militares têm que entrar também.”
O ministro da Economia ressaltou que, se economia com a reforma for menor de R$ 1 trilhão, o “compromisso com futuras gerações será relativo”. Sobre os militares, o ministro disse que o texto vai ser avaliado pelo presidente Jair Bolsonaro, que em seguida vai mandar as medidas para o Congresso.
Guedes afirmou que o novo regime de Previdência vai aumentar o salário médio do trabalhador no Brasil. “A nova Previdência vai dar uma choque de empregabilidade", afirmou o ministro. “A nova Previdência vai democratizar a poupança e reduzir encargos.”

O ministro de Bolsonaro disse ainda que na proposta de reforma da Previdência, o governo vai criar um novo regime de capitalização. “Há um custo de transição”, frisou.

Beatriz Bulla e Ricardo Leopoldo, O Estado de S.Paulo