domingo, 17 de março de 2019

3 clássicos pop que acabam de entrar na Netflix

Mad Max

São pouquíssimos os filmes de que se pode dizer que inventaram um gênero. Mas Mad Max, que o australiano George Miller lançou em 1979, é um deles: é o marco zero da aventura pós-apocalíptica, e ainda hoje concentra tanta força e potência que vê-lo é obrigatório – não como lição de casa, mas como um favor que o espectador faz a si mesmo. Miller achou um ator explosivo (o jovem e desconhecido Mel Gibson) e driblou seu orçamento minúsculo descartando qualquer cenário futurista: simplesmente aproveitou o vasto e inóspito deserto australiano como locação de um mundo dominado por gangues violentas que guerreiam pelo mais precioso de todos os bens – combustível (a década de 70 se passou toda numa luta furiosa com a crise do petróleo). Max, ex-policial cuja família foi assassinada por esses criminosos, está tão louco que já não dá a mínima para a própria vida; só quer saber de acabar com eles. É violentíssimo, sim. Mas é também existencial, de um pessimismo sobre os caminhos da civilização que ecoa ainda mais forte hoje do que então.
Mad Max Mad Max
Mad Max (Warner/Divulgação)

O Fugitivo

De uma série de TV dos anos 60, o diretor Andrew Davis tirou, trinta anos depois, um fenômeno pop instantâneo: uma história de caçada em que a ação (muito bem executada) é só a moldura. O centro verdadeiro e irresistível dela é o jogo de gato e rato protagonizado por dois inimigos que têm algo muito importante em comum – o intelecto, a inteligência, o instinto e a imaginação – e, por isso, não conseguem deixar de se admirar um ao outro. Alguém assassinou a esposa do Dr. Richard Kimble (Harrison Ford), e armou tudo para parecer que ele é o assassino. Kimble fugiu: para se salvar, precisa descobrir quem é o verdadeiro autor do crime. O U.S. Marshal Samuel Gerard (Tommy Lee Jones) não quer saber das alegações de inocência; seu trabalho é aprender o cirurgião fugitivo, e não há nada que ele leve mais a sério no mundo do que o trabalho. Perfeito no ritmo, enxuto e bem escrito, o filme ainda assim deve quase tudo à dupla central de atores, ambos no seu melhor. Tommy Lee Jones, em particular, está maravailhoso.
O Fugitivo O Fugitivo
O Fugitivo (Warner/Divulgação)

À Espera de um Milagre

Tom Hanks vinha numa toada impressionante, com Forrest GumpApollo 13 e O Resgate do Soldado Ryan. E, poucos anos antes, o diretor Frank Darabont cravara um sucesso indiscutível, adorado até hoje, com Um Sonho de Liberdade. Da reunião dos dois, em 1999, saiu mais uma história adaptada de Stephen King e passada numa prisão da era da Depressão, nos anos 30: o curioso caso de um prisioneiro do Corredor da Morte, um negro de porte impressionante (Michael Clarke Duncan), acusado de violentar e assassinar duas crianças, que revela certos poderes que confundem os guardas e afetam especialmente o carcereiro Paul Edgcomb (Hanks). Ninguém pode acusar Darabont de ser apressado: o filme tem 3 horas e 9 minutos. Mas elas passam como que num transe, graças ao dom do diretor para o clima, a imersão no mundo da prisão, a autenticidade da ambientação sulista, os personagens primorosamente delineados e os atores tão bem escolhidos (o elenco é enorme, e todo ele de primeira) – com destaque para o próprio Hanks e para Duncan, que morreu prematuramente, aos 54 anos, em 2012.
À Espera de um Milagre À Espera de um Milagre
À Espera de um Milagre (Warner/Divulgação)

Isabela Boscov, Veja