segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Governo italiano manda Battisti para prisão na Sardenha. No Brasil, Lula, o maior ladrão da Lava Jato, continua num 'gabinete' da PF

Cesare Battisti chegou no Aeroporto Ciampino, em Roma Foto: MAX ROSSI / REUTERS



Cesare Battisti chegou no Aeroporto Ciampino, em Roma Foto: MAX ROSSI / REUTERS

ROMA - O governo da Itália informou nesta segunda-feira que Cesare Battisti , de 64 anos, será enviado para o Cárcere de Oristano, na ilha da Sardenha, para cumprir a pena de prisão perpétua. Inicialmente, havia sido divulgado que ele iria para a prisão de Rebibbia, em Roma. Battisti chegou à capital italiana nesta segunda..

- Cesare Battisti cumprirá a pena de prisão perpétua no cárcere de Oristano, na ilha da Sardenha, sem passar por Rebibbia em Roma, que teria sido uma estadia temporária - explicou o ministro da Justiça, Alfonso Bonafede, durante uma coletiva de imprensa em Roma. - Ele vai para a prisão da Sardenha porque a segurança é garantida da melhor maneira - disse Bonafede, sem dar detalhes de quando e como Battisti será transferido para o local.

Participaram também da entrevista coletiva, o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, o vice-premier e ministro do Interior, Matteo Salvini.
Giuseppe Conte abriu a coletiva elogiando o trabalho de equipe entre os governos e também as forças de inteligência, de polícia e da Interpol em todos os níveis.
- A captura de Battisti é um grande resultado não só abstrato para que a justiça pudesse ser cumprida, mas nós devíamos aos familiares das vítimas - disse o premier.

Conte falou também como foi o processo de entendimento com o Brasil, quando Cesare Battisti foi capturado em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia:
- Durante a conversa com o presidente Bolsonaro, foi avaliada a possibilidade que, antes de vir a Itália, Battisti pudesse transitar por Brasília. Como se sabe, Battisti fugiu do Brasil, país com o qual tínhamos um procedimento de extradição em curso. No final, avaliamos que as dificuldades diante de um processo de expulsão direto, poderiam trazer riscos ligados ao cumprimento da operação. 
O primeiro-ministro ressaltou que outro aspecto importante é que a transferência de Battisti direto da Bolívia abateu as restrições do limite da pena, pois o Brasil não admite a extradição de um prisioneiro ao país onde foi condenado à prisão perpétua. Em outubro de 2017, o então ministro da Justiça da Itália, Andrea Orlando, assinou um acordo com o governo brasileiro comprometendo-se que, caso Battisti fosse extraditado, a Itália aplicaria a pena máxima de 30 anos de prisão.
Cesare Battist foi condenado à prisão perpétua em 1993 sob a acusação de ter cometido quatro assassinatos na Itália na década de 1970. Antes do anúncio de que ele iria para a Sardenha, a imprensa italiana informou que ele ficaria seis meses em regime de isolamento diurno em uma ala destinada a terroristas. Não está claro se isso será aplicado na Sardenha.
Como os crimes foram cometidos antes de 1991, quando houve uma mudança na legislação italiana, ele terá alguns benefícios, como sair da cadeia por curtos períodos se apresentar bom comportamento depois de ter cumprido no mínimo 10 anos de pena. O ex-ativista também poderá beneficiar da liberdade condicional após 26 anos, período reduzido de 45 dias a cada 6 meses de prisão em caso de bom comportamento.
Cesare Battisti foi julgado a revelia, ou seja, sem estar presente nas audiências dos processos. Assim, a defesa também poderá tentar um novo julgamento.

Comemoração italiana

O ministro da Justiça, Alfonso Bonafede, e o vice-premiê e ministro do Interior, Matteo Salvini, comemoraram a extradição de Battisti .
- Ele vai ficar na prisão perpétua -  assegurou o ministro da Justiça sobre a condenação de Battisti pelos quatro assassinatos.
O procurador-geral de Milão, Roberto Alfonso, disse no aeroporto que as investigações continuam para identificar a rede de apoiadores de Battisti.
Cerca de 200 jornalistas aguardavam a chegada de Battisti na pista do Aeroporto  Ciampino nesta manhã fria e chuvosa em Roma. O italiano foi escoltado até o veiculo da polícia penitenciária.








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O ministro do interior Matteo Salvini, que, embora estivesse presente no aeroporto, não encontrou pessoalmente Battisti, declarou à imprensa que estava satisfeito pela captura. Ele agradeceu o presidente Jair Bolsonaro, autoridades bolivianas e todos aqueles que com um trabalho de equipe permitiram a captura de Battisti.
Battisti foi capturado no sábado nas ruas de Santa Cruz de La Sierra , na Bolívia, por agentes bolivianos em parceria com italianos. Segundo um vídeo feito no momento da prisão, ele usava barba, óculos de sol, jeans e camiseta azul. Esse foi um dos disfarces que a Polícia Federal divulgou que poderiam ser usados pelo italiano . Ao ser preso, Battisti não mostrou resistência, não apresentou documentos e respondeu a algumas perguntas em português. A prisão do italiano gerou grande repercussão internacional .
O presidente Jair Bolsonaro elogiou no domingo a operação e conversou por telefone com o primeiro-ministro italiano, que agradeceu a colaboração do governo brasileiro. Em pedido de asilo ao governo boliviano, Battisti atribuiu a fuga do Brasil à eleição de Bolsonaro.

Gina Marques, O Globo