Após a polêmica que se seguiu ao anúncio de seu nome para comandar o Ministério das Relações Exteriores no governo de Jair Bolsonaro, o embaixador Ernesto Fraga Araújo, usou sua conta no Twitter para se manifestar. Ele adotou um tom tranquilizador sobre seus planos e rebateu críticas do ex-ministro Celso Amorim.
“Não se preocupem. O Brasil terá os pés no chão”, escreveu em letras amarelas, numa imagem de fundo verde. “Na nova política externa, vamos negociar bons acordos comerciais, atrair investimentos e tecnologia. Terá os pés no chão, mas a cabeça erguida!”, acrescentou, dizendo que a política externa “não ficará de quatro diante das ditaduras”, nem “a cabeça enfiada na terra para não ver o grande embate mundial entre o globalismo e a liberdade.”
Ele ainda escreveu que fará um “exame minucioso” da política externa do ex-ministro Celso Amorim “em busca de possíveis falcatruas.”
No último fim de semana, Amorim afirmou que a implementação das ideias de Araújo representaria uma volta à Idade Média. “Não entendi se é crítica ou elogio, mas informo que não retornaremos à Idade Média, pois temos muito a fazer por aqui, a começar por um exame minucioso da “política externa ativa e altiva” em busca de possíveis falcatruas”, rebateu o futuro chanceler por meio de sua conta no Twitter.
Celso Amorim foi o chanceler durante todo o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011), período no qual implementou o que chamava de “política externa ativa e altiva”, na qual foram valorizadas as relações com países da região, a África e os emergentes, na política batizada de “Sul-sul”. Pelo que foi informado até o momento, as linhas de política externa de Jair Bolsonaro têm uma orientação diametralmente oposta.
No entorno do presidente eleito, há muitas críticas à politização do Mercosul e à criação de outros foros de contraposição aos Estados Unidos - que, no futuro governo, despontam como principal prioridade. Há críticas também às operações de financiamento realizadas pelo BNDES a países amigos à época. Elas são alvos da devassa prometida por Bolsonaro nas contas da instituição.
Lu Aiko Otta, O Estado de S.Paulo