O Brasil caiu três posições no Ranking Global de Competitividade do Fórum Econômico Mundial, foi para o 72º lugar entre 140 países (ou seja, na parte de baixo da tabela) e, pior, fica longe do que o Fórum chama de ”fronteira da competitividade".
É um conceito que mede, basicamente, a preparação de um país para o futuro, ”em um mundo que está sendo crescentemente transformado pelas novas tecnologias digitais". Mede também a maneira como cada país lida com seu capital social e com suas preocupações com a dívida, entre outros indicadores e outros avanços tecnológicos.
Klaus Schwab, fundador e presidente executivo do Fórum, antevê uma nova divisão global, que seria ”entre países que entendem as transformações inovadoras e aqueles que não o fazem". Acrescenta: ”apenas aquelas economias que reconheçam a importância da 4ª Revolução Industrial serão capazes de expandir as oportunidades para seus povos".
A 4ª Revolução Industrial é o mantra que o Fórum usa para caracterizar a economia que incorpora os avanços tecnológicos, como, a robotização e a inteligência artificial.
A colocação do Brasil no índice de competitividade demonstra claramente que o país não está sendo capaz de incorporar a 4ª Revolução Industrial (tema, de resto, que nem remotamente apareceu na campanha eleitoral).
A posição brasileira é ruim qualquer que seja o recorte que se faça do ranking.
Entre os Brics, por exemplo, é o de pior colocação, com o seu 72º posto. A China é a melhor dos cinco integrantes, mas, mesmo assim, é apenas a 28.a colocada, bem longe dos Estados Unidos, o primeiro do ranking.
Índice 4.0 de competitividade global - TOP 10 e BRICS
POSIÇÃO/PAÍS | NOTAS |
DISTÂNCIA DA FRONTEIRA DE COMPETITIVIDADE
|
---|---|---|
1º ESTADOS UNIDOS | 85,6 | 14,4 |
2º SINGAPURA | 83,5 | 16,5 |
3º ALEMANHA | 82,8 | 17,2 |
4º SUÍÇA | 82,6 | 17,4 |
5º JAPÃO | 82,5 | 17,5 |
6º PAÍSES BAIXOS | 82,4 | 17,6 |
7º HONG KONG | 82,3 | 17,7 |
8º REINO UNIDO | 82 | 18 |
9º SUÉCIA | 81,7 | 18,3 |
10º DINAMARCA | 80,6 | 19,4 |
28° CHINA | 72,6 | 27,4 |
43º RÚSSIA | 65,6 | 34,4 |
58º ÍNDIA | 62 | 38 |
67° ÁFRICA DO SUL | 60,8 | 39,2 |
72º BRASIL | 59,5 | 40,5 |
Fonte: Fórum Econômico Mundial
Depois, vem a Rússia (43º), a Índia (58º) e a África do Sul (67º).
Na América Latina, região em que é a maior economia, o Brasil perde para Chile (33º), México (46º), Uruguai (53º), Colômbia (60º), Peru (63º) e Panamá (64º).
Para complicar ainda mais, os sócios do Brasil no Mercosul, com exceção do Uruguai, ficam em posição ainda pior: a Argentina (81º) e Paraguai (95º). Significa que o bloco em que o Brasil é o país mais importante tem sérios problemas de competitividade, o que naturalmente afeta o interesse dos investidores estrangeiros.
O ranking mapeia o panorama de competitividade de 140 países por meio de 98 indicadores, divididos em 12 pilares. Os Estados Unidos obtêm o melhor resultado (85,6), à frente de Cingapura e Alemanha.
O placar médio para o mundo é 60, ligeiramente acima dos 59,5 obtidos pelo Brasil.
Clóvis Rossi, Folha de São Paulo