segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Em entrevista exclusiva a Augusto Nunes, da Jovem Pan, Bolsonaro diz acreditar que ataque foi planejado: ‘rodou a faca para matar’

Com Jovem Pan


Jovem Pan"Foi político, não há a menor dúvida", afirmou o candidato
Jair Bolsonaro recebeu o jornalista Augusto Nunes no quarto em que está internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo, nesta segunda-feira (24). Esta foi a primeira entrevista presencial cedida pelo candidato após o atentado sofrido no último dia 6 de setembro em Juiz de Fora, Minas Gerais. Durante a conversa, o presidenciável – visivelmente mais magro, porém já sem a sonda nasogástrica – contou detalhes do ataque e deu suas opiniões sobre as investigações. Para ele, tudo foi planejado e o responsável confesso pelo crime, Adélio Bispo de Oliveira, não agiu sozinho.
“Entendo que foi algo planejado. Foi político, não há a menor dúvida. Me tirando de combate… você pega os três ou quatro próximos na relação, eles são muito parecidos”, disse, fazendo referência às pesquisas de intenção de voto que mostram Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede) praticamente empatados na segunda colocação. “Ele deu uma facada e rodou. Para matar mesmo. O cara sabia o que estava fazendo. Por milímetros não atingiu veias que eu não teria como resistir”.
Em seguida, o candidato questionou a linha de investigação sustentada pelo delegado da PF que conduz o caso. Após apurar dados bancários e registros telefônicos do réu, ele e os outros investigadores chegaram à conclusão de que não havia outros envolvidos no crime.
“Acredito que ele não agiu sozinho. Ele não é tão inteligente assim, não. A tendência natural de um ato como aquele é ele ser linchado. Então ele foi para cumprir a missão quase na certeza de que não seria. Não seria como? Sabendo que teria gente ao lado dele”, afirmou.
“Pelo que ouvi dizer, não tenho certeza ainda, a Polícia Civil de Juiz de Fora está bem mais avançada que a Polícia Federal. O depoimento do delegado que está conduzindo, realmente é para abafar. Eu lamento o que ouvi ele falando. Dá a entender até que age em parte como uma defesa do criminoso. Isso não pode acontecer. Não quero que inventem um responsável. Longe disso. Tal partido… não. Mas dá para apurar o caso. Tem uma passagem dele na Câmara. Ou melhor, uma passagem falsa dele na Câmara, no dia 6 de setembro. E quando vai à Câmara, você se identifica, é fotografado. Então quem foi que…? Poderia ter um álibi aí. A polícia legislativa trabalha com muita lisura. A imprensa também tem que apurar. Você sabe que parte dela tenta acalmar o negócio. O que está em jogo é o poder. Eu chegando lá, nós quebraríamos o sistema. Não é na ignorância, não, é na lei”.

‘A dor não passava’

Na entrevista, Bolsonaro ainda compartilhou detalhes de como se sentiu no momento do ataque. Como já havia dito anteriormente, contou que, em um primeiro momento, achou que se tratava apenas de um soco forte na boca do estômago acompanhado de uma “dor insuportável”. Só percebeu que o ferimento poderia ser mais grave com o passar do tempo.
“Quando levei a pancada, pensei que era um soco, uma pedrada meio de longe. Eu só vi um vulto, não teria condições de ver a cara dele. Quando caí, falava para o segurança que tinha sido uma porrada no estômago. Por que eu olhei e tinha um cortezinho, mas não sangrava. Igual uma bolada que a gente leva no futebol. A dor não passava. E os seguranças foram excepcionais, né? Meus colegas da Polícia Militar, da Polícia Federal. Tinha mais gente também de outros órgãos. Me levaram rapidamente ao hospital. Na Santa Casa fiquei sabendo que aconteceram vários milagres”, disse.

‘Eu sabia que podia acontecer’

Por fim, o candidato revelou que já havia conversado com sua família sobre a possibilidade de ser agredido. “Sempre existe esse temor. Digo mais, não por mim. Em primeiro lugar pela minha filha de 7 anos de idade. Ela inclusive me inspira na política. E logicamente pela minha família como um todo. Sempre avisei minha esposa que poderia ocorrer esse risco. Existia essa possibilidade. Eu estava abusando. Se você visse as tomadas de aeroporto… Muita coisa poderia acontecer. Eu falava para os seguranças do meu lado que essa possibilidade ia aumentar a partir do momento em que minha popularidade ia crescendo”, concluiu.