sexta-feira, 20 de julho de 2018

Com apoio do centrão, Alckmin aparecerá em 38% do tempo da propaganda eleitoral


Pré-candidato do PSDB ao Planalto, Geraldo Alckmin - Edilson Dantas / Agência O Globo


Com o apoio do blocão, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) deverá ter o maior tempo de TV na campanha deste ano para a Presidência da República. Cerca de 38% da propaganda eleitoral será destinada ao tucano. Embora aumentar a exposição do candidato na televisão seja um dos principais objetivos das alianças entre partidos, não é garantia de sucesso nas urnas. Nas últimas duas vezes em que teve maior tempo no horário eleitoral gratuito, o PSDB chegou ao segundo turno, mas perdeu as eleições presidenciais.

Alckmin esteve em uma situação parecida à atual quando disputou a presidência da República em 2006. Naquele ano, o PSDB conquistou 40,9% da propaganda de TV por meio de um acordo com PFL (atual DEM) e PPS. Saindo de seu segundo mandato como governador de São Paulo, o tucano contava com a exposição para se tornar mais conhecido no resto do país e tentar se contrapor ao PT, que ainda sofria os efeitos do escândalo do mensalão.

Alckmin acabou sendo derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva, que se reelegeu, mesmo com 28,8% do tempo de TV.

Para a campanha deste ano, o esforço de Alckmin passa por aumentar sua intenção de voto. Na última pesquisa Datafolha, divulgada em junho, o tucano aparece em quinto lugar, com 6% a 7% da preferência dos eleitores, atrás de Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede) e, em alguns cenários, de Lula (PT) e Ciro Gomes (PDT). Com mais exposição, o PSDB tenta alavancar a campanha de Alckmin e levá-lo ao segundo turno.

Na outra eleição que o PSDB teve mais tempo de TV, em 2002, os tucanos haviam lançado José Serra para tentar dar continuidade aos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso. Uma composição com o PMDB garantiu a Serra, então ministro da Saúde, 41,3% dos 25 minutos da propaganda eleitoral. Ele foi o segundo mais votado no primeiro turno e acabou perdendo a eleição para Lula, que aparecia em 21,3% do horário eleitoral de rádio e TV.

De 1994 para cá, as eleições de 2002 e 2006 foram as únicas em que não ganhou o candidato que tinha mais tempo de TV.

Em 1994 e 1998, o PSDB aparecia em 27% e 47,2% das propagandas eleitorais, respectivamente, e elegeu Fernando Henrique.

Em 2010, após costurar acordos com PMDB, PR e PRB, os petistas fizeram com que Dilma Rousseff aparecesse em 42,5% do tempo. Dilma tinha o desafio de se apresentar para o público, mas contava com os altos índices de aprovação de Lula ao final do seu segundo mandato. Na eleição seguinte, em 2014, foram 45,6% (em 2014).


Thiago Dantas, O Globo