quinta-feira, 19 de abril de 2018

Preso, Dirceu ficará R$ 11 milhões mais pobre

Com Blog do Josias, UOL


Libertado em maio de 2017 pela Segunda Turma do Supremo, José Dirceu está novamente ao alcance da caneta de Sergio Moro. Ao indeferir nesta quinta-feira os embargos de Dirceu contra a condenação de 30 anos, 9 meses e 10 dias de cadeia, o TRF-4 liberou o juiz da Lava Jato para expedir um novo mandado de prisão. Mas a punição que mais deve doer em Dirceu não é a volta ao cárcere. Moro aperta o condenado também no bolso. Dirceu está prestes a ficar R$ 11 milhões mais pobre.
Na quinta-feira da semana que vem, vão ao martelo quatro imóveis atribuídos a Dirceu: a casa onde funciona o escritório da JD, empresa de consultoria do condenado, no bairro paulistano de Indianópolis, um prédio registrado em São Paulo no nome de uma filha de Dirceu, uma chácara no município paulista de Vinhedo e uma casa assentada na cidade mineira de Passa Quatro, onde morava a mãe do condenado. Tudo está avaliado em mais de R$ 11 milhões.
As propriedades serão leiloadas porque, segundo Moro, foram adquiridas com verbas obtidas por meio dos crimes praticados por Dirceu contra os cofres públicos. O dinheiro retornará ao verdadeiro dono: o Estado brasileiro. Se não aparecerem interessados, o pregão será remarcado. Dirceu tentou evitar o leilão. Mas o TRF-4 rejeitou na quarta, véspera do indeferimento do embargo, o pedido do condenado para suspender o bloqueio de bens ordenado por Moro.
Na vida, existem os homens de bem, os homens que se dão bem e os homens que são flagrados com os bens. Dirceu abandonou a categoria dos homens de bem ao chegar ao Poder. Perdeu a ilusão de que se dera bem ao ser condenado no mensalão e no petrolão. Agora, será privado dos bens amealhados à margem da lei.
Montesquieu ensinou: “É preciso saber o preço do dinheiro. Os pródigos não o sabem e os avaros muito menos.” No Brasil, os corruptos imaginavam que o dinheiro público era grátis. Apropriavam-se dele impunemente. Isso começou a mudar. O preço da corrupção tornou-se alto. Se o Supremo não atrapalhar, o país acabará potencializando a impressão de que o preço da corrupção pode ser alto.