sexta-feira, 20 de abril de 2018

Lobby e emendas com texto quase idêntico tentam alterar a MP do gás

Maria Cristina Frias, Folha de São Paulo
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A Medida Provisória 811/2017 sobre o uso de petróleo e gás, lida no plenário da Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (19) e que deverá ir à votação na próxima semana, recebeu ao menos sete emendas com texto quase idêntico.
Na prática, procuram criar um leilão específico do petróleo e do gás da União só para um tipo de cliente: indústrias químicas e refinarias.
O objetivo é obter um preço de matéria-prima mais vantajoso que o oferecido pela Petrobras, afirma um membro de uma associação de empresas que serão beneficiadas caso o projeto siga adiante.

Câmara dos Deputados, em Brasília
A Medida Provisória 811/2017 sobre o uso do gás natural recebeu 
emendas com texto quase idêntico - Pedro Ladeira/Folhapress
O valor que a União obterá nas vendas para esse clube tenderá a ser menor que o teria em um leilão em que qualquer comprador possa dar lances. O governo decidir entre incentivar a indústria ou arrecadar mais, segundo o representante dessa entidade.
O lobby não escolhe ideologia. As emendas saíram de partidos de diferentes posições no espectro político. A única diferença no texto é que um deputado suprimiu a menção à Lava Jato entre os fatores que geraram a crise no setor. 
O documento original é da Abiquim, associação do segmento, segundo relata o deputado Milton Monte (PR-SP).
“A ideia [de repetir o mesmo texto] é mostrar que tem mais adesão que a proposição de um parlamentar só.”
João Paulo Papa (PSDB-SP) afirma que a Abiquim dá orientação técnica e que o fato de o texto ser o mesmo “é como se fosse assinado por oito parlamentares”.
Questionados sobre a provável redução de receita decorrente dessa medida, os deputados respondem que a indústria perdeu importância e que necessita de incentivo.
“Tudo o que pudermos fazer para estimular a indústria é importante”, afirma Orlando Silva (PCdoB-SP). 
Procurados pela coluna, Evair Vieira de Melo (PV-ES) e Davidson Magalhaes (PCdoB-BA), que também assinaram emendas, não responderam. 

Diferença é a retirada de menção à Lava Jato na de João Papa (PSDB)  
Diferença é a retirada de menção à Lava Jato na de João Papa (PSDB) - Reprodução

Governo estuda isentar imposto de importação para parques
O Ministério do Turismo quer conceder a isenção de impostos sobre a importação de equipamentos para parques temáticos no Brasil.
A carga tributária atual faz com que o custo do maquinário, usado na montagem de montanhas-russas, por exemplo, seja até 2,34 vezes mais alto que o preço em países como os Estados Unidos, segundo a pasta.
“Somos o quinto país do mundo com mais parques. Se incentivado, esse mercado pode impulsionar o turismo”, afirma o ministro Vinicius Lummertz.
Pela regra atual, esses equipamentos são tarifados como bens de consumo. Atualmente, o governo concede uma isenção temporária ao setor. 
A proposta é que os itens passem a ter, definitivamente, incentivos de bens de capital, como material para a cadeia produtiva de indústrias.
“As janelas de seis meses, como a atual, são insuficientes para nos planejarmos”, diz Alain Baldacci, dono do parque aquático Wet’n Wild, que vai investir R$ 6 milhões em equipamentos vindos do Canadá para uma nova atração.
Para ser aprovada, a medida precisa do aval da Fazenda e da aprovação no Mercosul. Lummertz esteve na Argentina nesta semana e recebeu o apoio do governo do país vizinho.

Devagar, mas anda
Houve alta de 2% no número de fusões e aquisições realizadas no primeiro trimestre deste ano no país, na comparação com o mesmo período de 2017, segundo a PwC.
O levantamento monitorou 153 transações feitas de janeiro a março. A tendência para 2018 é que o ritmo de operações se intensifique, segundo Rogerio Gollo, sócio da consultoria.
“Veremos negócios liderados pelos grupos nacionais, que conhecem o mercado local. Os estrangeiros deverão esperar o resultado da eleição para ir às compras.”
O setor de tecnologia da informação liderou as aquisições do trimestre. Os de infraestrutura, varejo, saúde e educação são promissores para este ano, diz Gollo.

Bonito no pedaço
As distribuidoras de medicamentos tiveram alta de 9,8% nas vendas em fevereiro de 2018, na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo a Abradilan (associação do setor).
A comercialização, que inclui também produtos de higiene e beleza, totalizou o valor de R$ 390 milhões no período.
“A demanda por medicamentos, que não altera na crise, e a maior presença de cosméticos nas drogarias explicam esse número”, afirma Cristina Amorim, presidente da entidade.
“Identificamos chances de crescimento de venda nas farmácias. No ano passado criamos até uma linha para esse público”, diz Décio Alcântara, gerente de marketing da Itallian Hairtech.

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Planos A fintech (empresa de tecnologia para finanças) Acesso investirá
R$ 12 milhões em produtos. 
páginas O faturamento das livrarias caiu 5% em 2017, aponta a área de consultoria da Visa. A exceção foi o segmento de compras on-line, que cresceu 10,4%.
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com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi, Ivan Martínez-Vargas e Arthur Cagliari  
Mercado Aberto
Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, 
sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial