sábado, 17 de março de 2018

Presidente dos Correios diz que desconhece furto de munições destinadas à Polícia Federal


Agentes da Divisão de Homicidios fazem perícia no carro da vereadora Marielle Franco - Pablo Jacob / Agência O Globo


O presidente dos Correios, Guilherme Campos Júnior, afirmou ao GLOBO que não é de conhecimento da empresa a informação dada pelo ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, de que houve furto de munições destinadas à Polícia Federal em uma sede da estatal na Paraíba. Jungmann citou o caso após a revelação de que a munição usada para matar a vereadora Marielle Franco (PSOL) era do lote UZZ-18, destinado à PF em 2006. O ministro da Segurança afirmou que houve alguns episódios de roubos de munição com o lote.


— O ministro deve ter alguma informação que nós não temos — falou o presidente dos Correios. — Se o ministro Jungmann tiver alguma informação que a gente não tem, eu espero que nos passe.

Jungmann mantém a declaração e argumenta que ela foi recebida de forma oficial, de acordo com sua assessoria de imprensa. Diz ainda que a Polícia Federal checa se há relação entre os desvios de munição e o crime.

Guilherme Campos afirmou que uma apuração interna sobre o assunto começará a ser feita na segunda-feira. Ao GLOBO, ele ressaltou que os Correios não transportam rotineiramente armas e munição para nenhum órgão. Fez uma ressalva sobre a possibilidade desse tipo de serviço ocorrer se houver uma autorização oficial do Exército. No entanto, frisou que não há registro disso nos últimos anos.

— Os Correios não transportam armas e munição. No passado recente, não houve trasporte para nenhum órgão — garantiu Campos, que fez questão de ressaltar que a sede dos Correios na Paraíba fica exatamente ao lado da superintendência Polícia Federal no estado.

Oficialmente, os Correios divulgaram uma nota que diz que "no passado recente", não há nenhum registro de qualquer incidente e que apura internamente as informações. Fala ainda que a empresa não aceita a postagem de armas ou munição, exceto quando autorizada por legislação específica. 

"Por serem os Correios uma empresa pública, situações envolvendo armas, munições, drogas e outros itens proibidos no tráfego postal são encaminhadas à Polícia Federal, que é o órgão responsável pelas investigações. No caso do Rio de Janeiro, já foi instaurado inquérito pela Polícia Federal, que é o órgão competente para prestar mais esclarecimentos", conclui a nota.

Marielle foi assassinada a tiros na noite de quarta-feira na Rua dos Inválidos, na Lapa, no centro do Rio. Os tiros foram disparados de uma arma 9 mm. O crime aconteceu por volta das 21h30m na Rua João Paulo I, no Estácio, próximo à prefeitura. O motorista que estava com ela, Anderson Pedro Gomes, também foi morto na ação.