terça-feira, 20 de março de 2018

Corrupto condenado a mais de 12 anos de cadeia, Lula reavalia agenda no Sul após 2 dias de protestos

Catia Seabra
SANTA MARIA (RS)
Após dois dias de enfrentamento durante sua passagem pelo Rio Grande do Sul, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu na noite desta terça-feira (19) com dirigentes petistas e coordenadores da caravana que protagoniza pelo país para reavaliar sua agenda e discutir medidas adicionais de segurança.
Sob a orientação de Lula, petistas procuraram o ministro da Segurança, Raul Jungmann, o governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (MDB), a PRF (Polícia Rodoviária Federal) e a Secretaria de Segurança do Estado para relatar os conflitos da manhã desta terça, quando um grupo de manifestantes fechou temporariamente o acesso à cidade de Santa Maria para impedir a presença do ex-presidente.
A polícia enviou reforços à cidade, enquanto a comitiva era escoltada por dezenas de carros da polícia e acompanhada por um helicóptero. Foram enviados 12 carros de polícia, incluindo a PRF.
Lula e sua comitiva foram obrigados a aguardar em um acostamento até a desobstrução da pista. Na chegada à cidade, a caravana foi seguida por manifestantes até a Universidade Federal de Santa Maria. Por medidas de segurança, Lula trocou o ônibus por um carro de passeio.
No campus, opositores de Lula —um deles com um chicote— entraram em confronto com estudantes e integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra). Munidos de pedaços de paus, participantes trocaram socos e pontapés, sendo contidos por presentes.
Foi o momento de maior tensão ao longo de toda a caravana. O ex-ministro Miguel Rossetto, pré-candidato do PT ao governo do Rio Grande do Sul, chamou de fascista e fanatizada a tentativa de obstrução do trânsito de dois ex-presidentes —Dilma Rousseff também participa do périplo.

“A caravana foi pensada para um ambiente sereno”, disse Rossetto.
A região Sul, escolhida para a quarta etapa da caravana, é onde o ex-presidente tem menos apoio.
Segundo pesquisa Datafolha feita no fim de janeiro, 23% dos eleitores da região manifestaram intenção de votar no petista, contra 41% no Norte e 56% no Nordeste, por exemplo. 
Conscientes do grau de hostilidade ao partido na região, petistas chegaram a questionar a oportunidade da passagem pelo Sul, mas Lula insistiu em ir.
O plano inicial é de, durante nove dias, Lula percorrer os três estados da região, totalizando 2,7 mil quilômetros. Além de visitas a universidades, a agenda tem como ponto forte a visita ao mausoléu de Getúlio Vargas, em São Borja, nesta quarta (21).
Nas etapas anteriores, a caravana percorreu estados do Nordeste, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Na segunda (19), Lula já havia sido recebido com protestos em Bagé. Ruralistas e simpatizantes do deputado federal Jair Bolsonaro tinham bloqueado, com caminhões e tratores, o acesso da comitiva à Unipampa (Universidade Federal dos Pampas).