sexta-feira, 1 de julho de 2016

Petrobras demite ex-diretor depois de descobrir irregularidades em contratos

Samantha Lima e Hudson Corrêa - Epoca

Funcionário de carreira havia 39 anos na estatal, Antônio Sérgio Oliveira Santana foi diretor corporativo e de serviços por um ano



Petrobras demitiu, nesta sexta-feira (1º), por justa causa, três funcionários, entre eles o ex-diretor corporativo e de serviços Antônio Sérgio de Oliveira Santana. Investigações internas da estatal concluíram haver irregularidades na contratação de empresas prestadoras de serviços da estatal – Hope e Personal Service, fornecedoras de mão de obra, e Global Saúde, que geriu o benefício farmácia por seis meses, em 2015.
Antônio Sérgio Santana, diretor de serviços corporativos e compartilhados da Petrobras (Foto: Fernando Frazão/ABR)
Fontes ligadas às investigações afirmaram que os contratos, assinados a partir de 2004, resultaram na perda de “centenas de milhões de reais”. Hope e Personal foram alvos de busca e apreensão pela Operação Lava Jato. Em oito anos, Hope e Personal assinaram contratos em valores totais de R$ 6 bilhões.
Conforme comunicado interno distribuído nesta sexta-feira (1º) na empresa, ao qual ÉPOCA teve acesso, a comissão de apuração constatou o envolvimento de 26 pessoas nas fraudes, inclusive gerentes. Dessas, 20 foram alvos de punições, entre elas oito suspensões e nove cancelamentos de adesão ao Plano de Incentivo ao Desligamento Voluntário. O PIDV prometia indenizações entre R$ 200 mil e R$ 700 mil, de acordo com o tempo de serviço.
Ainda de acordo com o comunicado, as pessoas que receberam indenização do PIDV e estiverem envolvidas em irregularidades terão de devolver o que receberam. As investigações serão encaminhadas ao Ministério Público Federal. A Petrobras informou que as investigações da Operação Lava Jato e denúncias feitas à ouvidoria subsidiaram as apurações.
Funcionário de carreira da Petrobras, onde trabalhava havia 39 anos, Antônio Sérgio foi nomeado diretor interino em fevereiro de 2015, quando o então titular do cargo, o ex-presidente da estatal e do PT José Eduardo Dutra, afastou-se por motivos de saúde. Ele foi oficializado no cargo em outubro do ano passado, depois da morte de Dutra.
Santana ocupava a gerência de Responsabilidade Social desde abril, depois de ter perdido o cargo de diretor em abril. Ele assumia a vaga deixada, na época, pelo ex-sindicalista Armando Trípodi, desligado da Petrobras depois de a Operação Lava Jato ter iniciado investigações sobre presentes que ele teria recebido de fornecedor da estatal.
Um dos alvos da apuração interna, o contrato com a Global Saúde foi firmado em março de 2015 e encerrado unilateralmente pela Petrobras em setembro, depois de inúmeras queixas dos funcionários da estatal. O benefício é concedido a todos os funcionários e dependentes, mediante o pagamento de um valor mensal por dependente. O mecanismo permite aos assistidos retirar de farmácias credenciadas medicamentos prescritos.
Depois de encerrado o contrato com a Global, a Petrobras já tentou contratar outras duas empresas, sem sucesso.
Procurado, Santana ainda não respondeu ao pedido de entrevista. Os advogados da Personal dizem desconhecer o relatório das investigações e que a empresa não foi informada sobre seu teor. “A empresa prestou todas as informações à Petrobras e tem certeza absoluta da correção de todos os seus contratos”, disseram os representantes da prestadora de serviços.