A economia brasileira começou a encolher no segundo trimestre de 2014, embora os efeitos cotidianos da recessão, como o desemprego, só tenham ficado mais evidentes neste ano.
Com os números do trimestre passado, divulgados nesta terça-feira, o PIB (Produto Interno Bruto, medida da produção e da renda nacional) acumula queda de 5,8% ao longo de um ano e meio.
A recessão atual já é a mais longa desde o lançamento do Plano Real, em 1994, e até o final do ano se tornará a mais intensa, ultrapassando a retração de 6% na virada de 2008 para 2009.
O país só viu números piores em momentos de choques econômicos. Na virada dos anos 1980 para os 1990, houve encolhimento de 7,7% ao longo de 11 trimestres -num período em que a inflação chegou à casa dos 80% mensais e o Plano Collor confiscou o dinheiro dos depósitos bancários.
Entre as principais economias globais, o fiasco nacional só é superado neste ano por Rússia e Ucrânia, envolvidas em conflitos armados, e pela Venezuela, que vive o colapso do chavismo.
Não há nada de tão espetacular, entretanto, na recessão doméstica em curso: trata-se de um processo construído com persistência ao longo do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff.
Gradualmente, a escalada gastadora e intervencionista do governo alimentou a inflação, a dívida pública e as incertezas de consumidores e empresários, que frearam compras e cortaram investimentos.
Quando a administração petista finalmente decidiu ajustar as contas públicas, após a reeleição, a arrecadação havia despencado, os juros haviam subido e o apoio do Congresso havia desaparecido.
A saída da crise não está à vista. Nos últimos meses, as causas da recessão permaneceram inalteradas ou até se agravaram.
Os preços dos produtos de exportação continuam em queda; as expectativas de inflação em 2016 pioraram, levando o Banco Central a indicar a possibilidade de uma nova alta dos juros.
E o cenário político, para o qual não há métrica disponível, certamente não se tornou menos nebuloso.