Rennan Setti e Ramona Ordoñez - O Globo
Primeira emissão da empresa após escândalo da Lava-Jato encontra grande demanda junto a investidores
A Petrobras emitiu US$ 2,5 bilhões em títulos no mercado internacional nesta segunda-feira. Os “bonds” foram emitidos pela subsidiária Petrobras Global Finance em Nova York e estão precificados em dólares. O prazo é de cem anos e taxa de retorno aos investidores é de 8,45% ao ano. A operação surpreendeu o mercado e foi muito bem recebida pelos investidores, segundo analistas: atraiu interesse de mais de US$ 10 bilhões junto aos aplicadores. Foi a primeira operação da estatal no mercado internacional depois do escândalo de corrupção denunciado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
— Foi uma grande surpresa. O mercado brasileiro estava há bastante tempo fechado para emissões internacionais por conta do problema com a Petrobras. Depois que saiu o balanço da estatal, todo mundo esperava que ele se abrisse para novas emissões, mas ninguém esperava que a volta seria justamente pela Petrobras. Pensávamos que, em vez disso, teríamos uma emissão soberana e ou de alguns bancos — afirmou Marcelo Barbosa Lima, gerente de renda fixa da INTL FCStone baseado em Miami.
O Deutsche Bank e o JP Morgan foram os bancos que coordenaram a transação.
A agência de classificação Moody’s atribuiu rating de Ba2 aos títulos da Petrobras, um dois degraus acima do piso do chamado “grau de investimento” e igual à nota de crédito da própria Petrobras. A perspectiva é estável. Em nota, a Moody’s afirmou que a classificação “reflete uma alta alavancagem financeira, desafios operacionais e governança corporativa frágil”. Em contrapartida, a agência destacou o tamanho das reservas da estatal, sua alta participação de mercado no Brasil e as descobertas do pré-sal.
Com a captação em bônus internacionais nesta segunda-feira, a Petrobras já arrecadou este ano US$ 18,5 bilhões nos mercados nacionais e internacionais. Desse total, US$ 7,5 bilhões em financiamentos e outros US$ 8 bilhões em acordos futuros de cooperação e leasing de equipamentos. Outros US$ 3 bilhões (R$ 9,5 bilhões) foram captados no mercado interno junto aos bancos do Brasil e Caixa Econômica Federal (CEF) e Bradesco.
O financiamento com o banco chinês fez parte do Acordo de Cooperação assinado entre as partes fechado durante a visita da comitiva chinesa ao Brasil no mês passado. Além do financiamento de US$ 5 bilhões, a Petrobras fez acordos de cooperação com outros dois bancos que preveem futuras parcerias em negócios, podendo incluir até a venda e leasing (aluguel) de plataformas. Um dos acordos foi de parcerias de US$ 3 bilhões com o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC, na sigla em inglês) e outro de US$ 2 bilhões com o China EximBank.
Em abril, a Petrobras fechou financiamentos no mercado nacional com Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Bradesco no valor de R$ 9,5 bilhões. A empresa fez ainda acordo com o banco Standard Chartered para vender plataformas no valor de US$ 3 bilhões.