Às vésperas da Copa, presentes e suvenires inspirados na cidade ainda são escassos, mesmo em lugares como o aeroporto de Guarulhos, lojas de museus e a avenida Paulista.
Apesar da pouca oferta de miniaturas, canecas e chaveiros temáticos, a situação melhorou para artistas como o escultor Alexandre Leonato. "Em 2012, fazia cerca de 30 Masps por mês. Hoje as encomendas passam de 300", afirma ele, que, além do Maspinho (o mais vendido), esculpe 19 prédios e monumentos paulistanos em escala reduzida.
A produção, no entanto, é nanica perto dos cerca de 390 mil turistas estrangeiros esperados durante o Mundial só em São Paulo.
Alexandre Leonato, escultor, é o dono do ALN Studio e produz miniaturas da cidade
O Maspinho, por exemplo, não é vendido na loja do museu, mas pode ser encontrado na Sampa in Stampa, quiosque no shopping Center 3, na Paulista. A loja espera um crescimento de 30% nas vendas durante a Copa, mas a maior procura deve ser por itens em verde e amarelo.
Cidades como Buenos Aires e Rio de Janeiro exibem prateleiras repletas de miniobeliscos e pequenos Cristos de braços abertos. A figura do Redentor está, inclusive, no aeroporto de Guarulhos, junto de chinelos com as cores do Brasil e de chaveiros com a imagem da catedral da Sé, um dos poucos representantes paulistanos por lá, a US$ 12 (R$ 27) cada um.
A produção de cartões-postais da cidade também segue em marcha lenta. O fotógrafo Roberto Stajano, 65, faz as imagens por conta própria e negocia diretamente com os jornaleiros. "Tem faltado dinheiro na praça e os comerciantes apenas repõem seus estoques", relata Stajano, que não produziu nada novo para o Mundial.
O principal motivo para a falta de suvenires paulistanos é que a maior parte dos visitantes vem a negócios, e não a lazer, afirmam os comerciantes.
Entretanto, algumas empresas passaram a oferecer as miniaturas como lembrancinhas para seus funcionários.
Em um caso "sui generis", lojistas da capital entregaram cem estatuetas do Borba Gato em uma convenção no interior do Estado, em 2013. O "gigantinho de Santo Amaro" é feito apenas sob encomenda. Segundo o escultor Leonato, criador do mini-Borba, acertar os detalhes de cada protótipo pode levar meses. As miniaturas são projetadas no computador, geradas em uma impressora 3D e pintadas à mão.
O escultor já bolou até um Itaquerão míni, mas o Corinthians não aprovou o projeto a tempo do Mundial. Ele também dialoga com o Metrô para criar miniaturas de trens e estações -a companhia já vende objetos com estampa da malha metroviária em camisetas e chinelos.
Com motivos menos sisudos, a lojinha Fancy Goods, na Liberdade, vende chaveiros e ímãs com símbolos da nossa baixa gastronomia: coxinhas, pastéis e sanduíches de mortadela. "As pessoas acham curioso, mas poucos levam. Saem uns três de cada por mês", conta a dona, Andrea Ywakiri.
Enquanto a produção local não deslancha, a Starbucks fatura com canecas e xícaras chinesas decoradas com a 23 de Maio e outros pontos famosos, a R$ 29 cada uma. As peças são as mais vendidas da seção de presentes, mas a rede não divulga números.
Na contramão do embalo turístico, a loja de decoração Leite-Com cria produtos inspirados em bairros como Pinheiros e Bixiga para os paulistanos. "Só quem vive aqui é capaz de reconhecer a fachada do edifício Pauliceia, nossa estampa que mais vendeu", diz a proprietária Juliana Rosa.