Martha Beck - O Globo
Para Sindifisco Nacional, correção abaixo da inflação prejudica, sobretudo, baixa renda
O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco Nacional) divulgou nota nesta quinta-feira criticando a decisão da presidente Dilma Rousseff de corrigir a tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física em apenas 4,5% em 2015. De acordo com a entidade, o percentual não é suficiente, uma vez que a tabela tem hoje uma defasagem de 61,42%, desde 1996.
“Quando se corrige a tabela do IRPF abaixo da inflação oficial, todos os trabalhadores são prejudicados. O maior afetado, claro, é o de baixa renda. A presidente disse claramente que esses 4,5% vão ‘significar um importante ganho salarial indireto e mais dinheiro no bolso do trabalhador’. Como é que o trabalhador ganha alguma coisa pagando por aquilo que não deveria pagar?”, afirmou o presidente do Sindifisco na nota, Cláudio Damasceno.
Ainda de acordo com a nota, um estudo divulgado pelo Sindicato em fevereiro observa que quem ganha R$ 3 mil mensais atualmente é descontado na fonte em R$ 129,39. Mas se a tabela fosse corrigida pelo menos de acordo com o IPCA, medido pelo IBGE, pagaria somente R$ 17,89. “Representa dizer que o Estado fica, indevidamente, com R$ 111,50 a mais do que deveria ser justo. O tamanho da mordida é equivalente a 623,25%”, afirma o texto.
O Sindifisco vem trabalhando pela aprovação do projeto de lei 6.094/13, que corrige a tabela e será votado na próxima semana na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. O texto propõe que o IRPF seja reajustado entre 2015 e 2024 em 5%, mais a variação do rendimento médio do trabalhador, medido pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pmad). Após 2024, os 5% sairiam desse cálculo. O projeto faz parte da campanha Imposto Justo, lançada pelo Sindifisco Nacional em maio do ano passado.