domingo, 2 de março de 2014

“Carnaval Vermelho” de invasões de fazendas em SP, por gangues do "Barba", não poupa nem terras da Igreja

“Carnaval Vermelho” de invasões de fazendas em São Paulo não poupa nem terras da Igreja

Blog Ricardo Setti - Veja

Rainha é o principal líder dos sem-terra do Pontal do Paranapanema, no oeste de São Paulo, o que não impede que esteja presente em ocupações por toda parte no Brasil, como esta da foto, em Planaltina, no DF (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil)
Rainha é o principal líder dos sem-terra do Pontal do Paranapanema, no oeste de São Paulo, o que não impede que esteja presente em ocupações por toda parte no Brasil, como esta da foto, em Planaltina, no DF (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil)

José Maria Tomazela, para a Agência Estado

Chegava a 21 o número de fazendas invadidas por grupos de sem-terra no ”Carnaval Vermelho” da [chamada] Frente Nacional de Lutas (FNL) no oeste do Estado de São Paulo até a tarde deste domingo, 2. As ocupações ocorreram nas regiões do Pontal do Paranapanema, Alta Paulista e Noroeste do Estado desde a madrugada de sábado.

A mobilização, articulada por José Rainha Júnior, do MST da Base, dissidência do Movimentar dos Sem-Terra (MST), cobra a retomada da reforma agrária na região. Proprietários das fazendas Guarani e Bela Vista, em Presidente Bernardes, no Pontal, conseguiram na Justiça ordens de despejo contra os sem-terra, mas as lideranças ainda não tinham sido notificadas.

De acordo com Rainha Júnior, as ocupações vão continuar para pressionar o governo a fazer novos assentamentos e melhorar a assistência aos já instalados.

No dia 21 de fevereiro, a União e o Estado firmaram convênio para retomar as terras devolutas do Pontal, destinando-as à reforma agrária. Uma verba de R$ 55,8 milhões do governo federal será usada para indenizar as benfeitorias. “Temos uma lista de fazendas cujos proprietário aceitam negociar e vamos apresentar ao Itesp (Instituto de Terras do Estado de São Paulo)”, disse Rainha.

Uma das fazendas invadidas no Pontal do Paranapanema, a fazenda Vista Alegre, em Marabá Paulista, pertence à Igreja Católica e foi fruto de uma doação à Diocese de Presidente Prudente feita por duas irmãs religiosas. A igreja é tradicional aliada e apoiadora dos movimentos de luta pela terra.
Rainha informou que vai pedir uma reunião com o bispo d. Benedito Gonçalves dos Santos para discutir a situação da área. “Queremos que a Igreja faça a doação para o governo assentar famílias.”

Além do MST da Base, integram a frente o Movimento dos Agricultores Sem-Terra (Mast) e sindicatos ligados à Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Rurais (Conafer).