quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Para PT, Paulista só tinha meia dúzia de “fanáticos”, “fascistas” ou “golpistas”, escreve J.R. Guzzo

 

Manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo| Foto: EFE



As manifestações de massa do último domingo em São Paulo dividiram o PT, basicamente, em dois lados. Um lado, quase sem ninguém, que não abre mão do seu direito de pensar. Outro lado, com quase todo o resto, que não consegue mais viver no mundo tal como ele é. Estão intoxicados com a mesma ideia fixa de Lula: tudo neste mundo e nesta vida se resume hoje a uma “narrativa”.

O que de fato acontece, segundo essa obsessão, não aconteceu. Só pode acontecer o que a “narrativa” diz que está acontecendo. É por conta disso que se deram a obrigação de acreditar só no que lhes dizem para acreditar – e de ver diante dos seus próprios olhos só o que a “narrativa” permite. É o caso da manifestação de massa que acaba de acontecer em São Paulo. A maioria do PT nega que tenha acontecido.


Segundo a “narrativa”, só havia na rua meia dúzia de “fanáticos”, ou “fascistas” ou “golpistas”.


O próprio Lula, com toda a sua capacidade de mentir automaticamente em qualquer circunstância, resmungou que sim, infelizmente, “eles” tinham feito uma manifestação “grande”. (Para Lula, as centenas de milhares de pessoas que foram à Avenida Paulista reivindicar o Estado Democrático de Direito não são brasileiros; são “eles”.)

Mas a imensa maioria do PT, da esquerda e das classes intelectuais mergulhou sem pensar num negacionismo exaltado. Decidiram, antes mesmo de a multidão ir para a rua, que a manifestação já tinha fracassado. Depois, com vídeos e fotos mostrando pelo menos dez quarteirões inteiros forrados de gente na avenida, continuaram a dizer que deu tudo errado. Virou uma neura.

Segundo a “narrativa”, só havia na rua meia dúzia de “fanáticos”, ou “fascistas” ou “golpistas”. Bolsonaro estava “isolado”. Alexandre de Moraes foi o grande vencedor – assustou os “bolsonaristas” e mostrou que é ele quem manda neste país. Os melhores momentos ficaram por conta da análise cromática do palanque. Os “golpistas” estavam fatalmente divididos, diz a esquerda. A prova mais evidente, pela doutrina petista das cores, é que o governador Romeu Zema foi de camisa branca – um claro desafio à multidão vestida de verde e amarelo que estava à sua frente. O governador Tarcísio de Freitas foi outro escândalo: sua camisa, de um amarelo mais claro, não estava no tom de cor exigido para a ocasião.

Falaram de tudo. A manifestação fracassou porque o Brasil tem mais de 200 milhões de habitantes – e a maioria deles não estava na Paulista, como se houvesse a possibilidade física de estarem. Nada disso vai adiantar nada – “o Xandão” vai prender Bolsonaro, e aí tudo estará resolvido. O mais cômico de tudo, possivelmente, foram os cálculos de um professor da USP assegurando que houve só “185 mil” pessoas na manifestação. Professor de que? De “políticas públicas”.

No passado, foi um defensor aberto do terrorista italiano Cesare Battisti, condenado por quatro homicídios e hoje cumprindo prisão perpetua na Itália. Seu número, aparentemente, saiu de “algoritmos”; para a esquerda virou informação “científica”. Não ocorreu a nenhum deles fazer a única pergunta possível: “E daí?”. Qual a diferença que pode haver entre os 185 mil do professor e os 750 mil do cálculo feito pela PM de São Paulo – ou qualquer número entre um e outro? O que aconteceu na vida real foi a maior manifestação de rua dos últimos dez anos, e essa manifestação foi contra o governo. A esquerda decidiu que não houve.



J.R. Guzzo, Gazeta do Povo

Flávio Gordon: 'Quando a democracia de ficção perde para a democracia real'

 

Dupla medonha Lula-Moraes.| Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil


Todo mundo sabe que, quando uma novela ou uma série começa a perder audiência, seus produtores são tentados a apelar às mais baixas paixões dos espectadores, aumentando, por exemplo, a quantidade de cenas de sexo e violência. Quando o enredo deixa de convencer e atrair o público, apela-se também a mais mentiras e desdobramentos inverossímeis. Quando os atores já não acreditam no projeto e veem desfazer-se o vínculo com a personagem, suas atuações tornam-se mais grandiloquentes, histriônicas e canastronas. Em suma, quando os responsáveis por realizar uma obra de dramaturgia perdem a mão, acontece precisamente o que não pode acontecer: quebra-se o encanto e o público desperta, passando a prestar mais atenção nos mecanismos de bastidor e nos truques executados para a obra acontecer do que na própria trama.

Eis o que, precisamente, está acontecendo nesta peça de ficção intitulada democracia brasileira. A trama está cada vez mais ridícula e apelativa. Os atores, cada vez mais canastrões. E o roteiro convence cada vez menos gente. O leitor há de lembrar, por exemplo, de quando o desembargador aposentado Sebastião Coelho, atuando como advogado de um dos presos do 8 de janeiro, chamou os ministros do STF de “as pessoas mais odiadas do país”. Em resposta, o ministro relator Alexandre de Moraes, disse que apenas uma “minoria de extremistas” não gostava da corte. Mas uma pesquisa recente do instituto Atlas Intel mostra que Moraes está errado. Na verdade, a maioria dos brasileiros hoje desaprova o tribunal. 47,3% chegam a dizer que o país “vive sob uma ditadura do Judiciário”. Mas, mesmo entre os que não acreditam em ditadura, 16,7% acham que os juízes “cometem abusos e ultrapassam suas atribuições”. Somando-se as duas categorias, temos 64% dos entrevistados que, se não chegam a odiar, certamente reprovam o comportamento dos atuais ministros. Entre os que aprovam, a porcentagem é de apenas 20,9%. E são 15,2% os que não souberam ou não quiseram responder.


Compreende-se que, irritados com o belo espetáculo da vida real na Avenida Paulista, os dramaturgos da democracia inabalada percam mais e mais a mão, mostrando-se cada vez mais irritados, apelativos e canastrões


Mas, se antes eram só os brasileiros os incomodados com uma produção de tão baixa qualidade, que faz tão pouco caso da inteligência do espectador, agora o mundo inteiro parece começar a se dar conta do que acontece por trás das coxias e dos bastidores do nosso teatro (cada vez mais mambembe) de democracia. Há algum tempo, por exemplo, o mandatário brasileiro tem encarnado o personagem do líder mundial pacifista, alguém com o dom pretensamente miraculoso de encerrar todas as guerras no mundo convidando as partes para resolverem suas pendengas tomando uma cervejinha no boteco. Mas, durante uma das cenas que, segundo o seu fã-clube, decerto lhe garantiria o Nobel da Paz, deu-se a catástrofe. O cenário tombou e o figurino se desfez, deixando o ator em maus lençóis. Pois, no justo instante da fala mais importante, abriu-se lhe a calça pelos fundilhos, caíram-lhe os suspensórios, e borrou-se lhe a maquiagem. Diante do público atônito, o grande pacifista que faria a paz no Oriente Médio deu lugar ao antissemita vulgar, inimigo de Israel e aliado dos terroristas do Hamas. As vaias foram ensurdecedoras.

Por esses dias, quem também abusou da paciência do público nacional e internacional foi a Polícia Federal. Seguindo péssimas instruções de algum dos diretores da peça da democracia, a instituição outrora respeitada e admirada por prender corruptos resolveu deter e interrogar por quatro horas um jornalista estrangeiro, o português Sérgio Tavares, que desembarcara no aeroporto internacional de Guarulhos (SP) para cobrir o Ato pela Redemocratização ocorrido na Avenida Paulista no último dia 25. Diante da péssima repercussão internacional do caso – que não combinava com a trama da “democracia inabalada” com que os produtores têm buscado comover o público –, a Polícia Federal divulgou uma nota por meio de sua assessoria de imprensa, justificando a medida como um procedimento padrão de fiscalização do “visto de trabalho” do profissional de imprensa.

A nota não convenceu ninguém. Em seu perfil no X, por exemplo, o jurista André Marsiglia contestou o argumento da PF: “O jornalista português Sérgio Tavares não parece ter passado por protocolo padrão nenhum. A justificativa de que precisava de um visto de trabalho, como muitos mostraram, é irrazoável e, ainda que não fosse, não explica seu interrogatório de horas sobre publicações que fez sobre o Brasil”.

Com efeito, a justificativa não parava de pé, a começar pelo fato de que, segundo a lei brasileira (ao contrário do que afirmara a PF por meio de sua assessoria de imprensa), “cidadãos da União Europeia que viajem ao Brasil para exercer atividade jornalística estão isentos de visto para estadas de até 90 dias, desde que a atividade não seja remunerada por fonte brasileira”. Eis o que consta no próprio site do Ministério das Relações Exteriores. Uma vez que Tavares é cidadão da União Europeia, não é remunerado por fonte brasileira e certamente ficaria menos que 90 dias no país, não lhe era exigido apresentar visto algum.

Atrapalhando ainda mais a trama, o jornalista português detido ilegalmente publicou um vídeo em suas redes sociais anunciando que acionará a instituição policial brasileira no Tribunal Penal Internacional, e apresentando provas de que a PF mentiu ao justificar o procedimento inusitado. Sérgio Tavares afirma que, durante o seu interrogatório – do qual apresenta documento comprobatório, assinado pelo delegado que, constrangido por interpretar um papel ruim, o interrogou –, em nenhum momento lhe foi perguntado sobre o pretenso visto de trabalho. Em vez disso, perguntaram-lhe sobre opiniões políticas que ele havia manifestado sobre eventos da nossa vida política e sobre autoridades públicas brasileiras, incluindo Flávio Dino e Alexandre de Moraes. Mais uma vez, a situação desandara, e a encenação concebida para comover o público a ponto de o fazer crer estar diante de uma defesa heroica da democracia brasileira revelou o mundo real por trás da ficção: um jornalista estrangeiro detido e intimidado por conta de suas opiniões políticas, procedimento típico das ditaduras mais caricatas e totalitárias.

Para piorar a vida dos dramaturgos autores da ficção da democracia inabalada, o evento de domingo na Paulista tornou gritante o contraste entre essa democracia de papel machê e a democracia real, de carne e osso, com povo na rua. Ao contrário da produção chinfrim – na qual a pose de democratas não resiste aos esgares de ódio político mal disfarçados por um figurino puído e uma maquiagem borrada, agradando apenas o pequeno fã-clube presente nos convescotes palacianos –, a democracia real tem audiência. E, cansada de assistir a uma pantomima grotesca e repetitiva, essa audiência resolveu mostrar como se faz, reunindo-se às centenas de milhares para pedir os itens básicos de um regime democrático, totalmente ausentes na trama antes descrita: liberdade de expressão, separação de poderes, devido processo legal, isonomia, representatividade etc. Compreende-se que, irritados com esse belo espetáculo da vida real, os dramaturgos da democracia inabalada percam mais e mais a mão, mostrando-se cada vez mais irritados, apelativos e canastrões. Do jeito que as coisas andam, aliás, não custa muito para que os ciumentos mandem a polícia adentrar a plateia munida de cassetetes, a fim de punir uma audiência que ousou lhe roubar o palco e lhe ofuscar o brilho...



Flávio Gordon, Gazeta do Povo

Ex-presidiário Lula torra R$ 70 milhões com viagens ao exterior: só hospedagem nos EUA custou R$ 7,5 milhões

 

Lula e Janja acenando do avião presidencial| Foto: Ricardo Stuckert/PR


As viagens internacionais do presidente Lula em 2023 custaram pelo menos R$ 70 milhões. Só a hospedagem em Nova Iorque, para participar da Assembleia Geral da Nações Unidas custou R$ 7,7 milhões. O presidente e comitiva ficaram no luxuoso hotel Lotte New York Palace. O aluguel de veículos, salas e tradutores custou mais R$ 6 milhões, fechando a conta em R$ 13,8 milhões – o equivalente a R$ 23 mil benefícios do Bolsa Família. O ex-presidente Jair Bolsonaro gastou R$ 37,6 milhões com viagens ao exterior em 2019 – primeiro ano do seu governo.

Só o aluguel de veículos para locomoção de Lula e comitiva em Nova Iorque custou R$ 4,2 milhões. O aluguel de salas, mais R$ 1,35 milhão. A contratação de intérpretes, aluguel de equipamentos, água, café, internet, somaram mais R$ 500 mil. As viagens de Lula pelo mundo custaram R$ 27,7 milhões com hospedagem, R$ 29,5 milhões com aluguel de veículos, salas, equipamentos, tradutores, e R$ 11,2 milhões com diárias para assessores e seguranças.

Os dados foram obtidos pelo blog por meio da Lei de Acesso à Informação. Foram fornecidos pelo Ministério das Relações Exteriores. No caso das diárias, o ministério informou apenas o valor total da despesa em todas as viagens. Informou o total dos gastos com hospedagens em cada viagem, sem citar detalhes. Os alugueis de veículos, salas e equipamentos foram detalhados.


As viagens mais caras

A viagem para Xangai e Pequim, em abril, custou R$ 5 milhões, sendo R$ 1,1 milhão com a locação de veículos e R$ 2 milhões com hospedagem. A viagem para Dubai, para a COP28, no início de dezembro, custou R$ 3,8 milhões, sendo R$ 2,1 milhões com hospedagens. A viagem de Lula arrastou uma caravana de 22 deputados, nove senadores e oito assessores à COP28. Mais uma despesa de R$ 1,2 milhão. As cinco passagens mais caras – todas de deputados, na classe executiva – tiveram valor médio de R$ 50 mil.

A viagem para Paris, onde Lula buscava o apoio da França para acordos comerciais com o Mercosul, custou R$ 3,8 milhões, sendo R$ 2,3 milhões com hospedagem e R$ 1,2 milhão com aluguel de veículos. Lula não conseguiu os apoios. A viagem para Lisboa e Madri, em abril, custou R$ 4,8 milhões. Foram gastos R$ 2,3 milhões com veículos e R$ 2 milhões com hospedagem. Na viagem a Nova Délhi, a despesa chegou a R$ 3,2 milhões, sendo R$ 2,2 milhões com hospedagem. (Veja abaixo tabela com as viagens mais caras)

Bolsonaro também gastou mais com hospedagens nas suas viagens ao exterior – R$ 14,5 milhões. As diárias da equipe de apoio custaram R$ 12,6 milhões. O fretamento de veículos para as equipes de apoio e seguranças consumiram mais R$ 10,2 milhões.


Ambulância, coquetéis e ônibus para a imprensa

Na viagem a Washington, em fevereiro, a Presidência da República pagou R$ 51 mil pela locação de ambulância tipo ALS, com enfermeiro e paramédico. Os registros de dados sobre despesas extras não são muito claros. Na visita à China, está registrado o pagamento de R$ 103 mil para “visita do Senhor PR. Serviço de catering para coquetel na Residência”. Em Madri, foi feito o seguinte registro, no valor de R$ 37 mil; “Visita do Senhor PR. Recepção na Residência (150 convidados, 25/4 à noite)”.

Na França, consta o pagamento de R$ 12,7 mil para “Viagem do PR a Paris. Salão de honra para autoridades do aeroporto de Orly”. Em Bruxelas, ficou registrado, no valor de R$ 13,3 mil: “Visita do Sr. PR a Bruxelas. Coquetel e reunião de trabalho na Residência”. Em Berlim, em dezembro, mais uma despesa de R$ 43 mil com “Reunião de consultas. Participação do sr. PR.  Jantar na Embaixada”. Aconteceram mais duas reuniões de consultas com participação do presidente. Nos dois casos, há o registro: “Ônibus para a imprensa”.


Comitiva com nove ministros

A comitiva oficial a Nova Iorque contou com nove ministros. O decreto presidencial abre a lista com Rosângela Lula da Silva, seguida pelos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda), Luiz Marinho (Trabalho), Nísia Trindade (Saúde), Marina Silva (Meio Ambiente), Aparecida Gonçalves (Mulheres), Sônia Santos (Povos Indígenas), Márcio Costa (Secretaria-Geral da Presidência), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social), Celso Amorim (assessor especial do presidente), além do líder do governo do Senado, Jaques Wagner (PT-BA).

Questionado pelo blog se a hospedagem na viagem a Nova Iorque havia mesmo custado R$ 7,5 milhões, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que “o valor de US$ 1.569.647,74 refere-se ao total de recursos autorizados para hospedagem no contexto da AGNU. O valor abrange missões de preparação e participação no evento e inclui hospedagem de membros do escalão avançado, da comitiva, que incluiu nove ministros, e de equipe de apoio”.


Presidência justifica gastos

O blog questionou a Presidência da República sobre os gastos de R$ 70 milhões com viagens. A Presidência respondeu que a Assembleia Geral da ONU, realizada em Nova Iorque, "reuniu comitivas de mais de 190 países, o que impactou decisivamente nas opções e, consequentemente, nos valores das hospedagens disponíveis no período. É importante lembrar que as viagens internacionais realizadas pelo presidente Lula ao longo de 2023, além de recolocar o Brasil no cenário internacional após os anos de isolamento da gestão anterior, foram um investimento". 

A Presidência destacou que, na missão realizada em Nova Iorque, o presidente Lula "realizou encontros bilaterais com diversos chefes de Estado, entre eles o presidente americano Joe Biden, que antecedeu o lançamento, pelos dois presidentes, de uma importante iniciativa global em defesa do trabalho digno. Vale citar também os anúncios de recursos ao Fundo Amazônia, em que os valores ultrapassam em 9,6% os custos citados pela reportagem. O Fundo recebeu R$ 726,4 milhões em doações da Suíça, EUA, Alemanha e Reino Unido no ano passado, maior valor desde 2009".

Na viagem à China, acrescentou a Presidência, foram fechados 15 acordos de cooperação, "que podem render investimentos da ordem de R$ 50 bilhões, além de novas tecnologias. Na volta, foram fechadas parcerias que podem render até R$ 12,5 bilhões em recursos dos Emirados Árabes. Com a Arábia Saudita, foram firmados 25 acordos de investimento em agosto, quando o ministro de Investimentos saudita esteve no Brasil, totalizando US$ 3,5 bilhões. E na recente visita do presidente Lula ao país, o lado saudita reiterou intenção de investir US$ 10 bilhões do Fundo de Investimento Público (PIF) no Brasil, em particular em empresas como Vale, Minerva Foods e BRF, e em projetos de energias renováveis".

Na viagem à Alemanha, afirmou a Presidência, foram anunciados dois acordos entre o BNDES e o banco de desenvolvimento alemão KfW, um de € 15 milhões para o Floresta Viva; e outro de € 100 milhões em empréstimo para mobilidade urbana sustentável. O Brasil destacou ainda, durante a COP28, as potencialidades para a produção de biocombustíveis. "Essa iniciativa deverá atrair mais de R$ 200 bilhões em investimentos para o Brasil até 2037. Além disso, ao longo de 2023, o Brasil abriu 78 novos mercados externos para os produtos agropecuários nacionais em 39 países".


As viagens mais caras

cidade/país período hospedagem (em R$ mil) veículos (em R$ mil) viagem (em R$ mil)

BUENOS AIRES janeiro 779 541 1.540

WASHINGTON fevereiro 518 1.078 1.786

CHINA abril 1.965 1.109 4.974

ABU DHABI abril 208 855 1.375

LISBOA abril 1.101 1.819 3.103

ESPANHA abril 860 538 1.681

LONDRES maio 1.472 1.265 2.954

HIROSHIMA maio 741 954 2.110

PARIS junho 2.294 1.170 3.776

ROMA E VATICANO junho 1.135 693 1.994

BRUXELAS julho 714 811 1.709

JOANESBURGO agosto 472 567 1.243

LUANDA agosto 435 310 826

NOVA DÉLHI setembro 2.160 414 3.162

HAVANA setembro 863 131 1.044

NOVA YORK setembro 7.748 4.258 13.840

RIADE novembro 559 217 1.057

BERLIM dezembro 757 1.558 2.737

DUBAI dezembro 2.138 747 3.802

Fonte: Ministério das Relações Exteriores

Conteúdo editado por:Jônatas Dias Lima


Lúcio Vaz, Gazeta do Povo

Antonio de Rueda eleito por unanimidade para presidir o partido União Brasil

Novo presidente reiterou compromissos com a democracia e o debate livre de ideias


Com 100% dos votos Antonio Rueda assume a presidência da União Brasil.


Após a tentativa agressiva de Luciano Bivar (PE) de evitar sua derrota e perder a presidência do União Brasil, a sigla confirmou na tarde desta quinta-feira (29), por unanimidade, que Antonio de Rueda será seu novo presidente. Ele deve assumir oficialmente em maio. 

Desde o ano passado, a presidência de Bivar tem sido marcada por conflitos com algumas das principais lideranças do partido, mas um acordo deu sobrevida no cargo ao deputado federal de Pernambuco. Pela costura, o atual vice-presidente, Antônio Rueda, assume o partido. ACM Neto foi eleito para a vice-presidência.

Logo no início da manhã desta quinta, Bivar soltou um edital de cancelamento da convenção de hoje. A manobra acabou evidenciando ainda mais o isolamento do líder na sigla, já que, apoio mínimo necessário, a convenção foi mantida após votação da comissão executiva nacional.

Bivar tentou se manter no cargo, literalmente, no grito. Ameaçou gravemente não apenas o próprio Rueda, como também a filha dele, de 12 anos, conforme coluna do jornalista Cláudio Humberto divulgou


Debate livre

Rueda divulgou comunicado em que a nova diretoria do União Brasil, “eleita democraticamente nesta quinta-feira (29)”,  agradece o apoio dos filiados e delegados do partido”. Para o novo presidente, o resultado da votação reiterou o compromisso democrático e republicano da legenda, “que está comprometida com o desenvolvimento econômico e social do país dentro de uma ótica liberal, transparente e pautada na ética e na legalidade.”

“As eleições para a executiva nacional do União Brasil seguiram rigorosamente as diretrizes do estatuto do partido”, afirmou. “A chapa eleita teve a totalidade dos votos apurados, o apoio dos filiados e dos mais de 50 deputados, oito senadores e os quatro governadores do partido, demonstrando a unidade e a firmeza de propósitos do União Brasil.”

“O partido vai se manter na busca por soluções concretas para a vida dos brasileiros, defendendo a população, o Estado, a democracia e a liberdade”, proclamou. “Além disso, a nova diretoria vai dedicar esforços incansáveis na promoção do livre debate de ideias no âmbito dos Três Poderes.”

“O Brasil livre, próspero e justo é um objetivo real por meio do esforço de todos”, disse. “A democracia foi fundamental para nossa evolução, permitindo avanços econômicos e sociais. O União Brasil é uma força coletiva formada para promover o diálogo construtivo e trabalhar em prol de um Brasil melhor. Juntos unidos, vamos alcançar a nação que sonhamos para as futuras gerações”, concluiu.

Veja quem foi eleito para a nova direção do União Brasil:

Diário do Poder

Rodrigo Constantino e 'O ímpeto da vingança'

 



"Imagina se o Judiciário tivesse o mesmo ímpeto de reprimir o crime organizado como tem em prender atacadistas que forneceram água e comida pra…pessoas", escreveu o deputado Nikolas Ferreira no X, antigo Twitter.

Leandro Ruschel resumiu: "As últimas manifestações do ministro Moraes deixam claro que ele considera ilegal a existência da direita brasileira, a quem ele trata como 'extrema-direita'. Em outras palavras, pelo menos metade do país foi criminalizada pelo establishment jurídico brasileiro".


O ímpeto de vingança contra a direita pela esquerda radical vitoriosa está escancarado.


Eis o ponto central aqui: a velha imprensa trata o acampamento em si como "golpista", logo, qualquer um que contribuiu de alguma maneira para a manifestação em frente ao quartel é um criminoso. Se o sujeito levou marmita para os cidadãos acampados de forma ordeira, ele participou de alguma forma dos atos de vandalismo dos arruaceiros – uma minoria dentro da multidão. E tais atos são tratados, pelo STF e pela mídia, como um atentado antidemocrático.

A engenheira civil Regina Aparecida Modesto, de 54 anos, que tem histórico de câncer no estômago e diversos problemas de saúde, foi condenada pelo STF a 17 anos de prisão por participação nos atos de 8 de janeiro. Moradora de São Paulo, a apoiadora de Bolsonaro contou ao jornal Gazeta do Povo que entrou no Senado naquele dia para se proteger das bombas de gás lacrimogêneo.

Ela conta que, enquanto estava na rampa do Senado por volta das 15h40, começaram a soltar bombas contra os manifestantes e abriram uma das portas do edifício. “Um homem fardado dizia ‘entra, entra, venha se abrigar das bombas’, e eu fui”, disse a engenheira, que afirma ter recolhido papéis do chão e conversado com policiais no interior do prédio. Está sendo punida por Alexandre de Moraes como se fosse uma assassina!

O ímpeto de vingança contra a direita pela esquerda radical vitoriosa está escancarado. Nikolas tem um ponto: imagina essa determinação toda direcionada para a captura de marginais de verdade, de líderes do crime organizado, de traficantes perigosos, de corruptos. O Brasil seria outro país. Poderia ser até mesmo um país sério, seguro e próspero. Era só o sistema ter o mesmo ímpeto que demonstra em sua vingança contra a direita, só que canalizar essa energia para a Justiça!


Rodrigo Constantino, Gazeta do Povo

Bivar derrotado ao tentar derrubar convenção e União Brasil já vota sua destituição

Antonio Rueda deve assumir a presidência do partido nesta quinta


Bivar tentou impedir a queda...


Lutando para não largar o osso e se manter na presidência do União Brasil, Luciano Bivar (PE) saiu derrotado na tentativa de cancelar a convenção do partido, convocada para esta quinta-feira (29), que deve selar a troca do comando da sigla. A convenção já foi iniciada e vota neste momento a substituição de Bivar pelo vice-presidente, Antonio Rueda. O resultado da votação será divulgado às 16h.

Desde o ano passado, a presidência de Bivar é marcada por disputas internas, mas um acordo deu sobrevida ao deputado federal na cúpula do partido. Pela costura, o atual vice-presidente, Antônio Rueda, assume o partido. ACM Neto deve ficar com a vice-presidência.

Com a aproximação da troca do comando, Bivar começou a roer a corda e não seguir com a sucessão. As reuniões do partido têm sido marcadas por gritos e barracos, até uma criança de 12 anos, filha de Rueda, entrou na lista dos ameaçados por Bivar, conforme coluna do jornalista Cláudio Humberto divulgou.

Logo no início da manhã desta quinta, Bivar soltou um edital de cancelamento (veja abaixo) da convenção de hoje. A manobra acabou evidenciando ainda mais o isolamento do cacique na sigla, que já que sem receber apoio mínimo necessário a convenção foi mantida.

 

Diário do Poder

Insultos do ex-presidiário Lula ameaçam comércio bilionário

 

O agronegócio, que carrega o PIB brasileiro, também pode ser punido pela língua do petista. É do setor sete dos 10 principais itens exportados. (Foto: Reprodução/Canal do Governo).


Lula insulta Israel desdenhando da relação comercial bilateral, que disparou na gestão de Jair Bolsonaro. Em 2019, o Brasil havia exportado meio bilhão de dólares (R$2,5 bilhões) em produtos para os israelenses, mas esse comércio saltaria em 2022 para quase R$10 bilhões (mais de US$1,9 bilhão). A relação foi turbinada pela abertura do mercado do petróleo, em 2021, que já no ano seguinte virou o principal produto de exportação para Israel, garantindo receita de US$1 bilhão por ano.

Cenário mudou

Os números da Apex mostram que a balança comercial, deficitária para o Brasil há 20 anos, viu a diferença cair para US$200 milhões em 2022.

Agro de olho

O agronegócio, que carrega o PIB brasileiro, também pode ser punido pela língua de Lula. É do setor sete dos 10 principais itens exportados.

FAB no chão

Hamilton Mourão (Rep-RS) alertou no podcast do Diário do Poder: “Se Israel não fornecer tecnologia, a nossa Força Aérea não sai do chão”.

Diário do Poder

Ministro de Israel critica o ex-presidiário Lula e exige: ‘Envergonhe-se e peça desculpas’

 

Ministro de Israel critica Lula e exige: 'Envergonha-se e peça desculpas'. (Foto: Reprodução/redes sociais).


O ministro de Relações Exteriores israelense, Israel Katz, criticou mais uma vez o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta quarta-feira (28), a respeito da recente declaração do petista a respeito da atuação de Israel na Faixa de Gaza e a exigir que peça desculpas pela fala. 

Na terça-feira (27), o chefe do Executivo disse que “não utilizou a palavra Holocausto” ao comparar os ataques israelenses na região ao extermínio de judeus promovida por Adolf Hitler (1889-1945) na Segunda Grande Guerra (1939-1945). 

Segundo Katz, Lula foi “evasivo” ao dizer que não citou o Holocausto. “Lula, você disse que a guerra justa de Israel contra Hamas em Gaza é igual ao que Hitler e os nazistas fizeram com os judeus”, afirmou o ministro em publicação escrita em português nas redes sociais. 

Para ele, o presidente ofendeu a memória de 6 milhões de judeu assassinados. “Envergonhe-se e peça desculpas”, disse. Katz compartilhou uma imagem de um sósia de Lula segurando uma placa com a frase “eu não disse Holocausto” escrita em inglês. 


O presidente brasileiro é considerado “persona non grata”, ou seja, uma pessoa que não é bem-vinda em Israel até que peça desculpas pela declaração. 

Lula é o problema da semântica

Lula realmente não usou a palavra Holocausto, de forma literal. No entanto, o presidente está se prendendo a uma questão de semântica. Voltando em uma linha do tempo, no dia 18 de fevereiro, durante a viagem à Etiópia, presidente declarou o seguinte: “O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não exite em nenum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”. 

Ao dizer que Israel se comporta como Hitler quando “resolveu matar os judeus”, Lula faz uma referência à perseguição e ao extermínio de judeus promovidos pela Alemanha nazista. Esse episódio histórico é conhecido como holocausto. Resultou na morte de mais de 6 milhões de pessoas, principalmente civis.

Diário do Poder

Deltan Dallagnol: 'Detenção do jornalista português seria impensável em democracias desenvolvidas'

 

O jornalista Sergio Tavares fala sobre a detenção durante o ato em apoio ao ex-presidente Bolsonaro, na Avenida Paulista.| Foto: Reprodução/YouTube


No último domingo (25), enquanto centenas de milhares de pessoas se dirigiam até à Avenida Paulista para a manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em defesa do Estado Democrático de Direito, contra os sucessivos abusos judiciais e os excessos do Supremo Tribunal Federal, a dezenas de quilômetros dali, no aeroporto internacional de Guarulhos, um outro abuso acontecia - um que viria a escancarar as marcas do autoritarismo judicial brasileiro para o mundo.

O jornalista português Sérgio Tavares desembarcou pela manhã no aeroporto, com destino certo: ele cobriria a manifestação na Paulista para seu canal no YouTube, que tem mais de 243 mil inscritos. O que começou como um dia qualquer de trabalho terminaria como um pesadelo: na imigração, Tavares foi abordado por agentes da Polícia Federal (PF). Os agentes solicitaram seu passaporte e conduziram Tavares para uma delegacia em São Paulo. Tavares estava oficialmente detido, mas não sabia o motivo. Os agentes da PF não lhe deram nenhuma informação.

Tavares foi interrogado por quatro horas. Os agentes da PF questionaram Tavares sobre suas opiniões políticas e sua visão do Brasil. Tavares acreditava em fraude eleitoral? O que ele tinha a dizer sobre as urnas eletrônicas? Tavares fez críticas aos ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino? E por que Tavares postou em suas redes sociais que o Brasil passava por uma “ditadura do Judiciário”? Tavares era anti-vacinas? A linha de questionamento era absurda: o que as opiniões de Tavares sobre política tinham a ver com sua situação migratória? Para sorte de Tavares, ele conseguiu publicar vídeos sobre o que estava acontecendo e em pouco tempo sua história tomou as redes sociais, que viram o episódio com indignação.

A PF liberou Tavares e, diante da revolta nas redes, soltou uma nota absurda e que continha pelo menos duas mentiras. A PF disse que conduziu “procedimento padrão” para averiguar se Tavares veio a trabalho ou a turismo, porque ele não teria visto de trabalho, e que o indagou sobre “comentários que fez sobre a democracia no Brasil, afirmando que o país vive uma ‘ditadura do Judiciário’, além de outras afirmações na mesma linha, postadas em suas redes sociais”. A PF finalizou dizendo que as mesmas medidas são adotadas por padrão na grande maioria dos aeroportos internacionais.


A PF liberou Tavares e, diante da revolta nas redes, soltou uma nota absurda e que continha pelo menos duas mentiras


Esta última parte é claramente uma mentira: desconheço qualquer democracia avançada do mundo que, ao interpelar estrangeiros durante a imigração, faça perguntas sobre suas opiniões políticas, muito menos se a pessoa for jornalista. Há países que fazem isso, mas estes fazem parte do seleto clube das piores e mais sanguinárias ditaduras do mundo: Rússia, Venezuela, Coreia do Norte, Irã. Nestes países, se você der as respostas “erradas” para as autoridades sobre sua opinião a respeito do regime, é possível que você não só perca seu visto, mas também nunca mais seja visto - felizmente, ainda não chegamos ao ponto em que Tavares foi “desparecido” no Brasil.

A outra mentira é de que Tavares foi detido por conta de seu status migratório, a fim de checar se viajava a turismo ou a trabalho. Admitir isso é dizer que a PF não conhece a lei brasileira ou que a conhece, mas que então cometeu crime de abuso de autoridade, já que cidadãos europeus não precisam de visto de trabalho para fazer coberturas jornalísticas no Brasil por até 90 dias, desde que não sejam remunerados por empresas brasileiras. Como a cobertura de Tavares era para seu próprio canal do YouTube, ele estava completamente regular e a PF não tinha justificativas para detê-lo.

Chama atenção na nota, ainda, o fato de que a PF confessa ter questionado o jornalista a respeito de suas opiniões políticas e comentários que fez sobre o Brasil nas redes sociais. Qual o interesse da PF nesse tipo de comentário? A PF não tem poder ou atribuição para fiscalizar o pensamento das pessoas. Ter opiniões críticas sobre a democracia no Brasil não é um crime - ainda. Assim, qual era o objetivo de a PF fazer perguntas nessa linha, a não ser intimidar o jornalista? Se Tavares confirmasse tudo o que disse sobre o Brasil, a PF iria prendê-lo? Por qual crime? Qual linha legal teria sido atravessada por Tavares e qual seria a sua punição? Isso a PF não diz.

A verdade é que o que aconteceu foi uma prisão de fato, sem situação de flagrância nem ordem judicial, em um procedimento muito parecido com a chamada “prisão para averiguação”, comum em regimes autoritários e que foi considerada incompatível com nossa Constituição Federal, como explicou o jurista e advogado André Marsiglia. Tavares foi preso sem que houvesse flagrância de qualquer crime e sem que houvesse mandado de prisão em aberto contra ele. Não havia sequer notícia de outros crimes pretéritos que não poderiam ensejar a prisão, mas uma investigação. Sua prisão ilegal foi feita, aparentemente, com o único objetivo de constrangê-lo e interrogá-lo sobre suas opiniões políticas. O caso tem todas as características do abuso de autoridade.

A Suprema Corte norte-americana há muito tempo examinou casos como o de Tavares e considerou ilegal a detenção para interrogatório. É preciso lembrar que os Estados Unidos são um país muito mais rigoroso com criminosos do que o Brasil e mais protetivo das ações policiais. Lá, a prisão de alguém sem causa provável é considerada uma violação da Quarta Emenda da Constituição americana, que proíbe buscas e apreensões de pessoas e seus bens sem causa provável. A causa provável é equivalente, aqui no Brasil, à existência de razoáveis indícios de crimes, o que não existia no caso de Tavares. 


Há países que fazem isso, mas estes fazem parte do seleto clube das piores e mais sanguinárias ditaduras do mundo: Rússia, Venezuela, Coreia do Norte, Irã


No caso Dunaway v. New York, de 1979, por exemplo, aquela Corte considerou ilegal a condução de um suspeito para interrogatório feita pela polícia de Nova York sem que houvesse causa provável, ou seja, sem indícios razoáveis de que havia praticado um crime. Uma questão abordada foi se essa detenção caracterizava uma “prisão de fato”, ainda que não fosse uma “prisão de direito”, isto é, que não fosse uma prisão legal ou autorizada pelo Direito. A Corte aplicou o “duck test”, ou teste do pato: se algo parece com um pato, nada como um pato e grasna como um pato, então provavelmente é um pato. Logo, aquela detenção era sim uma prisão ilegal e, assim, igualmente ilegal foi a confissão.

O caso de Sergio Tavares foi mais um que se soma a uma série de arbítrios judiciais praticados pela Suprema Corte brasileira, mas o abuso aparentemente não acabou aí. Ao sair do país, Tavares relatou nas redes ter sido submetido a uma nova rodada de constrangimentos, com seu passaporte sendo apreendido mais uma vez pela PF. Felizmente, os agentes devolveram o seu passaporte e ele já retornou a Portugal, seu país de origem, onde abusos desse tipo são mais raros e tratados com mais rigor do que aqui. Portugal é, afinal, uma democracia plena, desenvolvida e avançada. 

No caso de Tavares, para o azar da PF, o abuso de domingo rodou o mundo, assim como as imagens da manifestação. A tentativa de intimidação foi um tiro no pé. Contudo, a repercussão e a indignação social não têm sido suficientes para frear sucessivos abusos judiciais. A escalada da arbitrariedade chegou a um tamanho absurdo que é hora de aplicarmos ao Brasil o teste do pato: ainda vivemos numa democracia ou cada vez mais se fortalece uma ditadura do STF? Comente esse artigo e conte o que você acha.


Deltan Dallagnol, Gazeta do Povo

'Cartel Lula-STF'- Gilmar diz que votará pela anulação de provas da Odebrecht; Fachin faz ressalvas

 

Gilmar Mendes defendeu a criação de uma “comissão da verdade” para investigar a Lava Jato| Foto: Carlos Moura/SCO/STF


O ministro Gilmar Mendes disse que vai votar a favor da manutenção da decisão de Dias Toffoli que anulou provas entregues pela Odebrecht em seu acordo de leniência. A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) julgaria nesta terça-feira (27) recursos do Ministério Público contra a decisão, proferida em setembro do ano passado. A deliberação, no entanto, foi adiada a pedido de André Mendonça, relator de outra ação que questiona a validade de todos os acordos de leniência firmados no âmbito da Operação Lava Jato.

Mesmo com o adiamento do julgamento, Gilmar Mendes se manifestou sobre o caso na sessão da Segunda Turma. Com base em mensagens trocadas entre procuradores de Curitiba, captadas por hackers, o ministro acusou-os de obter, diretamente junto ao MP da Suíça e de maneira informal, cópias de sistemas da Odebrecht que registravam pagamentos de propina e doações eleitorais a políticos.

Trata-se do motivo apresentado por Toffoli para anular essas provas, uma vez que a remessa desses dados deveria ser precedida de um pedido formal encaminhado pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, e não de maneira direta entre MPs do Brasil e da Suíça.

“Os diálogos comprovam que Dallagnol recebeu as provas ainda em 2015, antes do envio do pedido de cooperação internacional pelo DRCI, formulado em 3/6/2019. E não só: indicam também que a força-tarefa forjou documentos para dissimular a origem ilícita das provas. Para isso, alterariam o conteúdo de relatórios oficiais para que constasse data posterior ao recebimento dos dados pelo DRCI”, afirmou Gilmar Mendes.


O que dizem Dallagnol e o MPF sobre as provas da Odebrecht

Ex-chefe da força-tarefa da Lava Jato, o ex-procurador Deltan Dallagnol, acusado diretamente por Gilmar Mendes, diz que as provas foram obtidas de maneira regular, via DRCI, e tiveram sua autenticidade e integridade atestadas por perícias da PF.

Num dos recursos contra a anulação das provas da Odebrecht, o MPF diz que, após a decisão de Toffoli, o Ministério da Justiça atestou que o DRCI intermediou a obtenção das provas, o que não teria sido considerado pelo ministro. Num outro recurso, o MP de São Paulo argumenta que a anulação foi “ampla e genérica”. A associação dos procuradores, por sua vez, defendeu a validade dos acordos de leniência, com a manutenção das multas.

Na sessão, Gilmar Mendes ainda citou mensagens indicando que pendrives contendo cópias do Drousys, um dos sistemas, foram transportadas no Brasil em sacolas de supermercado “e manuseadas por agentes policiais que não seguiram técnicas forenses de extração de dados”.

O ministro chegou a sugerir a instalação de uma “comissão da verdade” para investigar esses casos. “Acho que o Ministério Público precisaria liderar isso, em defesa do bom nome da instituição. É urgente que o CNMP faça algo”, afirmou.


Construtoras vão renegociar multas com órgãos do governo

O julgamento não ocorreu porque André Mendonça abriu um prazo de 60 dias para que empresas que fecharam acordos de leniência no âmbito da Lava Jato ou operações correlatadas renegociem suas multas junto à Controladoria-Geral da União (CGU) e Advocacia-Geral da União (AGU), órgãos vinculados ao governo federal. Fazem parte desse grupo Novonor (novo nome da Odebrecht), J&F, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, UTC, Metha (antiga OAS), CR Almeida, Nova Engevix, UTC, SOG Óleo e Gás, PEM Engenharia, Setec Tecnologia, Samsung Heavy Industries, Companhia Paranaense de Construção, MLR Locações de Máquinas e TV Maringá.

O ministro é relator de uma ação do PSOL, PC do B e Solidariedade que questiona a celebração dos acordos de leniência das empresas com o Ministério Público Federal. Assim como várias delas, acusam os integrantes da Lava Jato de negociarem o acordo com coação, com prisões preventivas dos executivos, entre 2014 e 2018, principalmente.

Pela mesma razão, Dias Toffoli suspendeu, neste ano, os pagamentos multas de R$ 3,5 bilhões da Novonor e de R$ 10,3 bi da J&F. Mendonça decidiu que, nos próximos dois meses, as demais empresas também não sofrerão qualquer punição se deixarem de pagar suas multas, enquanto renegociam os acordos.

Na sessão desta terça, o ministro Edson Fachin, que é o relator da Lava Jato no STF, disse que os acordos de delação premiada que celebrou na Corte – de natureza penal e individual, com os executivos – respeitou o requisito da voluntariedade. Em outras palavras, não foram fechados sob pressão indevida, como acusam os advogados deles em relação aos acordos de leniência, estes de natureza cível e voltados para multar as empresas por atos de corrupção.

“Em todas as colaborações realizadas e homologadas no âmbito dessa relatoria, os magistrados auxiliares de meu gabinete, por minha delegação, sempre indagaram dos colaboradores acerca da voluntariedade. Em todos esses atos, todos os colaboradores estavam devidamente acompanhados e orientados por seus respectivos advogados, confirmaram a voluntariedade. Somente se homologa o acordo após essa inequívoca compreensão da voluntariedade”, disse.


Renan Ramalho, Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino: 'Uma jornalista ousada'

 

Lula não respondeu e ministros minimizaram ato convocado por Bolsonaro que levou 750 mil pessoas à Avenida Paulista.| Foto: reprodução/Canal Gov


A jornalista Lu Aiko Otta, do jornal Valor Econômico, foi vaiada por apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta segunda (26) ao pedir a ele uma opinião sobre a manifestação do último domingo (25) convocada por Jair Bolsonaro (PL), em São Paulo.

Ela participava de uma cerimônia seguida de uma coletiva de imprensa no Palácio do Planalto em que a ministra Esther Dweck, da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, apresentou o programa Imóvel da Gente, para destinar prédios ociosos da União a iniciativas habitacionais.

Lula e Esther fizeram uma apresentação do plano e abriram para perguntas da imprensa, mas apenas a ministra e Rui Costa (Casa Civil) poderiam ser questionados. Lu Aiko fez uma pergunta e pediu para o presidente emitir uma opinião sobre o ato convocado por Bolsonaro.

“Se eu puder ser ousada, presidente, queria perguntar sobre o ato que ocorreu ontem [domingo, 25], na Avenida Paulista, e não sou só eu que estou curiosa a respeito”, iniciou a pergunta já seguida de vaias de pessoas presentes na cerimônia.


O Brasil não estaria neste estado de exceção sem a cumplicidade da velha imprensa.


Lula, claro, não respondeu. O episódio revela o grau de subserviência da velha imprensa ao novo governo. Enquanto os jornalistas buscavam a todo custo deixar Bolsonaro desconfortável, trazer dados incômodos ou mesmo provocá-lo, com Lula eles pisam em casca de ovo.

Questionar Lula sobre uma manifestação com quase um milhão de pessoas na Av. Paulista é ser "ousado" agora. O lance é só levantar bola e deixar o presidente cortar, na zona de conforto típica de uma claque. E pensar que são esses jornalistas da "mídia profissional" que chamavam jornalistas como eu de "blogueiros bolsonaristas"...

Na bolha do "jornalismo profissional", ninguém solta a mão de ninguém, enquanto todos se unem para atacar os jornalistas independentes. Procuradas pela Gazeta do Povo, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) se mantiveram em silêncio, por exemplo, sobre a detenção temporária do jornalista português Sérgio Tavares.

Segundo Tavares, ele precisou responder questionamentos em relação ao seu posicionamento sobre Alexandre de Moraes, Flávio Dino e vacinas enquanto tentava entrar no país. Recentemente, o profissional entrevistou o presidente Jair Bolsonaro para o seu canal no YouTube. Crime de opinião? Intimidação da PF a um jornalista estrangeiro? Coisa de Cuba? Nada disso sensibiliza a classe jornalística, pelo visto.

O Brasil não estaria neste estado de exceção sem a cumplicidade da velha imprensa. O consórcio PT/STF não seria capaz de tanto estrago sem o terceiro pilar que forma o tripé autoritário: uma mídia corrompida, seja por ideologia, seja por grana mesmo.

Depois não adianta culpar as redes sociais pela queda de audiência e crise financeira, levando a demissões. É responsabilidade do péssimo jornalismo feito por militantes mesmo. O povo não é trouxa como esses jornalistas acham. A solução para a credibilidade em queda livre? Censura, claro! A velha imprensa apoia o PL das Fake News justamente para que seus comparsas comunistas possam calar na marra quem ousa apontar para tamanho viés do "jornalismo profissional"...



Rodrigo Constantino, Gazeta do Povo

J.R. Guzzo: 'Povo tomou Avenida Paulista para mostrar aversão ao regime Lula-STF'

 

Manifestação em 2023.| Foto: EFE/ Isaac Fontana


A única coisa que a esquerda brasileira viu na manifestação de massa deste dia 25 de fevereiro na Avenida Paulista foi Jair Bolsonaro. Havia, segundo as estimativas da polícia de São Paulo, 750 mil pessoas ocupando a maior parte dos quase três quilômetros na avenida e das ruas em sua volta. Não houve nem um incidente – zero. Não houve insultos ao STF, nem gritos pedindo “intervenção” dos militares, nem discursos em favor do “golpe”; na verdade, não houve uma única faixa ou cartaz pedindo nada, em cumprimento às instruções dadas previamente pelos organizadores.

Não houve frotas de ônibus pagas com dinheiro publico para trazer gente, nem a participação de sindicatos, de entidades cheias de dinheiro, das “elites”, ou de seja lá quem fosse. Foi possivelmente a maior exibição de vontade popular genuína que Brasil teve na sua história recente – e o mais indiscutível atestado da aversão de milhões de brasileiros pelo regime Lula-STF. Mas os que mandam no país só viram uma coisa – Bolsonaro.


Milhões de brasileiros são contra a junta de governo, e tanto faz se Bolsonaro é o nome que atrai no momento a rejeição à Lula, ao PT e ao Supremo.


Não ocorreu a ninguém na Junta de Governo, é claro, que eles não têm a mais remota condição de levar para a rua uma multidão parecida. Também não viram que havia, diante dos seus olhos, muito mais que um comício a favor do ex-presidente, ou um protesto contra o processo criminal armado contra ele. O que aconteceu na Paulista foi um atestado público de que uma grande parte da população é capaz de sair à rua por sua livre e espontânea vontade, sem um tostão de incentivo oficial e nenhum esforço de propaganda, para dizer que rejeita o governo que está aí e quem lhe dá sustento.

As pessoas estão dizendo: “Não gostamos do que vocês estão fazendo. Não queremos o Brasil que vocês querem. Entendemos os nossos direitos, e não temos medo de ir para rua para exigir que sejam cumpridos”. Mas o consórcio Lula-STF acha que é tudo “Bolsonaro”. O povo que foi para a rua não existe; é apenas um bando irrelevante de autômatos, e basta o governo se livrar do ex-presidente de uma vez por todas – já está proibido de disputar eleições, agora o projeto é fechá-lo numa prisão – para tudo se resolver.

A manifestação de São Paulo mostra que nada vai se resolver. Milhões de brasileiros são contra a junta de governo, e tanto faz se Bolsonaro é o nome que atrai no momento a rejeição à Lula, ao PT e ao Supremo – se não for ele, haverá imediatamente outro, e a rua continuará enchendo. É simples, no fim das contas: ou fazem uma ditadura de verdade, com tudo o que as ditaduras exigem, ou podem não aguentar o tranco.

Lula acha que Alexandre de Moraes, a dupla Pacheco-Lira e os jornalistas são a solução para todos os seus problemas – para que ter voto, ou fazer um governo que dê algum resultado, se são eles que mandam na máquina do Estado? Estão cegos para a rua; acham-se capazes de governar sem povo. Só há uma maneira de deixarem as coisas assim para sempre: com a força bruta.



J.R. Guzzo, Gazeta do Povo

Os brasileiros nas ruas e a defesa da democracia

 

Centenas de milhares de manifestantes lotam Avenida Paulista para apoiar a Democracia e Jair Bolsonaro - Foto: Divulgação/Silas Malafaia


A manifestação deste domingo na Avenida Paulista, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, reuniu 750 mil pessoas em seu pico, colocando-a entre as maiores dos últimos anos. A organização do evento o definiu como um ato pela defesa da democracia, mas foi a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro – atualmente investigado pela Polícia Federal por ordem de Alexandre de Moraes, devido à chamada “minuta do golpe” – que despertou o maior grau de mobilização. Independentemente das intenções, convicções e lealdades que guiaram os manifestantes, vindos de todo o Brasil, é inegável que a distopia em que se transformou a vida política do país já era motivo para uma demonstração de indignação popular.

O evento ocorreu sob a sombra do apagão da liberdade de expressão colocado em prática especialmente pelo Supremo Tribunal Federal. Coube ao pastor Silas Malafaia, o principal organizador da manifestação, dizer as palavras mais duras contra a corte, enquanto os políticos evitaram menções diretas e pediram aos manifestantes que não levassem cartazes críticos. Sendo verdadeiras as informações de bastidores segundo as quais um ministro do STF teria dito a um jornalista que, “se ele [Bolsonaro] falar um ‘ai’ do Supremo, vai preso”, teríamos a comprovação de que também virou letra morta o trecho da lei dos crimes contra o Estado Democrático de Direito segundo a qual “não constitui crime (...) a manifestação crítica aos poderes constitucionais”. 

A ameaça, seja dirigida aos políticos, seja aos demais manifestantes, ignora completamente o oceano de diferença entre a crítica legítima a decisões da corte, mesmo quando feita de forma mais enfática, e a injúria aos ministros ou a incitação a medidas de força como o fechamento do Supremo (estas, sim, manifestações ilegais). O fato de que algo  assim tenha sido dito, ou mesmo considerado plausível ou “normalizável”, mostra a disposição do STF de seguir criando tabus, ampliando a lista de assuntos que não podem ser de forma alguma mencionados.


O que temos presenciado há quase cinco anos é uma perseguição ideológica e completamente antidemocrática, contra a qual é absolutamente necessário que a sociedade brasileira se levante


Mesmo alegando-se que a manifestação teria sido movida mais pela defesa do próprio Bolsonaro do que em defesa da democracia, de forma abstrata, isso em nada serve para deslegitimar a mobilização popular. Primeiro, porque não há nada de ilegal ou mesmo imoral em um suposto caráter personalista do evento. Segundo, porque, mesmo descontando a recente investigação de uma possível trama para um golpe de Estado que permitisse uma virada de mesa após a vitória eleitoral de Lula em outubro de 2022, não há como negar que a democracia brasileira está profundamente fragilizada.

O STF e outras instâncias, como o STJ, o TSE e o TCU, introduziram um enorme desequilíbrio no tratamento de partes opostas no espectro político-ideológico, tanto do ponto de vista criminal quanto durante o processo eleitoral de 2022. Observe-se, por exemplo, o desmonte da Operação Lava Jato, com anulação de processos, acordos e multas, permitindo a corruptos escaparem impunes; e compare-se esse desmonte com todas as condenações impostas a aliados de Bolsonaro, além de outros direitistas e conservadores. No caso de dezenas de réus do 8 de janeiro, por exemplo, o devido processo legal está sendo ignorado, com acusadores e julgadores dispensando a necessária individualização de conduta. 

Mandatos conquistados de forma legítima são cassados contra legem, como no caso de Deltan Dallagnol, privado da cadeira de deputado federal pelo TSE com base em meras ilações que jamais deveriam ter lugar em um julgamento. Durante a eleição de 2022, um dos lados era frequentemente calado, com direito até mesmo a censura prévia, enquanto o outro podia divulgar mentiras em direitos de resposta. Direitistas e conservadores frequentemente são calados nas mídias sociais ainda que não sejam formalmente investigados ou acusados de nada.

Ou seja, o que temos presenciado há quase cinco anos, quando foi aberto o inquérito das fake news – e o dizemos sem julgar as intenções dos ministros, mas apenas observando os resultados práticos de inúmeras decisões –, é uma perseguição ideológica e completamente antidemocrática, contra a qual é absolutamente necessário que a sociedade brasileira se levante. Se um dos principais (se não o principal) alvos ou vítimas dessa perseguição é Jair Bolsonaro, especialmente pelo prejuízo sofrido durante a campanha eleitoral, acaba sendo inevitável que as pautas acabem mais ou menos misturadas. 

O fato é que, goste-se ou não de Bolsonaro ou de seus aliados, goste-se ou não do que eles afirmam, a defesa da democracia tem de ser feita de forma integral, e o contrário disso é hipocrisia rasteira. A liberdade de expressão e o devido processo legal valem para todos, mas em vez disso no Brasil de hoje vigora a frase atribuída a Juan Domingo Perón: “aos amigos, tudo; aos inimigos, nem mesmo a lei”.

Mesmo contidos – sinal do ambiente de mordaça imposto a metade do Brasil –, os 750 mil brasileiros na Avenida Paulista deixaram claro que estão insatisfeitos, e romperam um primeiro ciclo de medo: o de ir às ruas em grandes números, no primeiro protesto realmente multitudinário desde que Alexandre de Moraes, na sequência do 8 de janeiro de 2023, impôs restrições equivocadas ao direito de manifestação, referendadas de forma unânime pelo plenário da corte. Bem sabemos que o efeito prático deste domingo provavelmente não será muito grande. Mas isso não é motivo para que os brasileiros desistam de recuperar sua voz para se opor aos desmandos e ao arbítrio.



Gazeta do Povo