quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Depois de soltar corruptos como Lula e outros criminosos, inclusive traficantes e estupradores, STF completa três anos sem prestar contas a ninguém

 

A Justiça, estátua na Praça dos Três Poderes, diante do Supremo Tribunal Federal.| Foto: Agência Brasil


O Supremo Tribunal Federal (STF) completou três anos sem prestar contas ao Tribunal de Contas da União (TCU). E não faltaram indícios de irregularidades na última prestação de contas ao tribunal, relativas a 2019. Foram apontadas falhas nas contratações por dispensa de licitação e vícios na concessão de diárias e passagens. Nas áreas de ouvidoria e de acesso à informação, auditoria interna do tribunal identificou “riscos à imagem do STF perante à sociedade”, decorrentes de “divulgação de informações imprecisas, na forma e no conteúdo”. Mas o TCU aprovou as contas.

O blog vem apontando há anos a falta de transparência na compra de passagens para os ministros, sem a indicação do destino nem o motivo da viagem. Neste ano, surgiram os voos secretos dos ministros do STF em jatinhos da FAB, em viagens para casa nos finais de semana. Até outubro, foram realizadas 54 viagens, ao custo de R$ 800 mil. Em 40 voos, o ministro era o único passageiro. Os ministros alegam questão de segurança para solicitar a mordomia.

Até 2021, as viagens dos ministros, assessores e seguranças eram publicadas na página de Transparência do STF em planilhas em PDF, o que dificultava ao máximo a coleta de dados. A partir do ano passado, os dados passaram a ser divulgados em planilhas eletrônicas. Mas continuam ocultos os principais dados: o destino dos ministros e o motivo das viagens. São divulgados apenas o nome dos ministros ou servidores e o valor da passagem. O tribunal não informa nem mesmo se a viagem é nacional ou internacional.

Apesar da falta de transparência, é possível apurar que os maiores gastos em 2022 e 2023 foram do atual presidente, Luís Roberto Barroso: R$ 402 mil. Em segundo lugar, Ricardo Lewandowski, com R$ 390 mil. Em terceiro lugar, Alexandre de Moraes, com despesas de R$ 343 mil. Para onde foram, o que fizeram... são informações que continuam ocultas. O tribunal alega questões de segurança para não divulgar esses dados.

De 2003 a 2014, o STF teve julgamentos de contas pelo TCU, com quitação plena. Em 2015, não houve julgamento de contas do Supremo. Em 2016 e 2017, retornaram os julgamentos, com quitação plena. Em 2018, o STF não teve suas contas julgadas pelo TCU. O último ano em que houve julgamento foi 2019. Os órgãos públicos que terão contas julgadas em cada ano são definidos conforme critérios estabelecidos nas normas aprovadas pelo TCU.


Sem intervenção do TCU

Em relação à prestação de contas de 2019, na gestão do presidente Dias Toffoli, auditoria interna avaliou os serviços de ouvidoria e de atendimento à Lei de Acesso à Informação (LAI). Foi observado o risco à imagem do STF “decorrentes de divulgação de informações imprecisas”, e “risco à efetiva participação do cidadão”, por inadequação do portal do STF e do formulário eletrônico para suas manifestações e solicitações.

Foram apontados ainda ausência de canal para atendimento das manifestações e solicitações de autoridades, servidores e colaboradores e divulgação inadequada dos dados estatísticos produzidos pela Central do Cidadão. Diante dessas constatações foram propostas a criação da função de ouvidor, a implementação de uma ouvidoria interna e o aperfeiçoamento do portal do STF. Mas o Acórdão 9764/2021 concluiu que, uma vez que as medidas propostas seguiriam sendo monitoradas pela auditoria interna, “não se vislumbra necessidade de intervenção do TCU”.


Diárias e passagens

O TCU avaliou também a qualidade dos controles internos relacionados à atividade de compras e contratações por dispensa de licitação. Na fiscalização das dispensas realizadas de janeiro de 2018 a dezembro de 2019, auditoria interna detectou deficiência quanto à comprovação dos requisitos exigidos pela hipótese legal de dispensa de licitação, deficiência na justificativa do preço a ser contratado mediante dispensa de licitação e descumprimento de cláusula contratual por parte da contratada. Mas a auditoria ainda estava em andamento. Assim, o tribunal TCU entendeu que não havia “nenhuma ação do TCU” que devesse ser implementada.

Na avaliação dos controles internos da concessão de passagens e diárias, a auditoria interna baseou-se em monitoramento de auditoria realizada em 2017, em que foram identificados diversos achados. Do total de recomendações expedidas, 34 foram implementadas, o que representa 79% de efetivação das ações propostas pela auditoria interna.

Mas o TCU registrou que, "apesar da permanência de vícios relatados, que inviabilizam a eficácia dos controles internos de gestão, as melhorias operacionais implementadas pela Administração proporcionaram maior eficiência ao processo de concessão de passagens e diárias". Assim, mais uma vez, o tribunal registrou que “não se mostra necessário intervenção do TCU”.


Viagens com cônjuge

Na prestação de contas referente ao exercício de 2017, ocorrida em outubro de 2019, foram avaliados os controles internos relativos à concessão de passagens e diárias, com base em auditoria realizada no exercício de 2016/2017. Foram apuradas deficiências na concessão de benefício sem base legal apropriada (“Cota Mensal”) e concessão de passagens para uso não vinculado ao objeto de serviço.

As causas das deficiências teriam sido a ausência de critérios e definição de procedimentos no processo de concessão de passagens e diárias e as inadequações contidas na Resolução-STF 545/2015. O art. 20 dessa resolução previa, nas viagens ao exterior, a seguinte categoria de transporte aéreo: “primeira classe: ministro e respectivo cônjuge ou companheiro (a), quando indispensável sua presença, nos afastamentos para representação do tribunal em eventos de caráter protocolar ou cerimonial no exterior”.

Decisão do TCU em 2019 registra a compra de bilhetes para esposas de cinco ministros para o exterior, na 1ª classe, de 2009 a 2012, num valor total de R$ 1 milhão (em valores atualizados).

A Secretaria de Controle Externo de Administração concluiu que a emissão de passagens aéreas internacionais para cônjuges ou companheiros de ministros do STF, apesar de prevista no regimento interno da corte, não encontrava amparo em leis e normas que regem a representação ou cerimonial no exterior. “Não tem fundamento legal a realização de despesas de viagens por pessoas não vinculadas à administração pública, na medida em que não exercem qualquer atividade relacionada ao interesse do serviço e, consequentemente, que tenha como objetivo o interesse público”, registra o Acórdão 1794/2019.


Lúcio Vaz, Gazeta do Povo

O tamanho do abismo entre Estado e setor privado nas rodovias

 

Trecho da RJ-124, a melhor rodovia do país, em São Pedro da Aldeia (RJ)| Foto: Divulgação/CNT


Levantamento divulgado nesta quarta-feira (29) mostrou o abismo que existe entre as rodovias concessionadas e aquelas geridas pelo setor público.

Conforme a Pesquisa Nacional de Rodovias, da Confederação Nacional do Transporte (CNT), as estradas sob gestão pública apresentaram deficiências em 77,1% de sua extensão. São 65,8 mil quilômetros com situação classificada como regular, ruim ou péssima.

Enquanto isso, 64,1% das rodovias concedidas ao setor privado, ou 16,4 mil quilômetros, estão em condições adequadas (boas ou ótimas).

Segundo a CNT, atuando de forma mais eficiente e com menos burocracia, a iniciativa privada tem conseguido aplicar os recursos necessários em intervenções que assegurem a qualidade das rodovias por um tempo maior.

O valor médio investido por quilômetro nas estradas pedagiadas equivale a mais de quatro vezes o aplicado nas rodovias administradas pelo setor público: em 2022, foram R$ 541 mil por km nas concedidas versus R$ 128 mil por km nas demais, segundo a CNT.

Uma das grandes diferenças entre as rodovias públicas e as concedidas está na qualidade da pavimentação. Nas primeiras, o asfalto está em ótimo ou bom em 36% dos trechos analisados. Nas que contam com a participação da iniciativa privada, esse percentual é de 67%.

A sinalização também é melhor nas estradas que estão sob concessão privada – a avaliação é positiva (ótimo ou bom) em 68,5% dos trechos pesquisados. Nas de administração pública, o indicador despenca para 26,9%.

Conforme o estudo, 59,3% das rodovias sob concessão estão com condições adequadas de traçado (geometria). Nas de gestão pública, o percentual é de 26,3%.

A CNT atribui essa diferença ao fato de que as vias geridas pela União, estados e municípios foram construídas, em grande parte, nos anos 1970. Boa parte delas não tem faixas adicionais onde deveria ter e quase a metade não tem acostamento.

Sete das dez melhores rodovias do Brasil são concedidas à iniciativa privada. São estradas que estão nas regiões Sudeste (SP e RJ) e Centro-Oeste.  Conforme o estudo, a melhor de todas é a RJ-124, entre Rio Bonito e São Pedro da Aldeia.

As dez piores rodovias do Brasil estão localizadas no Norte e no Nordeste. Oito delas estão sob gestão dos estados, incluindo a AM-010, entre Manaus e Itacoatiara, que é a pior rodovia brasileira, de acordo com a CNT.


Ações emergenciais nas rodovias requerem R$ 94,1 bilhões 

A entidade estima que somente para recuperar as estradas no Brasil, com ações emergenciais (reconstrução e restauração), são necessários R$ 94,12 bilhões.

Até setembro, dos R$ 15 bilhões destinados pelo governo federal para a infraestrutura rodoviária no ano, foram aplicados R$ 9,1 bilhões.

As deficiências no sistema rodoviário brasileiro geraram perdas de R$ 20,9 bilhões apenas com acidentes e o consumo desnecessário de combustível, devido à má qualidade do pavimento da malha rodoviária do país.

A CNT estima que as condições de pavimento geram um aumento de 32,7% nos custos de transporte, reduzindo a competitividade e contribuindo para um preço mais caro dos produtos para o consumidor.


Brasil conta com poucas estradas e que estão saturadas 

Apesar de o principal meio de transporte no Brasil ser o rodoviário, a disponibilidade de estradas no país é baixa. No Brasil são 31 quilômetros por área de mil quilômetros quadrados. Na China, são 447.

E as rodovias brasileiras estão mais saturadas. De 2012 a 2022, a malha federal aumentou apenas 2,5%, enquanto a frota de veículos cresceu 52,1%.

O diretor-executivo da CNT, Bruno Batista, aponta que as rodovias precisam ser modernizadas com urgência. “Este cenário de baixa oferta, fraco crescimento na malha e baixa qualidade prejudica a logística e compromete a competitividade.”

A confederação encaminhou ao ministro dos Transportes, Renan Filho, uma série de sugestões para solucionar os gargalos no transporte rodoviário:

vetar contingenciamento de recursos para a infraestrutura;

aplicação integral da Contribuição sobre Intervenção no Domínio Econômico (Cide) incidente sobre os combustíveis na infraestrutura rodoviária;

estabelecimento de parcerias público-privadas (PPPs) patrocinadas para o fortalecimento dos investimentos em rodovias;

fortalecimento do mercado de capitais;

maior uso das multas de trânsito para financiar a modernização das rodovias;

retomada dos programas de sinalização rodoviária;

eliminação de 2.684 pontos críticos (quedas de barreira, pontes caídas, erosões na pista, buracos grandes, pontes estreitas e outros que atrapalham a fluidez das vias); e

reconstrução de trechos problemáticos.

Governo federal quer intensificar concessões 

Renan Filho destaca que uma das intenções do atual governo é o de intensificar as concessões de rodovias. Ele espera que até 2026 sejam realizados 50 leilões, dos quais 15 são de contratos que devem ser relicitados, como é o caso da BR-116, na Bahia, e da BR-163, no Mato Grosso.

Só para 2024, a expectativa é de realizar 12 leilões de infraestrutura rodoviária. Mas o cenário é desafiador. Alguns problemas enfrentados para viabilizar as obras são:


excesso de burocracia;

problemas de gestão na execução de obras; falta de recursos públicos;

baixa rentabilidade oferecida ao setor privado;

restrito número de empresas no setor;

queda no apetite por novos projetos; e

custo do financiamento dos empreendimentos.

Problemas foram registrados neste ano. Dois leilões das rodovias no Paraná despertaram pouca adesão de investidores. Pior foi a situação da licitação da BR-381, entre Belo Horizonte e Governador Valadares (MG): a falta de interessados obrigou o governo a cancelar o leilão de concessão.


As melhores rodovias do país


Rodovia Trajeto Gestão

RJ-124 Rio Bonito (RJ) – São Pedro da Aldeia (RJ) Concedida

SP-270 Presidente Epitácio (SP) – Ourinhos (SP) Concedida

SP-225 Itirapina (SP) - Santa Cruz do Rio Pardo (SP) Concedida

BR-153 Aliança do Tocantins (TO) – Talismã (TO) Concedida

SP-463 Ouroeste (SP) – Clementina (SP) Pública

SP-320 Rubinéia (SP) – Mirassol (SP) Pública

BR-080 Vila Propício (GO) - Padre Bernardo (GO) Pública

SP-191 Mogi Mirim (SP) - São Pedro (SP) Concedida

BR-364 Jataí (GO) - São Simão (GO) Concedida

BR-493 Itaboraí (RJ) – Itaguaí (RJ) Concedida

Fonte: CNT


As piores rodovias do país


Rodovia Trajeto Gestão 

AM-010 Manaus (AM) - Itacoatiara (AM) Pública 

PB-400 Cajazeiras (PB) - Conceição (PB) Pública 

BR-364 Cruzeiro do Sul (AC) - Acrelândia (AC) Pública 

PE-096 Palmares (PE) - Barreiros (PE) Pública 

MA-106 Governador Nunes Freire (MA) - Alcântara (MA) Pública 

PE-126 Palmares (PE) - Quipapá (PE) Pública 

AC-010 Porto Acre (AC) - Rio Branco (AC) Pública 

AP-010 Macapá (AP) - Mazagão (AP) Pública 

PA-263 Goianésia Do Pará (PA) - Tucuruí (PA) Pública 

BR-174 Presidente Figueiredo (AM) - Borba (AM) Pública 

Fonte: CNT



Vandre Kramer, Gazeta do Povo

Suíte do ex-presidiário Lula em hotel de luxo tem 520m² e diária custa R$63 mil. Conheça. Tudo pago com a grana dos pagadores de impostos. Gente decente que trabalha e produz.

 

A cama king-size conta com colchão com penas e diversos mimos pela suíte


O pagador de impostos que quiser desfrutar da suíte real do Ritz-Carlton, luxuosíssimo hotel em que o presidente Lula se hospedou em Riad, capital da Arábia Saudita, terá que desembolsar R$63 mil pela diária. Com corredores e banheiro em mármore fino, o hotel se define como “oásis” e um dos “mais majestosos hotéis”. Os espaços são apontados como “luxuosos”. O local dispõe de seis restaurantes, com menu internacional, “SPA de classe mundial” e oliveiras com mais de 600 anos.

Fachada do imponente e luxuoso Ritz-Carlton
O exclusivo hotel tem seis restaurantes
A cama king-size conta com colchão com penas e diversos mimos pela suíte
A suíte real tem salas de estar e de jantar
Espaço não é problema na suíte real, são 520m² de puro luxo
O banheiro é em mármore
O hotel se define como "oásis" e tem oliveiras de mais de 600 anos

Gaiola de ouro

O hotel, que tem 492 quartos, já ganhou o apelido de “gaiola de ouro”. Serviu para encarcerar endinheirados sauditas enrolados em corrupção.

Hóspede do hóspede

A suíte real conta com cama king-size e colchão de penas, o espaço total é de 520m², tão grande que tem até quarto de hóspedes.

Espaço de sobra

A suíte conta com cozinha privada. A sala de reunião tem uma enorme mesa para 14 pessoas, acomoda quase um terço do ministério de Lula.

Fila de espera

O gigantesco salão de jantar acomoda duas mil pessoas. Com a comitiva de Lula levando 400 convidados, o perigo é faltar cadeira.

Diário do Poder

Oposição reage a excessos do STF e protocola CPI do Abuso de Autoridade na Câmara

Oposição conseguiu reunir 171 assinaturas necessárias para instalar CPI


Deputado federal Marcel van Hattem (NOVO-RS), autor da proposta.(Foto: Agência Câmara).


Deputados de oposição conseguiram reunir as 171 assinaturas necessárias para instalação da CPI do Abuso de Autoridade do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral. O pedido deve ser protocolado ainda nesta quarta-feira (29).

Infelizmente tem sido comum vermos ministros do TSE e do STF extrapolando suas competências e tomando para si decisões que são do Legislativo e do Executivo. Esse abuso de autoridade precisa de um basta e é para isso que estamos propondo a CPI“, destacou Marcel van Hattem (Novo-RS), autor do requerimento.

Infelizmente até uma morte teve que ocorrer para que a gravidade da situação pudesse gerar o cenário adequado para a instalação da CPI. Agora, vamos trabalhar para apurar os fatos“, completa o parlamentar.

O Partido Novo tem atuado na pressão para a instalação da CPI. O abaixo-assinado pró-comissão, encabeçado pelo partido, tem mais de 550 mil assinaturas.

Neste momento, o STF está no centro do debate em razão de abusos que vêm ocorrendo na Corte. Investigar é fundamental para que haja um reequilíbrio entre os Poderes“, diz Eduardo Ribeiro, presidente do partido, que também agradeceu cada signatário do abaixo-assinado.

Foram mais de 550 mil assinaturas e cada uma delas mostrou que, quando nos engajamos e lutamos juntos, conseguimos influenciar o Congresso Nacional“, concluiu.

Diário do Poder

Deltan Dallagnol: Cinco motivos para o Senado rejeitar Flávio Dino no STF

Foto: EFE/ Isaac Fontana


Depois de meses de especulações, rumores e quebras de braço públicas na imprensa entre os candidatos, inclusive com ataques frontais e politiqueiros à operação Lava Jato, o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, foi escolhido pelo presidente Lula para a vaga de Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal (STF). 

Os eleitores de Lula, que cobravam a nomeação da primeira mulher negra foram mais uma vez vítimas de estelionato eleitoral. Com a indicação de um político aliado, venceram os ministros do STF Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. Perderam o Brasil e os brasileiros por cinco razões, que devem ser consideradas pelo Senado para rejeitar a indicação. 


1) Dino é abertamente comunista

Em uma entrevista em 2019, Flávio Dino se disse defensor orgulhoso do comunismo: “Eu sou comunista, graças a Deus”. Nessa entrevista, Dino foi confrontado pela jornalista a respeito de algumas contradições: no comunismo, é permitido empresa privada? E livre mercado? No comunismo, há Judiciário independente? Dino não conseguiu responder a nenhuma dessas perguntas, saindo pela tangente. 

É extremamente problemático que um indicado ao STF, responsável por proteger direitos fundamentais dos cidadãos - como a vida, a liberdade, a propriedade privada e a liberdade de expressão e de imprensa - se diga um orgulhoso comunista, referindo-se a uma ideologia que matou milhões de pessoas, em regimes como o soviético de Stalin e o chinês de Mao Tsé-Tung, sem falar na censura às liberdades, inclusive de expressão e religiosa.


2) Dino é um péssimo ministro da Justiça

Uma das preciosas lições de Jesus está em Mateus 7:16: “Pelos seus frutos os conhecereis. É possível alguém colher uvas de um espinheiro ou figos das ervas daninhas?” Quais são os frutos de Dino no Ministério da Justiça senão a lacração e perseguição de opositores do governo? 

Em março, Lula e Dino divulgaram o Programa Nacional de Segurança Pública (Pronasci), que foi marcado por críticas à polícia e ao racismo estrutural, mas que não continha nenhuma proposta concreta para enfrentar o crime organizado ou reduzir o alto número de homicídios.

Em julho, Lula e Dino anunciaram o Programa de Ação de Segurança (PAS), que supostamente tinha como objetivo reduzir a violência, mas tratava bandidos como vítimas, dizendo que a violência é resultado da pobreza e da falta de educação. Propôs o aumento de penas contra quem atentasse contra ministros do Supremo e outras altas autoridades. 

Não tivemos nenhum resultado positivo desde a divulgação desses dois programas. Pelo contrário, tivemos guerra entre facções do crime organizado e forças de segurança nos estados de São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro, contabilizando mais de cem mortos, imagens de membros do crime organizado recebendo treinamento de combate em áreas públicas do Complexo da Maré, massacre de médicos em um quiosque na Barra da Tijuca, no Rio, e ataques do crime organizado em vários pontos da cidade carioca, com mais de 30 ônibus incendiados.

Em resposta, Dino assinou, junto com Lula, uma GLO em portos e aeroportos absolutamente ineficaz, contraproducente e enviesada, que avisava os traficantes onde haveria reforço na fiscalização, viabilizando o uso de rotas alternativas. Não dá para esquecer, ainda, que foi justamente o Ministério da Justiça de Dino que “perdeu” as imagens das câmeras do 8 de janeiro. 

Dino e Lula adotaram a política pública da lacração e do identitarismo woke para a segurança pública, em vez de políticas públicas baseadas em evidências e sólidas experiências internacionais. Por isso, o ministro passou a sofrer críticas duras do próprio PT e se fortaleceu a ideia de separar o Ministério da Justiça e Segurança Pública em duas pastas. 

Não é à toa que, segundo uma pesquisa Atlas/Intel da semana passada, o combate à corrupção e a segurança pública são as áreas do governo com pior avaliação, com 41% de reprovação. A criminalidade e o tráfico de drogas são apontados por 60,8% dos brasileiros como os maiores problemas do país, seguidos da corrupção, com 50,2%.


3) Dino foi um péssimo governador do Maranhão

Mais uma vez, a árvore é conhecida pelos frutos. O legado de Dino como governador do Maranhão é absolutamente vergonhoso. Um levantamento da Gazeta do Povo mostra que, durante os 8 anos do governo de Dino, o Maranhão continuou sendo o estado mais pobre do Brasil, com a menor renda média mensal, o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre todos os estados brasileiros, a maior taxa de informalidade e a expectativa de vida mais baixa. 

Ao mesmo tempo em que Dino não conseguiu nem mesmo uma leve melhora que fosse na economia do Maranhão ou na qualidade de vida da população mais pobre, acumulou polêmicas com gastos milionários com alimentação, contratando a entrega de trufas, canapés e bacalhau para a Secretária de Saúde ao custo de R$ 1,2 milhão para os cofres públicos. 

Já na Secretária de Educação, Dino desembolsou R$ 1,2 milhão com 1.472 assinaturas da revista de extrema-esquerda Carta Capital, contribuindo para a doutrinação ideológica das crianças e adolescentes maranhenses. Curiosamente, em 2021, Dino se tornou colunista da própria revista que ele beneficiou com verbas públicas milionárias.


4) Dino é autoritário

Flávio Dino processou o YouTuber Monark por injúria e difamação, por Monark tê-lo chamado de “gordola”. Eu mesmo fui processado por Dino no STF, que pediu ao ministro Alexandre de Moraes que me incluísse no inquérito das fake news depois de eu ter questionado como Dino entrou no Complexo da Maré sem fazer um acordo com o crime organizado. Outros parlamentares da oposição que fizeram o mesmo questionamento também foram processados por Dino.

Dino é um dos maiores apoiadores do PL 2630/20, mais conhecido como PL da Censura, que quer limitar a liberdade de expressão nas redes sociais. Em uma reunião com os representantes das big techs, Dino deu vazão ao seu autoritarismo e ameaçou as empresas caso não se submetessem à política de censura do governo Lula: “Nós não queremos que os senhores passem à condição de investigados pela Polícia Federal ou de réus”, disse na ocasião. 

Num momento em que há forte preocupação com o caráter político e autoritário do STF, indicar alguém que pode reforçar esse perfil afasta o Brasil do ideal de uma Justiça técnica e autocontida e do necessário reequilíbrio de poderes. Olhando para seu passado, Dino pode se revelar uma síntese do que há de pior no Supremo: o autoritarismo do ministro Alexandre de Moraes e a politização somada à verborragia do ministro Gilmar Mendes. 


5) Dino vai perseguir a Lava Jato no STF

Dino sempre foi contrário à Lava Jato e, durante sua atuação como ministro da Justiça, endossou a perseguição do governo Lula aos agentes da lei que combateram a corrupção. Primeiro, Dino pediu uma investigação à Polícia Federal sobre os acordos firmados pela Lava Jato no exterior, que recuperaram bilhões de reais para os cofres públicos. 

Depois, o ministro encaminhou para a PF a vergonhosa e infame decisão de Dias Toffoli que anulou as provas do acordo da Odebrecht, pedindo investigação criminal contra quem? Contra o Ministro, que enterrou provas da empreiteira que o tratava como “amigo do amigo de meu pai”? Não, ele pediu a investigação dos procuradores, juízes e servidores que atuaram na operação.

Mais recentemente, Dino anunciou um grupo de trabalho, em conjunto com o ministro Salomão, que preside o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para investigar a devolução de valores pela Lava Jato, sem que haja nenhum indicativo de qualquer crime ou desvio. Será a primeira vez no mundo em que agentes da lei serão investigados por devolver dinheiro roubado da corrupção.

Muito mais poderia ser dito e outras razões poderiam ser agregadas, mas esses motivos são suficientes para mostrar a gravidade da indicação de Dino se for confirmada pelo Plenário do Senado. Se você também é contra Dino no STF, convido você a assinar o abaixo-assinado que já tem mais de 250 mil assinaturas de brasileiros que também se opõe à indicação.


Deltan Dallagnol:, Gazeta do Povo 

De Hugo Chávez à Lava Jato: o que aconteceu com as refinarias bilionárias do covil do Lula

Lula acabou preso em meio à maior roubalheira da história da República, mas logo foi solto pelos comparsas do STF - Posteriormente, o Supremo o colocou na presidência da República. Como o povo não perdoa, o ex-presidiário não consegue colocar o pé na calçada. O ex-presidiário, então, leva a primeira dama do PT para passear no exterior


Hugo Chávez e Lula, então presidentes, num encontro no Palácio do Planalto em abril de 2010: Venezuela abandonou sociedade na refinaria Abreu e Lima e Petrobras teve de arcar sozinha com a obra, que já consumiu mais de US$ 18 bilhões.| Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil


Um dos projetos mais ambiciosos do PT na infraestrutura brasileira era a ampliação do parque de refino da Petrobras. Em 2008, a petroleira projetava chegar à marca de 3,4 milhões de barris refinados por dia em 2015, o que colocaria o Brasil entre os cinco países com maior produção de derivados de petróleo. Essa marca nunca foi atingida e não consta dos planos atuais: em 2021, as refinarias da Petrobras processaram 1,9 milhões de barris por dia, volume próximo do registrado em 2008.

Entre aquele momento de euforia e a realidade atual ocorreram problemas de gestão, atrasos nas obras e denúncias de superfaturamento e corrupção levantadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pela Operação Lava Jato. Confira a seguir o que aconteceu com cada refinaria que havia sido planejada quando o acionista majoritário – o governo brasileiro – era comandado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


Refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco

Obra: Pedra fundamental lançada em dezembro de 2005; início das obras em setembro de 2007.


História: A Refinaria Abreu e Lima foi um projeto que marcou a ascensão da esquerda na América Latina, tendo como “padrinho” o presidente venezuelano Hugo Chávez, morto em 2013. Foi ele quem batizou a unidade, tendo como referência o general José Inácio Abreu e Lima (1794-1869), brasileiro que teve papel de destaque no movimento de libertação dos territórios hispânicos na América, liderado por Simón Bolívar.

A admiração que Chávez nutria pelo general Abreu e Lima era notória. Ainda na posse de Lula, em 1.º de janeiro de 2003, o venezuelano afirmou: “Há 200 anos outro Inácio, também pernambucano, lutava ao lado de Bolívar”.

Já em seguida a Petrobras e a PDVSA aceleraram as negociações para definir um investimento conjunto na área de infraestrutura energética no Brasil, com preferência pelo estado de Pernambuco. A princípio, a estatal venezuelana teria participação majoritária, e por isso opinou na escolha do local e do nome Abreu e Lima, escolhido por Chávez.

Entretanto, a parceria com a PDVSA nunca prosperou. Chávez participou dos eventos de lançamento da pedra fundamental e do início das obras de Abreu e Lima, mas o acordo era apenas informal.

Em outubro de 2009, a Petrobras comunicou que ela e a PDVSA “concluíram com êxito as negociações para a constituição da empresa que vai construir e operar a Refinaria Abreu e Lima, localizada em Pernambuco. A participação acionária na empresa será de 60% para Petrobras e 40% para PDVSA”. Passaram-se dois anos sem que fosse celebrado o contrato efetivo, mas a Petrobras ainda informava que as negociações estavam em andamento. Foi só em 2013 que a empresa brasileira deu por encerrada a proposta de sociedade.

Desse modo, a Petrobras teve que arcar sozinha com todos os recursos, que foram mal orçados. O projeto inicial previa investimentos de US$ 2 bilhões, mas quando as obras tiveram início, em 2007, o custo pulou para US$ 4,05 bilhões. O plano era refinar 200 mil barris por dia, que contribuiria para atender a demanda crescente de derivados no Nordeste a partir de 2011.

O custo final, porém, bateu na casa dos US$ 18,5 bilhões, e a unidade entrou em operação apenas no fim de 2014 com apenas 64% da capacidade. Em 2020 a produção chegou a 111,9 mil barris por dia, mas em 2021 caiu para R$ 72,5 mil, por causa de uma parada de manutenção por um mês e meio. Embora esteja em operação há pouco mais de sete anos, a refinaria até hoje não foi concluída; apenas parte do projeto ficou pronta.

Abreu e Lima foi a primeira refinaria construída no Brasil desde 1980. Em 2014, o ex-presidente da Petrobras Sergio Gabrielli disse que a unidade de Pernambuco “era pioneira” e por isso o custo foi “um pouco mais alto”.

O problema de superfaturamento foi detectado cedo. As obras começaram em setembro de 2007, e já no ano seguinte o Tribunal de Contas da União (TCU) identificou indícios de superfaturamento, exigindo prestação de contas da Petrobras. Esses assuntos foram tema de uma primeira CPI da Petrobras em 2009, mas os governistas dominaram o colegiado e o relatório final afastou a possibilidade de superfaturamento, indicando apenas a necessidade de uma nova metodologia para calcular obras de grande porte e com alto nível tecnológico.

O TCU continuou com as auditorias e recomendou a paralisação das obras na Lei Orçamentária de 2011, medida acatada pelo Congresso mas vetada na sequência por Lula, que passou a criticar o tribunal por querer “paralisar o país”.

Em 2014, a Operação Lava Jato começou a desvendar uma série de irregularidades em contratos da Petrobras, o que motivou a criação de uma nova CPI no Congresso. O ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa foi preso logo na segunda fase da operação, em março. Sob seu comando estavam as obras de refinarias como Abreu e Lima. Mas a unidade de Pernambuco foi investigada mais a fundo na 20.ª fase da Lava Jato, em novembro de 2015, sob suspeita de corrupção e desvio de dinheiro. Várias ações relacionadas ao pagamento de propinas na Refinaria Abreu e Lima continuam a tramitar na Justiça Federal.

Em fevereiro de 2021, o juiz da 13.ª Vara da Justiça Federal em Curitiba Luiz Antônio Bonat – substituto de Sergio Moro – condenou cinco pessoas pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em contratos firmados para a construção da Refinaria Abreu e Lima entre 2009 e 2014.

Como está hoje: A Petrobras ainda não conseguiu vender a refinaria, como previsto em acordo firmado em 2019 com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). No fim de 2021, a diretoria da estatal decidiu que vai investir mais R$ 5,6 bilhões para concluir a unidade, de forma a deixá-la mais atraente para os compradores.


Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj)

Obra: Pedra fundamental lançada em junho de 2006; início das obras em março de 2008.


História: O Comperj também foi lançado para ser símbolo do desenvolvimentismo pregado pelo PT, favorecendo regiões até então “esquecidas” pelo poder público. Em discurso em 2006, no lançamento da pedra fundamental, Lula disse que o empreendimento iria “fazer com que São Gonçalo deixe de ser o patinho feio do estado e Itaboraí de ser uma cidade de interior", em referência às duas cidades que abrigariam o polo petroquímico e o centro de capacitação de mão de obra.

Na época, Lula também exaltou o avanço tecnológico que se buscava com o complexo e o licenciamento ambiental para a obra. "O Comperj é uma conquista tecnológica histórica, talvez, só comparada à tecnologia desenvolvida pela Petrobras em águas profundas", disse.

O Comperj foi orçado inicialmente em US$ 6,5 bilhões, mas em 2008, quando as obras começaram, o projeto já custava US$ 8,4 bilhões. A meta era refinar cerca de 150 mil barris por dia a partir de 2013. O Comperj não foi concluído e gerou prejuízo de pelo menos US$ 14,3 bilhões à Petrobras, conforme levantado em 2015 durante CPI no Congresso.

As obras do Comperj também foram alvo de auditorias do TCU e depois foram investigadas na Operação Lava Jato. Em junho de 2017, o então juiz Sergio Moro, na 13.ª Vara Federal de Curitiba, condenou o ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A condenação foi confirmada no Tribunal Regional Federal (TRF) da 4.ª Região), mas os defensores de Cabral tentam reverter a decisão no Supremo Tribunal Federal (STF), utilizando os mesmos argumentos de Lula a respeito da anulação das condenações no âmbito da Lava Jato. Outras ações envolvendo o Comperj continuam a tramitar na Justiça Federal.

Em dezembro de 2019, depois de uma avaliação técnica, a Petrobras anunciou que desistiu de concluir as obras do Comperj depois de um estudo de viabilidade econômica feito com empresa chinesa CNPC.

Como está hoje: Em 2020, a petroleira renomeou a unidade como Polo GasLub Itaboraí e iniciou estudos para produção de gás natural no local – os testes de produção tiveram início em 31 de janeiro de 2022. Nos próximos anos deve ser feita a integração com a Refinaria de Duque de Caxias, visando a produção de lubrificantes e combustíveis, além de estudos para construção de uma termelétrica.


Refinaria Premium 1, no Maranhão, e Premium 2, no Ceará

Obras: Anunciadas em 2008, nunca saíram do papel.


História: Dentro do planejamento de ampliar a capacidade de refino do Brasil, o então presidente da Petrobras Sergio Gabrielli lançou em 2008 os projetos das refinarias Premium 1, no Maranhão, e Premium 2, no Ceará. Na época, o anúncio também foi visto como afago do ex-presidente Lula a governadores do Nordeste que lamentaram ter ficado de fora do grande investimento feito na Refinaria Abreu e Lima.

Pelo anúncio feito em 2008, as usinas seriam as maiores do Brasil, com capacidade de refino de 600 mil barris por dia na Premium 2 e 300 mil barris por dia na Premium 2.

Logo os planos foram revistos. Com a crise econômica mundial de 2008, a demanda por petróleo caiu e os preços baixos da commodity desestimularam investimentos na área. Em dezembro daquele ano, o barril do petróleo caiu a US$ 40, o menor valor em anos. Hoje o preço está próximo de US$ 120.

As pedras fundamentais das refinarias foram lançadas em 2010. No Maranhão, o terreno escolhido passou por terraplanagem, mas as obras não evoluíram mais do que isso. Em julho de 2011, a Petrobras suspendeu oficialmente as obras das duas refinarias por problemas de caixa. Naquela ocasião, a interferência do governo federal, que vetou reajustes nos combustíveis, levou a companhia a postergar investimentos de R$ 44 bilhões.

Em 2012, Graça Foster assumiu o comando da Petrobras e as refinarias Premium entraram no rol de projetos em avaliação, para verificar as despesas já feitas e refazer o orçamento. O escândalo do aumento de custos da Refinaria Abreu e Lima, detectado pelo TCU, tinha afetado as decisões de negócio da Petrobras. Ainda assim, o governo fazia afagos aos governadores do Maranhão e Ceará – Roseana Sarney e Cid Gomes, respectivamente – comprometendo-se a construir as refinarias no futuro.

Ao longo de 2013, foram feitas negociações com empresas chinesas e sul-coreanas na tentativa de atrair um sócio privado para ajudar a Petrobras a tirar as obras do papel. Naquele ano, auditoria do TCU apontou irregularidades nos gastos com a terraplanagem no Maranhão.

Em 2014, a recessão econômica no Brasil provocou queda na demanda por combustíveis, e de novo a companhia brasileira precisou rever os planos de investimento. A Operação Lava Jato já estava em curso, mas foi só em outubro daquele ano, quando o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa prestou depoimento sobre um esquema de corrupção e desvio de recursos, que a estatal começou a analisar a fundo a viabilidade dos projetos das refinarias.

No início de 2015, a Petrobras reconheceu que os projetos Premium 1 e 2 tinham gerado perdas de R$ 2,7 bilhões. Em novembro de 2015, o TCU deu continuidade às investigações sobre as unidades, exigindo esclarecimentos sobre gastos com todas as refinarias ao Conselho de Administração da Petrobras. Acórdão aprovado em 2018 fez uma série de recomendações à empresa e aos órgãos de controle para estabelecer novas regras de governança.



Com informações de Rosana Felix, Gazeta do Povo

Lula 3 acumula populismo, protecionismo, estouro de contas e repetição de erros

 

Foto: André Borges/EFE


O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adiou para março o anúncio do fracasso da meta de déficit zero em 2024, mas está distante de demonstrar disposição para ajustar as contas ou aprender com os erros do passado.

A resistência pode ser observada não apenas pela falta de austeridade fiscal e a intenção declarada de Lula de não contingenciar gastos em ano de eleições municipais, mas também pela insistência em políticas populistas e insustentáveis.

Na fila de tais iniciativas estão desde a retomada do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), políticas protecionistas aos estaleiros nacionais e do fim do desinvestimento em refinarias, além de medidas pontuais como o reajuste de salário mínimo acima da inflação.

"A profunda crise econômica que vivemos traduz o esgotamento de um modelo errado que combinou uma dinâmica de deterioração das contas do governo com projetos de investimentos públicos mal formulados", diz o economista Samuel Pessôa, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas.

Para ele, a decisão do presidente Lula de começar o governo com o "pé no acelerador dos gastos", com a PEC da Transição, traduziu a conhecida concepção do gasto público como motor do crescimento.

"É uma visão ideológica, natural num governo de esquerda. Eles acham que a Coreia [do Sul] é rica porque tem um banco de investimento centralizando tudo e promovendo a riqueza. Esquecem os níveis de educação, de produtividade e de poupança interna de uma população inteira", afirma Pessôa.

Um dos maiores problemas, acredita o economista, é a falta de aprendizado com os erros cometidos.

"Ao longo de 2006 a 2014, o governo petista foi ampliando a crise fiscal, com piora do déficit primário a cada ano, especialmente no governo Dilma. A balança comercial piorava e a inflação subia paulatinamente, os salários cresciam acima da produtividade do trabalho e a rentabilidade das empresas caía, numa trajetória desequilibrada e de pilares insustentáveis. Essa crise fiscal profunda que ainda vivemos foram eles [o PT] que criaram", afirma Pessôa.


PT nunca fez autocrítica, mas não consegue reabilitar Dilma

Embora o Partido dos Trabalhadores nunca tenha feito autocrítica do período, o governo atual tem tido dificuldade na defesa do legado da ex-presidente Dilma e na sua reabilitação. Já na apresentação do arcabouço fiscal, em março, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) omitiu dados das contas públicas do governo Dilma.

A curva de receitas e despesas trouxe apenas dados de 1997 a 2010, escondendo o rombo histórico nos governos petistas seguintes. No detalhamento da nova regra, que substituiu o teto de gastos, o ministro se limitou a dizer que "os últimos dez anos foram muito difíceis para este país".

No entendimento de Pessôa, embora Haddad tente demonstrar aos agentes econômicos alguma preocupação com o equilíbrio das contas, o partido nunca aceitou a crise existente como fruto dos equívocos da política econômica nos seus mandatos.

"Para o PT, a origem do desajuste foi a crise política precedente, 'culpa' do PSDB, que não aceitou o resultado das eleições em 2014 e enfraqueceu a governabilidade de Dilma. Também citam o cenário externo ruim, com o fim do ciclo de commodities. No máximo, admitem uns errinhos em desonerações. No fundo, acham que tiveram azar", diz Pessôa.


Repetição dos erros e perda de oportunidades marcam o governo

Para a economista e advogada Elena Landau, não é novidade o petismo atribuir a culpa dos seus erros aos outros. "No passado, o partido conseguiu emplacar a versão da herança maldita... Fui contra o afastamento de Dilma exatamente por isso. Seu governo deveria ter ido até o fim para ficar clara a sua responsabilidade pela década perdida", escreveu em artigo no jornal "O Estado de S. Paulo".

O atual governo, afirmou Landau à Gazeta do Povo, repete o erro de "gastar na frente" antes de garantir receita, como ilustra o movimento incansável de Haddad para aprovar medidas que aumentem a arrecadação dos cofres públicos. "É um erro brutal que compromete o resultado. A base deles é a filosofia de que despesa gera receita. Dá muito errado", afirma.

A economista e consulta Zeina Latif acredita que o maior problema da repetição dos erros é a perda de oportunidades. "Temos o mau hábito de não aproveitar os períodos melhores, quando o cenário interno ou externo é mais favorável, para dar andamento às reformas necessárias", diz.

Segundo ela, o relaxamento fiscal acaba estimulando medidas populistas, que, por sua vez, agravam o déficit fiscal e culminam em nova crise.

Como exemplo, Zeina cita a aprovação da política de salário mínimo acima da inflação. "Não há razão que justifique o aumento sem melhora da produtividade. Nosso salário mínimo não está defasado. E é o indexador de uma série de benefícios que terão impacto fiscal lá na frente", explica.


Políticas industriais ultrapassadas e subsídios permanecem em pauta

Para além da deterioração fiscal, as políticas do atual governo, como no passado, continuam centradas no financiamento público, seja por meio do Tesouro, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou de empresas estatais.

"Foi o caso dos investimentos diretos em infraestrutura, dos subsídios do Tesouro para programas como o Minha Casa Minha Vida ou crédito estudantil como o Fies", lembra Pessôa. "Estes programas maturaram mal, não geraram a contrapartida esperada, o que foi realimentando a crise fiscal."

Muitos desses "penduricalhos do passado" estão sendo retomados. Um dos mais emblemáticos, segundo Zeina Latif, é o Programa de Aceleração do Investimento (PAC), relançado em agosto.

"Ainda que preveja a participação da iniciativa privada, por meio de parcerias, o anúncio do programa repete aquela coisa do 'Brasil grande', do Estado indutor, com cifras volumosas a serem celebradas", afirma.

As edições anteriores do programa petista ficaram marcadas por atrasos e superfaturamentos. Um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou que apenas 9% das obras do programa entre 2007 e 2009 foram entregues pela gestão da época.

Na segunda versão do PAC, encampada pela ex-presidente Dilma entre 2011 e 2014, apenas 26% das obras foram entregues. Além disso, o tribunal apontou irregularidades graves em 32 obras de infraestrutura que receberam recursos federais.


Incentivo à indústria naval e retomada de refinarias

Outro exemplo do atavismo petista é a volta subsídio do BNDES para investimento em construção da indústria naval, anunciada em maio, com a chamada política de conteúdo local (PCL), que prioriza matéria-prima e mão de obra brasileiras na construção de plataformas, navios, sondas e refinarias.

Criticada por estudiosos e analistas do setor, a política adotada nos mandatos anteriores petistas gerou efeitos negativos para o desenvolvimento da indústria. "A evidência de que o programa de construção de navios deu errado é cavalar", destaca Samuel Pessôa.

"Nenhum estudo, de fato, mostra que os estaleiros brasileiros tiveram ganho de produtividade no período. Ao contrário, os investimentos contribuíram para o aumento de custos das petroleiras, em especial a Petrobras. A Petrobras chegou a ser a empresa mais endividada do país em 2014", lembra Pessôa.

O atual governo também suspendeu e revisou todos os processos de venda de refinarias da Petrobras, mantendo apenas aqueles com contratos assinados em andamento.

"Entre 2006 e 2014, as refinarias que o governo tentou fazer aumentaram o rombo da Petrobras. Só com a Comperj [Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro] o prejuízo foi US$ 14 bilhões. Com a refinaria Abreu e Lima, foram mais US$ 10 bilhões. Agora estão falando em retomar. Nunca ouvi uma explicação do porquê ter dado errado e nem como daria certo agora", afirma o professor do Ibre.


Governo fala em "neoindustrialização" com indústria protegida

Para Elena Landau, a retomada de políticas de subsídios a setores industriais escolhidos a dedo é "toda errada e ultrapassada", mas ainda não está claro se é apenas retórica populista de Lula. "O governo Lula tem mais discurso do que prática", ressalta. "Vive falando em neoindustrialização, mas a gente não sabe exatamente o que é isso."

A neoindustrialização do país foi um dos pontos centrais do documento que Lula divulgou antes da eleição de 2022, que defendia levar a indústria brasileira para o século 21. Não é exatamente o sentido das medidas anunciadas até agora.

Para a economista, não há nada que indique uma mudança que não repita os erros do passado, ainda que tenha outro nome.

"Enquanto não houver abertura comercial real, sou muito cética do avanço industrial. Temos uma indústria protegida, que não compete com o exterior, não investimos em tecnologia, a mentalidade do governo nesta área é a da Lei de Informática, de reserva de mercado", avalia.

Uma das medidas mais recentes do governo foi retomar a taxação de veículos elétricos importados, a título de impulsionar a indústria automotiva local. Na filosofia do governo, o avanço tecnológico nacional virá do fechamento do mercado.

Landau também critica os incentivos para a transição energética em empresas de grande porte que vem sendo cogitados. "Todas as empresas sabem que precisam ser 'verdes' neste século, com investimentos previstos para isso. O governo acha que precisa do BNDES para tudo", diz.

A economista também destaca a manutenção dos benefícios para Zona Franca de Manaus pela reforma tributária. "Não tem sentido nenhum", diz.


Retrocessos, aparelhamento e hipocrisia sobre privatizações

Para além das repetições de erros, a economista lembra os retrocessos já estabelecidos pelo atual governo. Alguns conseguiram ser barrados pelo Legislativo, como a tentativa de rever o Marco do Saneamento. Outros, no entanto, conseguiram ser devidamente avalizados pelo Legislativo e Judiciário.

Foi o caso da revogação de item da Leis das Estatais que impedia posse de pessoas que tenham exercido função política para cargos de empresas públicas. A mudança permitiu a posse de Aloísio Mercadante à frente do BNDES. Também permitiu nomeações de ministros para conselhos de administração, como forma de complementar salários. O melhor exemplo é o de Carlos Lupi, do Trabalho, e Anielle Franco, da Igualdade Racial, indicados para o conselho da Metalúrgica Tupy.

Landau cita ainda a perspectiva de interferência na política de preços da Petrobras, com atraso na fixação de reajustes, e a investida contra a privatização da Eletrobras, para cujo conselho o governo reivindica mais três assentos. "[Para o governo], capitalizar a Eletrobras é crime de lesa-pátria, mas a destruição da empresa por conta da intervenção de Dilma via MP 579 foi esquecida", resume a economista.



Rose Amantéa, Gazeta do P:ovo

Corrupto condenado a mais de 20 anos de cadeia, Lula torrou R$16 milhões dos pagadores de impostos só no aluguel de carrões em viagens luxuosas ao exterior

 

TV SIC expressa sua perplexidade com a exagerada comitiva que Lula levou a Portugal - (Foto: reprodução da TV).


A sempre numerosa comitiva de Lula impôs ao pagador de impostos faturas somadas de cerca de R$16 milhões só para alugar carrões em suas 24 viagens internacionais este ano. Esse custo não inclui a atual viagem. Na primeira aos Estados Unidos, em fevereiro, até ambulância alugada por cerca de R$49 mil fez parte do cortejo de bajulação a Lula e Janja. A comitiva gastou mais de R$1 milhão em três dias de carros alugados nesse primeiro passeio aos EUA. Os dados solicitados pela coluna só foram liberados por meio da Lei de Acesso à Informação.

Documento enviado à coluna (foto) mostra vultosas quantias de dólares para bancar carrões da comitiva de Lula e Janja.

Café caro

A paradinha que Lula fez para bajular a ditadura cubana, antes do G7, em setembro, deixou amarga fatura: R$110 mil em carros alugados.

Milhões em NY

Os carrões de Lula em Nova York, quando foi ofuscado pelo presidente Volodymyr Zelensky (Ucrânia), saíram bem caro, cerca de R$4,3 milhões

Grana aos hermanos

Lula, que deve ir menos à Argentina com vitória acachapante do libertário Javier Milei, deixou por lá aproximadamente R$550 mil só com carrões.

Santa gastança

A ida de Lula ao Vaticano, que rendeu só 30 minutos de agenda com o Papa, deixou custosa fatura: cerca de R$648 mil bancaram belos carros.

Com o Diário do Poder