terça-feira, 31 de maio de 2022
Clint Eastwood faz 92 anos
Ator, diretor e produtor norte-americano é considerado uma das principais estrelas de Hollywood
O ator, diretor e produtor Clint Eastwood faz 92 anos nesta terça-feira, 31. Uma das maiores estrelas de Hollywood, o artista norte-americano conquistou fãs principalmente depois de interpretar personagens de filmes de faroeste, como Os Imperdoáveis (1992), que também contou com a participação dos astros Morgan Freeman e Gene Hackman.
Ele dedicou três décadas de sua vida ao cinema, apareceu em cerca de 60 produções e comandou mais de 30. Em sua prateleira de prêmios, há cinco Oscars — dois de Melhor Filme e dois de Melhor Diretor.
Para celebrar o aniversário de um dos maiores nomes da história do cinema, Oeste preparou uma lista dos cinco melhores filmes estrelados por Clint. O material foi selecionado com base nas críticas disponíveis no portal especializado Rotten Tomatoes.
5) O Estranho sem Nome (1973)
Ao chegar a uma pequena cidade do Arizona, um homem mata três pistoleiros depois de ser provocado. O problema é que um dos defuntos havia sido contratado pelos moradores da região para protegê-los de bandidos. O estranho decide assumir a missão, mas apenas mediante algumas condições — pintar a cidade de vermelha e rebatizá-la de “Inferno”.
Índice de aprovação: 93%.
4) Na Linha de Fogo (1993)
Frank Horrigan, um agente do Serviço Secreto, está sempre se recordando de um evento ocorrido em 22 de novembro de 1963, quando havia sido escolhido a dedo pelo então presidente dos Estados Unidos, John Kennedy. Ele acabou se tornando um dos poucos agentes a deixarem um presidente ser assassinado.
Índice de aprovação: 96%.
3) Os Imperdoáveis (1992)
Bill Munny, um pistoleiro aposentado, volta à ativa quando lhe oferecem US$ 1 mil para matar os homens que cortaram o rosto de uma prostituta. Neste serviço, outros dois pistoleiros o acompanham.
Índice de aprovação: 96%.
2) Três Homens em Conflito (1996)
Em meio à Guerra Civil dos Estados Unidos, três homens fazem de tudo para colocar as mãos em US$ 200 mil roubados. Eles utilizam estratagemas diferentes, correndo contra o tempo e contra a concorrência voraz.
Índice de aprovação: 97%.
1) Por um Punhado de Dólares (1964)
Um pistoleiro sem nome chega a San Miguel, cidade no México que faz fronteira com os Estados Unidos. O lugar está em guerra, dividido entre duas facções poderosas — os Baxters e os Rojos. Ambas querem o apoio do pistoleiro. Para ganhar dinheiro, o homem aceita as duas propostas e passa a trabalhar para as gangues rivais.
Índice de aprovação: 98%.
0) Hors-concours — Gran Torino (2008)
Walt Kowalski é um inflexível veterano da Guerra da Coreia. Para passar o tempo, o ex-militar faz consertos, bebe cerveja e vai mensalmente a um barbeiro. Sua vida é completamente alterada quando passa a ter como vizinhos os imigrantes hmongs, vindos de Laos, um país localizado no sudeste asiático.
Edilson Salgueiro, Revista Oeste
Lira defende privatização da Petrobras: ‘Vai viver com o ônus e o bônus’
Presidente da Câmara disse que uma possível votação de proposta de privatização da estatal pode ocorrer a partir de novembro
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), voltou a defender a privatização da Petrobras, que, segundo ele, atualmente se preocupa apenas com a distribuição de dividendos e não assume a responsabilidade pela alta dos preços dos combustíveis — que sempre recai na conta do Poder Executivo federal.
“Aí a Petrobras deixa de ser uma empresa estatal e vai viver com o ônus e o bônus de sua marca. Penso que é uma forma de o governo se livrar do ônus do aumento dos combustíveis”, afirmou, em entrevista à TV Record.
Lira disse, no entanto, que a possível votação de uma proposta de privatização da estatal pode ocorrer a partir de novembro, depois do período eleitoral.
O presidente da Câmara defendeu, na última semana, penalizações contra a Petrobras. De acordo com ele, existe denúncia de cartel no gás de cozinha. “O Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] já deveria ter dado resposta a esses exageros do monopólio da Petrobras. Ela pode responder por isso e por muito mais coisas”, disse.
A privatização da Petrobras é defendida pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) e é vista como um dos focos do ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, que assumiu recentemente o ministério.
Revista Oeste
GloboLixo emite nota após confirmar saída de André Marques. Quem vai apagar a luz na ex-vênus platinada?
A TV GloboLixo se posicionou sobre a saída de André Marques da emissora. O desligamento ocorre após 27 anos de trabalho.
O apresentador é um dos nomes do alto escalão do veículo e chegou a comandar os principais programas de entretenimento do canal.
Nos bastidores, a informação gerou surpresa em muitos colegas de profissão.
Em nota, a GloboLixo cita “transformações do mercado” e diz que está adotando “novas dinâmicas de trabalho”.
— André Marques deixa a Globo, após uma longa trajetória como ator e apresentador. Do inesquecível Mocotó de Malhação, em 1995, à apresentação do É de Casa, matinal que integra desde a estreia, passando por realities como The Voice Kids, The Voice+, The Voice Brasil, Superstar, e No Limite, além do Vídeo Show, foram 27 anos em que seu carisma, talento e sua irreverência conquistaram o público — diz trecho do comunicado.
— Como todos sabem, a Globo, em sintonia com as transformações do mercado, vem adotando novas dinâmicas de trabalho com seus talentos. E esse novo modelo de gestão de talentos permite que as parcerias sejam renovadas e em muitos outros formatos. André tem abertas as portas da Globo para futuros projetos em todas as suas múltiplas plataformas — acrescenta o texto.
'A arte e a cultura são mercadorias como quaisquer outros bens de consumo', escreve Diogo Costa
Por isso, seu financiamento deve ser estritamente via livre mercado
Mesmo quem aceita uma boa dose de mercado nas atividades humanas tende a torcer o nariz quando se trata de cultura. Especialmente os artistas.
Lembro de ver Vaclav Havel — o escritor, intelectual e dramaturgo que se tornou o primeiro presidente Tchecoslováquia pós-comunismo — em um debate com o Bill Clinton fazer os elogios de costume ao mercado, para depois explicar que, em se tratando de arte, a mão invisível não bastava. Era necessário algum tipo de controle do governo.
A produção do artista, seja ele um cineasta, um músico, um pintor ou um diretor de teatro, por algum motivo obscuro, já nasce com uma distinção moral. Parece suja quando feita por dinheiro, para ser comercializada, trocada por outra coisa. O grande artista faz a arte pela arte, não a arte por um carro ou uma passagem de avião.
Mas a comercialização da arte não necessariamente diminui sua autenticidade. Pelo contrário, as possibilidades comerciais de uma obra de arte costumam conferir mais valor ao trabalho genuíno. Não só isso: o comércio da arte permite que artistas sejam mais independentes, mais recompensados pelo seu trabalho e, no final, faz com que a cultura de uma sociedade seja mais diversa e de melhor qualidade.
Esse é o argumento de Tyler Cowen em seu livro In Praise of Commercial Culture [Em defesa da cultura comercial]. Conforme explica Cowen, grandes nomes que hoje são marcos da história da arte, música, literatura e cinema foram na verdade empreendedores artísticos.
Michelangelo não deixava de lucrar com a venda do seu trabalho. Beethoven admitia a necessidade de comercializar sua música: "Eu amo uma vida independente, e isso eu não posso ter sem um pequeno salário". Shakespeare levava uma boa vida com a renda que recebia do seu trabalho como ator e dramaturgo. O próprio Charles Chaplin confessou: "Eu entrei nessa ocupação por dinheiro, e a arte brotou daí. Se as pessoas ficam desiludidas com essa afirmação, não há nada que eu possa fazer. É a verdade".
De fato, com o advento do capitalismo, os artistas se tornaram mais autônomos e menos submissos a caprichos particulares. É melhor ter uma multidão de clientes a ter um mecenas. No século XVIII, Samuel Johnson se referia a um mecenas como alguém "que apóia com insolência, e é pago com vaidade".
A possibilidade de vender arte para o mercado possibilitou aos artistas serem mais experimentais e desenvolverem seus próprios nichos. A explosão artística da Amsterdam do início do século XVII ocorreu pela emergência de uma classe urbana consumidora de arte. E a diversificação de nichos sem equivalente na história que vemos hoje ocorre porque a capacidade de distribuição e penetração do mercado chegou a patamares impensáveis com a internet.
A cultura comercial também nos dá maior acesso a obras do presente e do passado. Não é preciso embarcar para a Inglaterra para ter acesso à melhor atuação do mundo atual. Basta ir até o cinema mais próximo, ou ver um filme na tela do seu computador.
Se quisermos experimentar os clássicos, a música e a literatura do passado jamais foram tão acessíveis. Qualquer pessoa que queira ouvir Haydn ou ler Goethe pode comprar um CD e um livro de bolso pelo preço de uma refeição.
Os críticos da cultura comercial desprezam esse aumento de acesso e variedade alegando que o comércio destrói a qualidade. Normalmente, esse raciocínio se baseia numa visão romantizada do passado, na qual o cidadão comum da metade do século XVIII apenas ouvia Bach e lia Milton. Em qualquer período da história, as mais geniais produções artísticas nasciam em meio a uma abundância de mediocridade. Apenas as pérolas resistem o teste do tempo e chegam até nós, passando uma visão distorcida do passado.
Além do mais, não há razões para se acreditar que grandes produtos culturais deixam de ser produzidos hoje. O cinema, o principal meio de comercialização artística do século XX, tem produzido roteiros de fantástica originalidade e profundidade. Grandes sucessos comerciais de Hollywood como O Senhor dos Anéis, A Lista de Schindler e Top Gun oferecem uma experiência cultural dificilmente igualada em qualquer outro momento da história.
A existência de bandas que apelam para o mínimo denominador comum não impede a existência das composições elaboradas do jazz ou até do rock eletrônico. Mesmo a televisão hoje oferece séries com enredos complexos. Os Sopranos, por exemplo, combinava várias vezes diferentes tramas em uma mesma cena envolvendo uma dezena de personagens recorrentes.
Mesmo que o crítico da cultura comercial aceite a vitalidade dos produtos culturais contemporâneos, ele pode contestar o significado social de tratar a arte como mercadoria. Críticas nesse sentido vêm tanto da direita quanto da esquerda.
Quem deve determinar o valor da cultura
A esquerda progressista acredita que cabe ao governo determinar o sucesso de diferentes empreendimentos culturais porque é necessário priorizar o vanguardismo, mesmo que este não tenha apelo comercial. Artistas querem que a produção de arte não seja influenciada pelos consumidores, mas por um comitê central.
Com efeito, toda a gritaria da classe artística brasileira quando se aventou o fim do Ministério da Cultura era uma admissão explícita de que sua "arte", sem subsídios, é inviável. E é inviável porque o público consumidor simplesmente não se interessa por consumi-la. E esse desprezo do público fere os brios da classe, que então recorre ao governo para se manter.
Uma regra econômica básica diz que, se algo só se mantém se receber dinheiro do governo, então é porque o povo está demonstrando, de forma clara e voluntária, que não quer sustentar espontaneamente essa atividade. Se algo é realmente bom e é demandado, não precisa de subsídios. Se algo só se sustenta com subsídios, então é porque ou é ruim ou não é demandado. E se é ruim ou não é demandado, então não merece subsídios.
Ademais, é difícil imaginar algo mais conservador e reacionário do que um comitê de burocratas comandando a produção cultural, como se fosse um mecenas atualizado.
O interessante é que grandes gênios costumam não ser reconhecidos como tais enquanto ativos. Alfred Hitchcock, por exemplo, caso a cultura fosse controlada pelo governo, não teria atingido o mesmo sucesso e volume de produção. Seria provavelmente desprezado por um comitê das artes por ser popular e comercial demais. Se Van Gogh houvesse vivido em um país socialista, lembrava Mises, o tirariam do ateliê para colocá-lo num hospício.
Já a direita conservadora equipara cultura popular a insalubridade cultural. Os mitos e símbolos clássicos são superiores às suas imitações contemporâneas e, portanto, a cultura popular moderna deve ser rejeitada em favor do bem de nossa civilização. Mas pense nos grandes inimigos da nossa civilização. Tanto o comunismo quanto o nazismo prezavam pela arte clássica. Era a cultura popular que eles detestavam.
Como lembra Tyler Cowen, "Bach, Mozart e Beethoven eram permitidos na União Soviética. Jazz, swing e blues eram proibidos". O Rock and Roll e o cinema hollywoodiano foram aliados civilizacionais na derrota dos totalitarismos do século XX. A peça de Tom Stoppard Rock'n'Roll ilustra essa insurreição artística.
A arte como mercadoria, portanto, enriquece nossa vida com mais acesso às culturas do passado e do presente, dá aos artistas mais independência, diversifica e amplia as criações culturais e, last but not least, é uma arma contra aqueles que querem destruir as instituições que permitem o florescimento do espírito humano.
Deixe que ela seja livremente demandada pelos consumidores e financiada espontaneamente por esses consumidores desejosos. O instrumento para isso se chama livre mercado.
Mises Brasil
'Contra a privatização da Petrobras, apenas clichês e bordões', diz Ubiratan Jorge Iorio
É o que ele argumenta em artigo publicado na Revista Oeste
Em artigo publicado na Edição 114 da Revista Oeste, Ubiratan Jorge Iorio argumenta que é necessário privatizar a Petrobras.
Leia um trecho
“Os argumentos contra a privatização da Petrobras são invariavelmente generalidades repletas de bordões e ocas de lógica: ‘o petróleo é nosso’, ‘o setor é estratégico’, ‘não podemos vender o patrimônio público a preço de bananas’, ‘a empresa já é eficiente’, ‘ela tem uma função social’ e outros arroubos juvenis semelhantes, que torturam há bastante tempo os ouvidos apurados. É um panegírico repleto de clichês daquele nacionalismo ultrapassado de Vargas e Brizola e sem nenhuma substância. Puro populismo eleitoreiro.
Não existe, simplesmente, o tal ‘patrimônio público’, pois se alguém entrar na sede da Petrobras achando que o prédio lhe pertence, será detido pelos seguranças na portaria e terá de se identificar e informar o que vai fazer. O ‘petróleo é nosso’ é outra falácia, já que, se um motorista ingênuo mandar um frentista encher o tanque do seu carro e disser que não vai pagar por isso, certamente terá problemas. O argumento “estratégico” também é frágil, já que, no caso probabilisticamente impossível de o Brasil se envolver em uma guerra contra o país-sede da empresa privatizada, basta acionar as Forças Armadas e ‘tomá-la’, como, aliás, Evo Morales fez em 2006 com duas refinarias da Petrobras na Bolívia, com a ‘bênção bolivariana’ do então presidente do Brasil. A alegação de que a Petrobras já é eficiente pode ser assim retrucada: sim, você tem razão, mas poderia ser muito mais. E a lenga-lenga de que a empresa tem uma ‘função social’ (seja lá o que for isso) não passa de um pleonasmo enfeitado de boas intenções, uma vez que toda e qualquer empresa, privada ou pública, tem uma função dentro da sociedade, porque as atividades econômicas são também, por definição, sociais.”
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Revista Oeste
A Edição 113 da Revista Oeste vai além do texto de Ubiratan Jorge Iorio. A publicação digital conta com reportagens especiais e artigos de Silvio Navarro, J.R. Guzzo, Guilherme Fiuza, Rodrigo Constantino, Ana Paula Henkel, Cristyan Costa, Bruno Freitas, Dagomir Marquezi, Flávio Gordon, Bruno Meyer, Salim Mattar, Gabrielle Bauer e Edimilson Migowski.
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Revista Oeste
Iochpe-Maxion e EPL, da Índia, investirão cada uma R$ 100 mi em fábricas no Brasil
Maior fabricante de rodas automotivas do mundo quer atender o agronegócio com fábrica de Cruzeiro, interior paulista
Uma multinacional brasileira e uma grande companhia indiana do setor de embalagens anunciaram investimentos, cada uma, de R$ 100 milhões em fábricas nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
A primeira a fazer o anúncio é a EPL. A companhia da Índia vai investir o montante em uma fábrica na cidade de Seropédica, no Rio de Janeiro, para a produção de tubos de cremes dentais para o gigante P&G, a Procter & Gamble.
A previsão é que a unidade comece a operar ainda em 2022, segundo a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Rio de Janeiro. A EPL possui fábricas em mais de dez países no mundo e já conta com operações na América Latina, como México e Colômbia. Agora, entra de vez no Brasil.
Em fevereiro de 2022, o CEO da EPL, Anand Kripali, afirmou que faria investimentos no Brasil com uma multinacional, sem revelar qual, com um acordo de longo prazo. Na teleconferência, ele revelou que a produção no Brasil seria 60% voltada para higiene bucal e 40% para cosméticos em outras áreas.
Na mesma fala, ele enalteceu o potencial do mercado consumidor no Brasil. O país, segundo ele, é um dos maiores mercados emergentes do mundo. “(O Brasil) Nos dá uma base e acesso a um mercado muito grande, tanto do tamanho de mercado existente quanto também em termos de potencial de crescimento”, disse Kripalu.
Outro investimento vai partir da multinacional brasileira Iochpe-Maxion, maior fabricante de rodas automotivas do mundo, fundada em 1918 no Rio Grande do Sul. Os R$ 100 milhões serão destinados para uma fábrica em Cruzeiro, cidade de 82 mil habitantes, para elevar em cerca de 25% a produção de rodas para caminhões e máquinas agrícolas.
O aporte vai abranger a ampliação da produção dos chamados componentes estruturais, como chassis para veículos comerciais. A decisão de investir se deve sobretudo pela demanda do agronegócio no país, que abre espaço para o aumento da capacidade na fábrica. A expansão vai abrir novas vagas de trabalho na unidade, mas a companhia não revela quantas posições serão abertas.
Bruno Meyer, Revista Oeste
Teste de segurança das urnas eletrônicas do TSE é insuficiente, diz Carlos Rocha, um dos criadores do equipamento
Ele afirma que procedimento do TSE não considera possível invasão interna
Os testes públicos das urnas eletrônicas (TPS) demonstraram “maturidade”, constatou uma comissão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em um documento enviado ao presidente da Corte, ministro Luiz Edson Fachin.
O TPS é um processo em que especialistas tentam identificar vulnerabilidades que violem a integridade e o sigilo dos votos na urna. O TSE convida técnicos de universidades, hackers e peritos da Polícia Federal para os procedimentos.
Em novembro, durante seis dias, cinco dos 29 ataques à urna conseguiram burlar algumas barreiras de proteção do TSE. À época, o então presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, disse que nenhum chegou perto de burlar a urna.
Especialista comenta teste das urnas eletrônicas
Carlos Rocha, engenheiro formado no Instituto Tecnológico de Aeronáutica e um dos criadores da urna eletrônica, disse que o TPS não é suficiente, porque não considera a possibilidade de um ataque interno. “O TPS está relacionado a menos de um terço do risco de invasão do sistema”, observou Rocha. “Quase 70% das invasões de sistemas têm origem dentro das próprias organizações.”
O especialista defende o que chamou de “auditoria independente do TSE para assegurar a assertividade da totalização de resultados”. “Outro passo essencial surge na implantação de um sistema de segurança certificado pela norma ISO 27001 (conjunto de regras que garantem a confidencialidade de dados)”, disse.
“Inmetro e TSE devem definir, em conjunto, o processo de certificação independente da urna eletrônica e dos programas do sistema eletrônico de votação”, defendeu Rocha. “Até a balança da padaria precisa ser certificada.”
Leia também: “É proibido modernizar a urna eletrônica?”, reportagem publicada na Edição 69 da Revista Oeste
Cristyan Costa, Revista Oeste
A ambivalência de Biden sobre a guerra na Ucrânia
Segundo o Wall Street Journal, hesitação dos EUA em suporte militar encoraja a Rússia a acreditar que pode vencer
Às vezes é difícil dizer se o presidente Joe Biden e seus estrategistas querem que a Ucrânia vença a guerra contra a Rússia ou apenas sobreviva para assinar uma trégua. A observação é de um editorial do The Wall Street Journal da segunda-feira 30.
Segundo o jornal norte-americano, a ambivalência de atitude de Biden começa a virar um problema, no momento em que a Rússia consegue ganhos militares significativos na região de Donbass, leste da Ucrânia, num setor estratégico do conflito.
Atualmente os ucranianos precisam mais do que nunca de sistemas de lançamento de foguetes de longo alcance para combater a artilharia russa. O reforço de aparato de defesa daria ao país a chance de retardar o avanço dos invasores.
Segundo o Wall Street Journal, o Pentágono vazou que os EUA podem fornecer em breve alguns sistemas de foguetes de médio alcance para a Ucrânia. No entanto, Biden declarou no domingo que não vai ceder qualquer tipo de aparato que possa significar ataque à Rússia.
O governo norte-americano teme cruzar uma linha diplomática que mude o status do país de um apoiador externo da Ucrânia para a condição de agressor da Rússia. O desejo de Biden e seus estrategistas internacionais é que os ucranianos evitem disparar foguetes além da fronteira. Se em algum momento o país presidido por Volodymyr Zelensky for além, talvez não dê mais para os EUA recuarem.
Outro exemplo da ambivalência da Casa Branca é a recusa em liderar uma coalizão disposta a quebrar o bloqueio da Rússia às exportações de grãos ucranianos no Mar Negro. A Ucrânia fornece grande parte das sementes de trigo e oleaginosas do mundo, e os líderes mundiais estão alertando sobre a escassez e os aumentos de preços. Distúrbios alimentares são cada vez mais possíveis em muitos países.
Mais uma vez, os EUA estão oferecendo uma concessão que permite à Rússia se safar de colocar mais pressão econômica sobre a Ucrânia e o Ocidente sem medo de uma resposta. Esta não é uma maneira de ganhar uma guerra, ou mesmo de forçar um impasse em termos favoráveis para os aliados ucranianos.
O presidente russo, Vladimir Putin, não desistiu de seu projeto de derrubar Kiev e ameaçar diretamente a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Neste momento, a hesitação de Biden em ajudar a Ucrânia de maneira mais assertiva encoraja a Rússia a acreditar que ainda pode alcançar uma vitória estratégica.
Revista Oeste
Suzano papel vai fornecer energia para Cemig
A empresa gera eletricidade como subproduto da fabricação de papel e celulose
A Suzano venceu um contrato para fornecer energia elétrica para a Cemig, a Light e a Coelba, da Neoenergia. A empresa gera eletricidade como subproduto da fabricação de papel e celulose.
Sem considerar os reajustes que serão feitos ao longo dos anos, o valor do contrato é de quase R$ 3 bilhões. Ele prevê o fornecimento de energia elétrica da Suzano para as concessionárias de janeiro de 2026 a dezembro de 2045. A quantidade a ser enviada é de 50 MWm ao mês.
“O volume de energia vendido citado acima refere-se a uma parcela da geração estimada de energia excedente de 180 MWm da nova planta de celulose em construção no município de Ribas do Rio Pardo, no Estado de Mato Grosso do Sul”, informou a empresa em comunicado. As operações da unidade estão previstas para ter início no segundo semestre de 2024.
De acordo com a empresa, “a transação é convergente à estratégia de longo prazo da companhia, contribuindo para sua competitividade estrutural e provendo ao grid brasileiro energia renovável de biomassa a partir de árvores plantadas de eucalipto”.
O negócio de eletricidade não é novo para a Suzano. Ao longo de 2018, por exemplo, ela forneceu 214 MWm para a Sistema Nacional Integrado, conforme dados no site da empresa. Entre as metas da companhia está “aumentar a exportação de energia renovável à rede para 322 MWm” até 2030.
Artur Piva, Revista Oeste
Indicada ao STF por Dilma, laranja de Lula, maior ladrão do Brasil, Rosa Weber segue chantageando Bolsonaro. Dá 10 dias para o presidente da República explicar combate ao ‘racismo institucional’
'Ministra' acolheu pedido de Rede, PT, PDT, Psol, PV, PSB e PCdoB, e de uma ONG, sem exceção, integrantes da organização criminosa do Lula
A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu 10 dias para o presidente Jair Bolsonaro prestar informações sobre políticas públicas contra o “racismo institucional”. Segundo a magistrada, a Advocacia-Geral da União e a Procuradoria-Geral da República também têm de se manifestar.
Weber acolheu um pedido da ONG Coalização Negra por Direitos e de partidos de esquerda (Rede, PT, PDT, Psol, PV, PSB e PCdoB). O documento foi protocolado no STF em 12 de maio. Na papelada, o ajuntamento acusa Bolsonaro de “omissões que violam os direitos constitucionais” dos negros.
O grupo solicitou ainda que o STF obrigue Bolsonaro a elaborar, em um ano, um “Plano Nacional de Enfrentamento ao Racismo Institucional e à Política de Morte à População Negra”. Em linhas gerais, trata-se de um conjunto de políticas públicas para “combater a violação de direitos da população negra”.
Principais exigências da organização criminosa do Lula sobre “racismo institucional”
- Medidas de combate “ao racismo institucional nas instituições públicas e privadas”;
- Políticas públicas para garantir “o pleno exercício dos direitos políticos da população negra, considerando medidas que visem mitigar a violência política a candidatas e mandatários negros, criando mecanismos efetivos de monitoramento e investigação de casos de violência política, notadamente a de gênero”;
- Cursos de formação de policiais federais e dos Estados que tenham, “obrigatoriamente”, conteúdos sobre relações raciais, o enfrentamento ao racismo institucional e os direitos e garantias fundamentais”;
- Criação de “centros de referência multidisciplinares para o atendimento de pessoas vítimas do racismo institucional”;
- Providências para a “proteção dos espaços de exercício de fé das religiões de matriz africana, bem como de suas liturgias”;
- Ampliação das “políticas públicas voltadas para a garantia do direito à alimentação, segurança alimentar e nutricional da população negra”.
Leia também: “A perseguição a Bolsonaro”, reportagem publicada na Edição 75 da Revista Oeste
Com informações de Cristyan Costa, Revista Oeste
Governo dispensa diretores da PRF depois de caso em Sergipe
As exonerações de Jean Coelho e Allan da Mota foram publicadas no Diário Oficial
O diretor-executivo da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Jean Coelho, e o diretor de Inteligência, Allan da Mota Rebello, foram dispensados das suas funções nesta terça-feira, 31. A informação foi publicada no Diário Oficial da União, assinada pelo Ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.
A dispensa ocorre uma semana depois de a morte de Genivaldo de Jesus Santos, 38 anos, vir à tona. O caso ocorreu em Umbaúba, no sul de Sergipe. A relação entre a dispensa dos diretores e esse caso não foi esclarecida pelo governo.
O caso
Genivaldo morreu na quarta-feira 25, depois de ser preso no porta-malas de uma viatura durante uma abordagem da PRF. Um vídeo que circula na internet mostra uma dupla de agentes tentando fechar a porta traseira da viatura sobre Genivaldo.
Nas imagens, é possível ver uma espessa fumaça branca exalando do porta-malas. Os agentes admitiram ter feito o uso de gás lacrimogênio e spray de pimenta.
De acordo com a família de Genivaldo, o homem tinha esquizofrenia e tomava remédios controlados havia 20 anos. Um laudo do Instituto Médico Legal (IML) de Sergipe constatou que as causas da morte de Genivaldo foram asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda.
Na quinta-feira 26, a PRF informou que afastou os policiais envolvidos na abordagem de Genivaldo.
Revista Oeste
Ministério formaliza pedido para incluir Petrobras em estudo para privatização
O objetivo é dar início ao levantamento para a proposição de ações necessárias à desestatização da empresa
O Ministério de Minas e Energia (MME) pediu formalmente, na segunda-feira 30, ao Ministério da Economia a inclusão da Petrobras em uma lista de estudos para uma possível privatização.
No início do mês, o ministro do MME, Adolfo Sachsida, afirmou que, como primeira medida à frente da pasta, pediria estudos ao governo sobre a eventual privatização da Petrobras e da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA). Na sexta-feira 27, o presidente Jair Bolsonaro (PL) já havia assinado um decreto que incluiu a PPSA no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI).
O PPI é o responsável por gerir os projetos de privatização e concessão. Para a Petrobras ingressar no programa, é necessário que o conselho do PPI ratifique a recomendação e que um decreto presidencial seja publicado.
Por meio de nota, o MME afirmou que a “qualificação da Petrobras no PPI tem como objetivo dar início aos estudos para a proposição de ações necessárias à desestatização da empresa, os quais serão produzidos por um comitê interministerial a ser instituído entre o MME e o Ministério da Economia”.
O documento informou ainda que a proposta se dá em um momento favorável, devido à “conjuntura energética corrente”, “à situação geopolítica mundial”, “às discussões sobre o ritmo da transição energética” e “ao realinhamento global dos investimentos”.
“O processo é fundamental à atração de investimentos para o país e para a criação de um mercado plural, dinâmico e competitivo, o qual promoverá ganhos de eficiência no setor energético e uma vigorosa geração de empregos para os brasileiros”, disse o ministério.
Revista Oeste
segunda-feira, 30 de maio de 2022
Top Gun: Maverick se torna a maior bilheteria da carreira de Tom Cruise
Longa-metragem superou Guerra dos Mundos no portfólio do ator
Nos três primeiros dias de estreia nos EUA, o filme Top Gun: Maverick conseguiu quase US$ 125 milhões (cerca de R$ 600 milhões) em bilheteria. Trata-se de um recorde para a carreira de Tom Cruise, protagonista do filme. No mundo, Maverick arrecadou US$ 250 milhões (quase R$ 1,20 bilhão).
Antes de Top Gun: Maverick, a maior estreia de Cruise havia sido em 2005, com Guerra dos Mundos, que faturou US$ 64 milhões. Em segundo lugar está Missão: Impossível — Efeito Fallout, com US$ 61 milhões na estreia, em 2018.
Top Gun: Maverick marca a volta de Cruise ao papel do piloto da Marinha norte-americana Pete Mitchell, três décadas depois do primeiro filme, em 1986. “Esses resultados são absurdamente fantásticos”, comunicou Chris Aronson, presidente de distribuição doméstica da Paramount, em uma nota publicada no domingo 29. “Estou feliz por todos, pela empresa, por Tom e pelos cineastas.”
‘Masculinidade excessiva’
Ao estrear, em 26 de maio no Brasil, Top Gun: Maverick recebeu críticas de “masculinidade excessiva” e “testosterona demais”. No site especializado Omelete, o crítico Marcelo Hessel sustentou que o longa-metragem é voltado essencialmente para o público masculino “na faixa dos 40 anos”.
O filme não teria interesse em atingir o público mais jovem de hoje, porque “chega pronto para atender a essa demografia emasculada, que perdeu suas convicções para o discurso identitário no novo milênio”.
Guilherme Genestretti, do jornal Folha de S.Paulo, argumentou que a produção “faz ode à testosterona e ignora qualquer aceno ao feminismo”.
Por outro lado, Cruise defendeu a superprodução, afirmando que o espírito do filme permaneceria o mesmo. “Qual é a história de Maverick 30 anos depois? Porque ele não muda. Ele é aquele mesmo cara e ponto final”, disse.
Revista Oeste
Combinados, lavoura e gado chegam a dar receita 13 vezes maior no mesmo pedaço de terra
Luiz Lourenço é diretor-presidente da Cocamar| Foto: Divulgação / Cocamar
Uma das regiões pioneiras no país em adotar o sistema de integração-lavoura-pecuária-floresta (ILPF), há vinte anos, foi o Noroeste do Paraná, liderado pela Cooperativa Agroindustrial de Maringá, a Cocamar.
A maioria dos 220 mil hectares dos filiados da cooperativa que hoje estão no sistema ainda pratica apenas a integração lavoura-pecuária, sem o elemento árvore. Mas mesmo a ILP já dá resultados fora do comum na região conhecida como Arenito Caiuá, de solos pobres e arenosos, que cobre uma área de 3 milhões de hectares.
Árduo defensor do sistema, o presidente da Cocamar Cooperativa Agroindustrial, Luiz Lourenço, explica em entrevista que, além de recuperar o patrimônio ambiental do solo, a ILP tem impacto econômico irresistível. A diferença está entre faturar R$ 1,3 mil por hectare/ano, em média, no sistema de pecuária extensiva em pastos extenuados, ou até R$ 18 mil (13,8 vezes mais), na mesma área, mas com os corretos cuidados agronômicos, alternando soja com o gado e o capim braquiária. Confira.
ILPF chegou na época das voçorocas
Pelo que se conta, a adoção do sistema ILPF na Cocamar começou para enfrentar um baita problema de erosão na região do Arenito Caiuá, no Noroeste do PR. Foi isso mesmo?
Certa ocasião, um produtor veio e me perguntou: por que não dá para plantar soja no Arenito? Eu disse que não sabia a resposta, mas iria consultar. E naturalmente, os órgãos como Secretaria da Agricultura e Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) foram contra. ‘Isso daí não dá certo’, disseram, mas a gente insistiu. Até que designaram um profissional do Iapar pra gente trabalhar, e começamos com isso em 1997. A coisa foi andando e se estruturando. Em cima do quê? De não mexer no solo, ou mexer o mínimo possível. Nessa época se gradeava e arava muito, mesmo o latossolo roxo. O que não é recomendável. Hoje sabemos que o ideal é o plantio direto, em qualquer circunstância.
Chegada dos transgênicos mudou perspectivas
A gente encontrou problemas iniciais, porque quando se faz lavoura em cima de ex-pastagem, vem o capim e o controle é muito caro, na época os herbicidas eram caríssimos. Mas daí chegou o transgênico, em 2003/04, e esse assunto se resolveu. Ficou muito fácil fazer uma integração lavoura-pecuária porque você tinha bom controle da sementeira da braquiária.
E aí fez-se a rotação. O que é a integração? É você produzir muito mais numa mesma área. Nós temos hoje uma produtividade pecuária em cima de um hectare de solo, no Noroeste do Paraná, de R$ 1.200 a R$ 1.300 de faturamento bruto por ano. Quatro arrobas de boi. E quando você faz a integração, você aumenta muito esse faturamento. Temos exemplos de gente que saiu desses R$ 1.300 para R$ 17.000 e R$ 18.000 por hectare/ano. Produção de soja no verão e produção de carne no inverno. É a geração de riqueza em cima de uma mesma área. Esse é o conceito que a gente está procurando estabelecer. Que você hoje produz muito pouca riqueza em cima de um hectare, quando você pode produzir dez vezes mais.
Resultados econômicos falam alto no sistema ILPF
O apelo mais forte para adesão à ILPF é ambiental ou econômico?
É econômico. Claro, ambientalmente ela é perfeita. Porque a matéria orgânica vai ficando lá no solo. É carbono na veia. Além da palhada superficial, mesmo que o boi coma, os dejetos dele ficam lá. A rede de raízes da braquiária, mais a palhada de cima, dá sete toneladas de palha por hectare. Um absurdo. E qual é o segredo do solo? É matéria orgânica, uma terra bem equilibrada química e fisicamente. Então, na verdade, você pega um solo extremamente fraco em termos de fertilidade e através desse processo você aumenta a matéria orgânica e a fertilidade automaticamente. Tira dez vezes mais. Lógico, não é no primeiro ano nem no segundo. Isso vai acontecer lá pelo terceiro ou quarto ano, porque você tem uma dificuldade de equilibrar o solo. Por que ele tá zerado. Com duas ou três etapas você coloca o solo numa condição de cultivar normal.
Então, o que estamos fazendo é aumentar muito a riqueza e fazer uma conservação de solo espetacular. Voltando a terra ao que ela era no passado, uma terra fértil. Daí produz qualquer coisa. Tem fertilidade, produz o que você plantar lá em cima. Planta milho, planta soja, planta boi. O que quiser. Mas o nosso mecanismo, que a gente divulga, é trabalhar pecuária e soja. A soja é uma leguminosa, ela tem a característica de deixar nitrogênio estocado no solo. A pastagem que vem em seguida, ela se beneficia desse nitrogênio e fica muito melhor. A soja sai com vigor extraordinário.
Regiões de pecuária "mais jovens" aderem mais facilmente à ILPF
O governo anunciou neste mês a regulamentação do mercado de pagamento por fixação de carbono. O senhor acha que isso pode impulsionar a ILPF?
Ela por si só está avançando muito. O Mato Grosso, por exemplo, está transformando muito rapidamente suas pastagens com soja. Por que ali era um solo em média muito fraco, mas era estruturado. Na medida em que se faz esse trabalho, o solo melhora consideravelmente e passa a produzir tanto carne como soja, rapidamente. E lá o produtor, o pecuarista é um pouco mais rápido para entender as coisas. O pecuarista tradicional do Paraná, do interior de São Paulo, mesmo do Mato Grosso do Sul, próximo de Maringá, é um pessoal antigo, difícil de adesão, então a gente tem um pouco de dificuldade para avançar. Mas já avançamos bastante. Estamos com muitas áreas de integração bacana, tanto ILP como ILPF.
Quem adota volta ao sistema antigo?
Never more (risos). Por que a transformação do solo é monumental. Você tem um solo quase morto e depois um solo vivo, produtivo.
Santa Braquiária: ILPF mudou juízo sobre capim para o gado
Por que o senhor cunhou a expressão “Santa Braquiária”?
Por que era uma porcaria antigamente. Uma planta que foi trazida da África para pastagem. Ninguém deu muita bola para ela, era um capim como qualquer outro. Na verdade, antes era o capim colonião, um belo de um capim para o gado. Mas depois o colonião foi acabando, porque a fertilidade foi acabando e a braquiária se adapta um pouco melhor na terra fraca. E foram trazendo. Até que ela foi considerada praga, que atrapalhava tudo.
Quando a gente começou o processo ILPF, a braquiária entrou logo depois da soja, e foi uma coisa fantástica. Ela produz um perfil de solo com palhada em cima e palhada em baixo, enterrada com raízes. Por isso que digo que é Santa Braquiária. Ela tem raízes que alcançam 2,5m. Ela perfura o solo e descompacta o solo. E isso resolve um problema porque se o solo está compactado na lavoura, raiz da planta não alcança os nutrientes. E é um estoque de água, porque aquela raiz morta – você passa o herbicida RoundUp em cima e ela morre – ela passa a ser uma esponja, segurando a água para a planta que vem em cima em seguida, que é a soja. Ela traz um benefício imenso. E logo depois você planta a braquiária de novo para o gado comer, é maravilhosa.
ILPF é o "fim da pastagem ridícula e do boi magro"
Há uma beleza cênica na paisagem com ILP ou ILPF, uma harmonia nos elementos. É o sistema do futuro?
Ele muda toda paisagem. Antes você tinha aquela pastagem ridícula, de pasto baixinho, de boi magro. Acaba tudo, passa a ser uma coisa bonita, verde, viçosa.
E o elemento floresta?
Ele depende muito de cada apetite. Se eu fosse pecuarista 100%, eu plantaria os três. Por que daí você tem a floresta, que é um valor que você vai capturar um pouco mais à frente, a madeira, e tem a questão do bem-estar animal. Daí planta soja no meio, capim, soja, e o boi. Em três anos, você está voltando ao mesmo lugar. Quando você conseguir fazer essa rotação, você está feliz da vida. Por que aí é que tá produzindo de fato.
Sistema encontrou no Brasil condições ideais para prosperar
E isso se pratica em outros lugares do mundo hoje?
Que eu tenha notícia, não. O Brasil é único nisso. O plantio direto, sim, tem já a soja, nos EUA, por exemplo. Mas lá fora a ILPF não tem condição de fazer porque no momento em que estamos colocando o boi no pasto aqui, lá está neve. Lá não existe segunda safra. Aqui nós temos e consideramos até uma terceira safra. A própria palhada é uma safra, porque tem um valor econômico muito grande, é um insumo, um adubo que você gerou para tua próxima atividade.
É um cartão imbatível para apresentação da sustentabilidade brasileira?
Imbatível. Tanto é que o pessoal da Cop-26 veio ao Brasil, o chefão da Cop esteve num encontro na Embrapa em Brasília, e o assunto principal foi ILPF. Eles viram o trabalho executado, conheceram a fazenda Santa Brígida, que é o projeto mais maduro e antigo que nós temos, e saíram encantados daqui.
Mascos Toest, Gazeta do Povo