segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Prisão de ativista ligado aos terroristas do Antifas e do Black Lives Matter aumenta suspeita sobre a presença de infiltados na invasão do Capitólio

 



Invasão do Congresso americano durante sessão de certificação do resultado da eleição presidencial, 6 de janeiro| Foto: Joseph Prezioso / AFP



A prisão de um rapaz atraiu a atenção de líderes de direita, incluindo o advogado do presidente Donald Trump, Rudolph W. Giuliani, que disse que a Antifa foi a verdadeira organizadora do ataque ao Capitólio. Esse é certamente um exagero, dado que já foram identificados alguns invasores ligados à conspiração QAnon.


Mas a prisão de John Earle Sullivan (26 anos) levanta a suspeita que a esquerda radical pode ter se infiltrado em meio à turba dos apoiadores de Donald Trump.


O Departamento de Justiça dos EUA confirmou na última quinta-feira (14) a acusação formal à Sullivan, ativista de movimento antirracismo (na verdade, um movimento terrorista), por invasão e conduta desordeira, durante os distúrbios no Capitólio do início deste mês. O réu foi preso em Utah, estado onde reside.


Durante a condução do inquérito, Sullivan disse aos agentes do FBI que esteve presente na sede do Poder Legislativo dos EUA durante a invasão e que entrou no prédio por uma janela que havia sido quebrada. Inclusive mostrou aos agentes algumas filmagens que registraram o evento.


O rapaz alegou ser ativista e jornalista, embora tenha admitido que não têm credenciais de imprensa, e que apenas filmou os protestos e distúrbios.


Entretanto, a investigação que os agentes fizeram da filmagem liberada pelo próprio ativista mostra que seu papel foi além de um mero espectador.


O que diz a investigação

Depois que a multidão rompeu a última barricada, Sullivan acompanha a turba e grita em vários momentos: “Tem muita gente aqui. Vamos. Está m* é nossa!” – “Conseguimos essa m*. Fizemos isso juntos. F**! Todos nós fazemos parte dessa história.” – “Vamos queimar essa m* abaixo!”. Em outro momento, ao ver alguns indivíduos escalando uma parede, Sullivan incentiva-os gritando: “Vocês são f**.Vamos!”


O rapaz de Utah também pode ser ouvido tentando dissuadir policiais a largar seus postos: “vocês estão se colocando em perigo”, “há muitas pessoas, vocês têm de se afastar, as pessoas que tentaram fazer isso […] se machucaram, estou me preocupando com vocês”.


Em outro momento, Sullivan se junta a uma multidão numa parte do Capitólio que está sendo guardada por policiais. A turba se acumula na escadaria para tentar forçar uma porta trancada. “Há policiais na porta”, diz o rapaz. Pouco tempo depois, alguns tentam quebrar o vidro da porta. “Ei, pessoal, eu tenho uma faca! Tenho um faca! Deixem-me subir!”, grita Sullivan. Mas ele não consegue chegar até a porta.


Por esses motivos o rapaz terá de responder por desordem civil, invasão e conduta desordeira.


Antecedentes

Essa não é a primeira vez, contudo, que o rapaz se envolveu com a justiça. Em julho do ano passado ele foi acusado por participar de tumultos e fazer ameaças.


Ele havia organizado um protesto que contou com cerca de 80 a 100 pessoas na cidade de Provo, Utah. O protesto percorreu vias prioritárias para automóveis, impedindo a circulação dos motoristas. “Veículos foram danificados tanto por manifestantes quanto por John Sullivan”, afirma a queixa divulgada por um jornal local. Ainda neste episódio um outro manifestante do grupo teria disparado com uma arma de fogo contra um motorista, segundo o inquérito.


Sullivan, de acordo com a investigação do FBI, é líder de uma organização chamada “Insurgence USA”. Grupo que luta por “justiça racial e reforma policial”. 

'Reforma' aí é um eufemismo. O que eles querem é acabar com a Polícia. Têm cobrado abertamente que os governos democratas estaduais parem de investir na Polícia. A vice-presidente eleita, Kamala Harris, prega o fim da Polícia.


De acordo com o site do grupo: “o Insurgence USA foi iniciada em 2020 em resposta à tragédia de George Floyd”. Eles dizem lutar pelo “cuidado com a vida humana”, pelo fim da “brutalidade policial” e por “capacitar e elevar as vozes negras e indígenas”. Objetivos bastante semelhantes aos alegados pelo Black Lives Matter, mas que não é ligado diretamente a este movimento.


Lex Scott, um organizador de justiça racial que fundou o Black Lives Matter Utah há mais de sete anos afirmou ao Washington Post que Sullivan não é ligado ao movimento.


O BLM de Utah acusa Sullivan ainda de querer apenas ganhar “as manchetes” com sua conduta violenta e que está prejudicando o movimento negro com isso.


A participação de Sullivan na invasão do Capitólio levantou a suspeita de que membros de outros grupos de esquerda estariam presentes, afinal os métodos empregados por ele e seu movimento não diferem muito daqueles que foram usados nos protestos violentos do verão norte-americano passado. Contudo, as investigações do Departamento de Justiça ainda não revelaram que outros grupos de esquerda ou mesmo membros do Insurgence USA estivessem presentes.



Rafael Salvi, Gazeta do Povo