domingo, 17 de janeiro de 2021

"2030 e a falsa felicidade", por Guilherme Fiuza

 

 Foto: BigStock


A chamada Agenda 2030 do Fórum Econômico Mundial é uma das mais emblemáticas representações do que as sociedades hoje têm de pior: empáfia e futilidade. Conseguir juntar empáfia e futilidade já é, por si, uma façanha – e esta é a alquimia da “modernidade” do século 21: potencializar a falta de potência, encher de presunção a mediocridade.


O lema da tal Agenda 2030 é: “Você não vai ter nada e vai ser feliz”. É um convite de mentira – como tudo na cosmética politicamente correta – a um mundo de união, conectado pela inteligência e pela ética. Seria uma espécie de neorromantismo hippie, atualizado pela tecnologia – e que poderia soar até inspirador, se não fosse falso. Na verdade o mundo está assistindo a um surto megalômano de nerds bilionários conectados a ditadores dissimulados e perfumados por animadores de auditório e subcelebridades em geral. A burguesia adoeceu.


Esses tarados que só pensam em poder particular encontraram um truque muito eficiente numa era de empáfia & futilidade: o verniz ideológico. Essa burguesia narcísica e medíocre compra qualquer maquiagem revolucionária de 1,99. Você devia ter desconfiado na virada do século quando começaram a vender desvairadamente a China como vanguarda do capitalismo. Um regime ditatorial, fechado, com a liberdade do cidadão na ponta da espada estatal... Como você acreditou nisso como a locomotiva da modernidade?


Os androides do Fórum Econômico Mundial tratam a Covid como oportunidade. São desumanos sem nem se dar conta disso. Mas você não precisa entrar em grandes conjecturas geopolíticas, como as que circulam por aí, para entender o que está acontecendo. “Globalismo”, “governo mundial” e outros conceitos barrocos que os amantes de palestras gostam de repetir dizem muito pouco. Ou melhor: quase enobrecem propósitos rasteiros e nem tão sofisticados assim. Você acha que o ditador da China está trabalhando por um “governo global”?


Claro que não. Está trabalhando para expandir seu poder obscuro, do jeito que der. Aí a Covid realmente se tornou uma oportunidade – como dizem os burgueses fúteis do Fórum Econômico Mundial. E que “oportunidade” é essa? Basicamente, a de sujeitar os indivíduos e as sociedades a um punhado de regras autoritárias fantasiadas de segurança sanitária, sem lastro científico algum. Claro, com a propaganda hedionda de boa parte da grande imprensa sobre a suposta efetividade dessas regras. Quem não obedecer, apanha. Não só do Estado. É patrulhado violentamente pelo semelhante, pelo próprio cidadão. A propensão humana para o controle da vida alheia virou praticamente um videogame nesses tempos doentes.


Todos os sócios dessa picaretagem fantasiada de empatia – das mídias aos governos, das academias às corporações – estão construindo uma coisa só: um clube de elite fundado em falsas éticas. Não é que esse clube seja uma unidade, uma entidade definida, global, ou coisa assim. É apenas uma forma obscura de poder, totalmente legalizada pelos inocentes úteis. Não é um golpe da ONU, da OMS e afins. Essas entidades internacionais caindo aos pedaços são só a massa de manobra burocrática para ajudar a legalizar esse clube de esganados avarentos.


Democracia e liberdade estão sendo engolidas pelos pregadores de uma cartilha idiota que sujeita qualquer lei às suas vontades particulares (fantasiadas de ética e empatia). São entroncamentos de poder, cinismo e grana fantasiados de bondade. Se colar, colou. E está colando.



Gazeta do Povo