terça-feira, 19 de novembro de 2019

Bolsa a 105 mil pontos e dólar a R$ 4,20

Com a cautela de investidores em véspera de feriado, a Bolsa brasileira recuou 0,4% e voltou aos 105 mil pontos, menor patamar desde 18 de outubro. O dólar teve um leve recuo de 0,14%, a R$ 4,201, segundo maior valor nominal desde a criação do Plano Real.
Também pesou para a queda do Ibovespa, o viés negativo do índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, que recuou 0,36% com uma previsão menor de vendas no final de ano da gigante do varejo Home Depot. 

Operador da Bolsa e valores de Nova York
Ibovespa cai 0,4% e vai ao menor patamar em um mês - Xinhua/Guo Peiran
Nesta terça (19), o dólar encostou nos R$ 4,22 pela manhã, mas perdeu força com reportagem da Bloomberg, segundo a qual China e Estados Unidos estariam calculando a quantidade de tarifas a serem retiradas na "fase 1" do acordo comercial, que pode ser celebrada ainda este ano.
Também nesta terça, o presidente americano Donald Trump disse que o clima entre os países está bom e que "a China vai ter que fazer um acordo que eu goste", sendo que, sem acordo, as tarifas a importações chinesas vão subir.
Na segunda (18), o dólar fechou acima de R$ 4,20 pela primeira vez na história. O Banco Central (BC) não indicou intervenção para baixar a cotação, que acumula alta de 4,5% no mês. 
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que a instituição se importa apenas em como o valor do câmbio afeta a inflação e que a desvalorização recente do real não influenciou as expectativas de inflação, citando um cenário de melhora da economia, melhora de percepção de risco e redução dos juros de longo prazo.
O BC inclusive cancelou as ofertas de dólares em moeda spot previstos para esta terça, por conta do feriado em São Paulo pelo Dia da Consciência Negra na quarta (20), que reduz a liquidez. Na quinta (21), serão ofertados até US$ 785 milhões em moeda spot e 15.700 contratos de swap cambial reverso e 15.700 contratos de swap tradicional para rolagem do vencimento janeiro 2020.
Mais cedo, o BC havia cancelado operações anunciadas para esta terça, devido ao feriado de quarta-feira. O BC comunicou ainda que na quarta-feira não haverá oferta simultânea de dólar à vista e de contratos de swaps."Os volumes que seriam ofertados nesses dias serão distribuídos nos demais dias úteis do mês", disse.
Campos Neto também adiantou que o BC já tem pronto projeto para alterar a tributação do hedge cambial. Como já foi anunciado, a ideia da proposta é que os ganhos e perdas com hedge contratado por investidores de longo prazo em infraestrutura possam se compensar, de forma que a taxação só aconteça sobre um eventual ganho líquido, o que pode beneficiar a vinda de investidores estrangeiros.
No exterior, o viés foi misto, com o segundo corte deste ano na previsão de vendas da Home Depot para o final do ano e uma menor projeção de lucro da também americana Kohl's, rede de lojas de roupas. Ao mesmo tempo, um acordo comercial entre China e Estados Unidos parece mais provável de acordo com as declarações de Trump e reportagem da Bloomberg.
Na véspera, a rede de TV americana CNBC reportou que chineses estariam pessimistas com relação ao acordo com a relutância de Trump em remover tarifas a importações chinesas. Também na segunda (18), o governo americano emitiu uma nova extensão de 90 dias permitindo que as empresas dos Estados Unidos continuem fazendo negócios com a chinesa Huawei.
Apesar da queda no Dow Jones, S&P 500 fechou estável e Nadaq subiu 0,24%, atingindo uma nova máxima histórica, a 8.570 pontos.
No Brasil, o Ibovespa recuou 0,36%, a 105.864 pontos. O giro financeiro foi de R$ 14 bilhões, abaixo da média diária para o ano.
O risco-país medido pelo CDS (Credit Default Swap) de cinco anos subiu pelo segundo pregão seguido. O índice teve alta de 1,5%, a 126 pontos, maior valor desde a aprovação da reforma da Previdência em segundo turno no Senado, em 23 de outubro.
Com agências de notícia e Júlia Moura, Folha de São Paulo