quinta-feira, 17 de outubro de 2019

"Projeção de poder em alternativa à passividade da dissuasão", por Clidenberg Ribeiro

Na oportunidade desta retomada do país, pelo Povo do Bem, da nação, seria recomendável se avaliar, sob os aspectos políticos e estratégicos, a adoção de um maior protagonismo regional, quanto a Projeção de Poder no Brasil.

Diante de veladas ameaças, até então enrustidas, à nossa soberania na Amazônia, deveríamos rever nossa tradicional postura da estratégia da dissuasão.

Conforme a Conjuntura Internacional, sinaliza-se uma acentuada tendência, embora já tardia, de um emergente processo nacionalista, em franco desenvolvimento no ambiente do cenário das nações.

Rompe-se o paradigma imaginário e ilusório de um processo até então artificialmente imposto. Isto é, a globalização, promovida e proporcionada por grandes conglomerados  econômicos, pela nefasta ideologia comuno-socialista e, também, pela ortodoxa estratégia colonialista.

É a globalização, artificialmente imposta, sim! Por ser na sua essência e natureza ilegítima, ao pretender congregar Povos e Culturas diversas, confinados em uma Aldeia Global. 

Remeta-se ao Episódio Bíblico da Torre de Babel, quando algo similar ocorreu, respeitando-se às condições da época, que poderia ser interpretado como uma desobediência à Sagrada e Sublime Criação, com respeito à diversidade dos Povos e a pretensa equiparação de Poder, à Divindade.

Os Pontos de Inflexão desse novo viés nacionalista são vários. Passa, principalmente, pelo Plebiscito do BREXIT, pela eleição de Trump, e, em seguida, a de Bolsonaro. Mas também já se identifica consolidações no Leste Europeu, na Itália e efervescências nos Países Nórdicos, a partir da Holanda. 

E, mais recentemente, pela ação militar da Turquia, à primeira vista, apenas uma Projeção de Poder, expandindo, a exemplo de Israel, a salvaguarda das fronteiras. Mas que, também, poderia ser interpretada como uma sútil movimentação para ressurgimento do Estado Otomano, embora, inicialmente, menos espetacular do que dantes, redesenhando-se o Mosaico do Oriente Médio, desfazendo-se assim, finalmente, a colonização imposta à Região por ingleses e franceses, ao final da 1ª Guerra Mundial.

À guisa de subsídios, observa-se idêntica movimentação, embora no sentido contrário, dos EUA, com repatriação de suas tropas às suas fronteiras continentais. Ou seja, retrocedendo a uma situação também existente, até o respectivo envolvimento na 2ª Guerra Mundial. Em síntese, o slogan de “América para os americanos” incluiria, também, suas tropas militares.

Para uma maior consistência dessa análise, agregue-se a perda da importância do petróleo, na matriz energética global, desde já e, sobretudo, a partir de um cenário de dez anos adiante, 2030.

Após essa breve divagação, sobre reposicionamento de fronteiras dos outros, retomemos a problemática de nossas fronteiras do Norte do Brasil.

Diante das elocubrações acima fundamentadas, seria insensibilidade nos mantermos presos a uma estratégia do passado de apenas consolidação e desenvolvimento de Poder de Dissuasão.

Identifica-se à frente de nossas fronteiras Norte, especificamente, com a Venezuela e com a Colônia da França, Caiena, antagonismos de Projeção de Poder, sobre o Brasil. Cujos países protagonistas, respectivamente, Cuba e França, se apresentam como próceres, seja da globalização, e/ou, seja da ideologia comuno-socialista, e/ou, seja do colonialismo.

Poderia vir a ser uma imprudência, ou até uma temeridade, o Brasil resignar-se a tão somente uma Estratégia de Poder de Dissuasão.

Considere-se que ditos países estão atuando em projeção de fronteiras avançadas em relação às suas delimitações territoriais das respectivas Pátrias. 

Isto é, de fato não correm risco algum, no que diz respeito às respectivas soberanias territoriais. O que poderia tornar a simples Estratégia de Poder de Dissuasão adotada pelo Brasil, inócua, obsoleta. 

Visto que, em eventual conflito, não teriam seus respectivos territórios ameaçados. 

Portanto, nada de maior importância teriam a perder. Seus respectivos territórios estariam preservados, mesmo em caso de retrocederem e recuarem. Entretanto, o mesmo não se aplicaria à soberania territorial do Brasil, esta sim, em jogo.

A persistência de uma postura passiva de apenas dissuasão, torna o Brasil vulnerável à invasões territoriais, seja através do modelo clássico de guerras, ou por guerras assimétricas.

Já em 1808, D. João VI, fugindo de Napoleão, que invadiu Portugal, escoltado pelos ingleses, chega ao Brasil, então Colônia. Agindo como estadista, preocupa-se com a possibilidade de Napoleão usar Caiena, como “Cabeça de Ponte”, para ameaçar a integridade do Território do Brasil Colônia. 

Longe de uma postura passiva, partiu para o ataque e, em 1809, com o apoio de um navio inglês, tomou Caiena. 

Essa situação perdurou até 1817, quando Napoleão derrotado em Waterloo, atual Bélgica, em 1815, no Tapetão de Haia, a França foi vitoriosa e Portugal lhe devolveu todo o território da Guiana Francesa.

O que tornou a França, desde então, um país amazônico, como esbraveja Macron.

Talvez uma postura não passiva a ser adotada pelo Brasil seria de, pelo menos, atuar no campo diplomático e até em guerra assimétrica, tendo um protagonismo de promoção da Independência da Guiana Francesa.

Por exemplo, tornando-a “República de Caiena”, sem maiores pretensões territoriais, que não fosse a salvaguarda da Integridade do Território do Brasil, fomentado o estabelecimento de uma integração regional, através de alianças políticas, comerciais e militares, consolidados em acordos, preferencialmente, bilaterais.

Quanto à projeção de poder de Cuba na Venezuela, teríamos que ter uma postura mais agressiva, tanto no campo político-diplomático, como também na expressão militar, de modo contundente. 

Para tanto, dever-se-ia consolidar parceria com os EUA, neste mister, tirando proveito da possível estratégia americana de retorno ao isolamento, desde que se tenha assegurado a neutralização da influência político-militar da Rússia e da China na América Latina. 

E, da mesma forma, que na “República de Caiena”, promover-se a consolidação de um Estado Venezuelano, em consonância com os fundamentos básicos de uma sociedade livre, como ora em implantação pelo Estado Brasileiro. 

Àqueles que, precipitadamente, põe em duvidas o Poder Nacional do Brasil para viabilização de uma Estratégia de Projeção de Poder na Região registraria, tão somente que, Cuba, enquanto Estado, apesar de ser uma Ilha, sem maiores potenciais, logrou êxito em se tornar geopoliticamente um ator importante, não só na América Latina, como até no Continente Africano. Com atuações em guerras convencionais e assimétricas, inegavelmente, de modo contundente. 

Apesar de não dispor de armamento nuclear e respectivos vetores de lançamento, nem sequer, embora seja uma ilha, ter uma Marinha de Guerra. E, quanto a ter submarinos convencionais e até nucleares convencionais, nem pensar.

Obviamente, trata-se de uma desafiante provocação a ser encarada pelo Brasil. Mesmo que, para tanto, ignorando pruridos, se assuma, em definitivo, ser, uma verdadeira democracia, aquele Regime de Governo, ‘voltado’ para o Povo e não, necessariamente, simplesmente, ‘votado’ pelo Povo.

Inexiste país hegemônico, geopoliticamente importante, significativo, estável e sustentável que não atue com Projeção de Poder. Basta observar que, àqueles militarmente conquistados e ocupados, impõe-se a passividade, a exemplo do que ocorreu com a Alemanha e Japão, no pós 2ª Guerra Mundial.

Clidenberg Ribeiro é engenheiro