quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Brexit sem acordo pode custar de 3,5% a 5% do PIB do Reino Unido, diz FMI

WASHINGTON
A diretora-geral do FMI (Fundo Monetário Internacional), Kristalina Georgieva, afirmou nesta quinta-feira (17) que um brexit sem acordo pode custar entre 3,5% a 5% do PIB do Reino Unido e impactar em até 0,5% a economia da União Europeia.
Durante entrevista coletiva em Washington, Georgieva falou em uma "diferença bastante dramática" entre cenários com e sem pacto entre os dois lados da negociação, mas que a saída do Reino Unido da UE sem acordo também afetaria de maneira significativa as contas dos britânicos: em até 2% do PIB.
"Com acordo, ainda haveria implicações significativas, da ordem de 2%, mas esse impacto já tem sido absorvido", afirmou a chefe do fundo em referência ao processo que já dura três anos.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, durante entrevista coletiva em Bruxelas
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, durante entrevista coletiva em Bruxelas 
Zheng Huansong/Xinhua
Nesta quinta, Reino Unido e UE chegaram a um acordo para a saída do país do bloco, dando início a uma corrida contra o tempo para aprovar a proposta até 31 de outubro, atual prazo limite para o brexit.
Georgieva classificou a informação como "uma boa notícia" e disse que, quando há vontade, as coisas geralmente caminham. A diretora-geral do FMI, porém, preferiu não fazer nenhum prognóstico sobre prazos ou desfechos objetivos para o processo.
Horas antes de suas declarações, às 10h35 em Londres (6h35 em Brasília e 5h35 em Washington), o premiê Boris Johnson fez o anúncio esperado há meses: "Nós temos um acordo que retoma o controle", escreveu ele em uma rede social.
A informação foi confirmada simultaneamente pelo presidente da Comissão Europeia (o braço executivo da UE), Jean-Claude Juncker. 
Os líderes dos 28 Estados-membros da União Europeia (incluindo Boris) vão se reunir em Bruxelas entre quinta e sexta (18) para dar uma espécie de bênção ao acordo. ​
Isso feito, caberá aos legislativos do bloco e do Reino Unido aprovarem a medida, que depois voltará para os chefes de Estado ratificarem. 
A aprovação do projeto ainda tem um longo caminho a ser percorrido e há dúvidas se ele terá apoio suficiente para ser confirmado no Parlamento britânico, a etapa derradeira. 
Enquanto pelo lado europeu não são esperados problemas na aprovação, no Reino Unido ninguém tem ideia do que acontecerá.

Marina Dias, Folha de São Paulo