sexta-feira, 23 de agosto de 2019

China retalia EUA com tarifas sobre US$ 75 bilhões em produtos americanos

China anunciou tarifas em retaliação aos Estados Unidos nesta sexta-feira, 23, com alíquotas entre 5% e 10% sobre mais US$ 75 bilhões em bens americanos. Segundo comunicado divulgado pelo Conselho de Estado, as tarifas serão implementadas em dois lotes - em 1º de setembro e 15 de dezembro. 
Guerra comercial
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da China, 
Xi Jinping  Foto: REUTERS/Carlos Barria

O documento diz ainda que a medida é uma resposta ao anúncio do governo de Donald Trump de que vai impor tarifas de 10% sobre US$ 300 bilhões em bens chineses, feito no início de agosto. A ação é "uma medida forçada para lidar com o unilateralismo e o protecionismo comercial dos EUA", diz o Conselho de Estado. "A cooperação é a única escolha correta, e uma situação ganha-ganha pode levar a um futuro melhor", acrescenta o texto.
Minutos depois da anúncio da China, o presidente da distrital de St Louis do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), James Bullard afirmou que a guerra comercial entre os dois países pode "facilmente sair de controle" e ter efeitos mais significativos sobre a economia americana.
A declaração foi dada à Bloomberg TV, durante o simpósio anual do Fed. Antes do comunicado de Pequim, Bullard havia comentado à CNBC que as disputas sino-americanas tinham um "impacto muito maior fora dos EUA do que dentro dos EUA".

Corte nos juros

James Bullard defendeu baixar mais os juros básicos nos Estados Unidos para "tomar mais seguro" contra os riscos negativos à economia doméstica, como a "contração global" na indústria. "Se nada acontecer, podemos retirar este seguro", argumentou.

Segundo ele, as expectativas de inflação medidas pelas dinâmicas dos títulos americanos indexados à inflação (Tips, na sigla em inglês) de cinco anos estão prevendo alta dos preços em torno de 1%. "Por isso defendo taxas mais baixas", disse. "Com nossa economia crescendo acima do potencial, você esperaria que a inflação estivesse superando a meta (de 2%), mas isso não está acontecendo." 

Monique Heemann e Nicholas Shores, O Estado de S.Paulo