segunda-feira, 18 de março de 2019

Guedes aos EUA: Brasil merece tratamento especial

O ministro da Economia, Paulo Guedes, deu um recado para os Estados Unidosnesta segunda-feira, 18, durante seu discurso em evento promovido pela Câmara de Comércio americana: o Brasil tem grandes intenções de aumentar a cooperação econômica com os americanos, mas quer receber garantias reais dos retornos e não pode se furtar de negociar com o seu principal parceiro comercial, a China.
“O presidente ama a América e eu amo a América, mas eu sempre digo para ele que me deixe negociar com quem traz mais lucro”, disse Guedes, ao lado do presidente Jair Bolsonaro no evento “Dia do Brasil em Washington”, organizado pela Câmara Americana de Comércio.
Aos presentes, Guedes ressaltou as afinidades culturais entre o Brasil e osEstados Unidos, mas deixou claro que, mais que isso, é necessário que os americanos estejam mais próximos e invistam mais no país.
“Eu estudei aqui. Amo a Disneyland, coca-cola, jeans. Eles [chineses] não acreditam em Santa Claus, aqui vocês acreditam. Vocês se juntam em torno de valores. Vocês fizeram isso na Grande Depressão. A mídia ajudou e vocês criaram o sonho americano. Nós estamos em um momento parecido. Queremos criar o sonho brasileiro”, disse o ministro, que concluiu o mestrado e o doutorado na Universidade de Chicago.
Outro ponto ressaltado pelo ministro da Economia em seu discurso foi a inflexão ideológica do governo brasileiro. Por diversas vezes, ele definiu a vitória de Bolsonaro como a união entre os liberais e os conservadores, em uma aliança de centro-direita. Para Guedes, essa mudança deve ser reconhecida pelos americanos e fazer o Brasil merecer tratamento diferenciado por parte destes.
“Antes estávamos pulando na perna esquerda, agora estamos pulando na perna direita. Merecemos um tratamento diferente”, argumentou.
O ministro ressaltou que o Brasil “precisa de apoio para chegar na primeira divisão” e que, para isso, os Estados Unidos devem ceder em alguns negócios para que os brasileiros ganhem em outros. Guedes adotou um tom de barganha ao dar exemplos desse toma-lá-dá-cá.
“Se vocês querem nos vender carne de porco, comprem nossa carne bovina. Se querem nos vender etanol, comprem nosso açúcar”, afirmou.
Ele ainda lembrou que, por mais que haja pressão para que o Brasil reduza a sua proximidade econômica com a China, como as realizadas pelos Estados Unidos, os americanos também continuam  negociando melhores condições de comércio com o país asiático. “Nós vemos vocês negociando com os chineses, por que nós não podemos?”, perguntou.
Guedes também demonstrou esperar que os americanos ofereçam benefícios maiores do que aqueles apresentados pelo país asiático, que é o principal parceiro comercial do Brasil e grande investidor em infraestrutura. “Os chineses querem dançar conosco e eles dançam muito bem”, afirmou.

Julia Braun, de Washington, D.C., Veja