quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Palocci diz que Lula sabia que seria alvo de fase da Lava Jato


Palocci disse que o ex-presidente Lula pediu para que ele assumisse os pagamento da reforma do sítio de Atibaia (SP)

O ex-ministro Antonio Palocci disse em delação premiada que o ex-presidente Lula tinha a informação de que que seria deflagrada a 24ª fase da operação Lava Jato, na qual foi conduzido coercitivamente, em 4 de março de 2016.
O depoimento (eis a íntegra) foi realizado no âmbito de investigação que apura o vazamento dessa fase da operação.
Segundo Palocci, o presidente e uma assessora do Instituto Lula, Paulo Okamoto e Clara Ant, ficaram sabendo que haveria uma operação contra o ex-presidente. Eles não sabiam, no entanto, se seria cumprida prisão ou condução coercitiva de Lula.
De acordo com o ex-ministro, Okamoto informou que ao saber da operação teria“feito uma limpa” na casa em Atiabaia (SP), assim como Clara fez em sua residência. Palocci disse ainda que ambos lamentaram o fato de que Lula não tenha feito o mesmo e que por isso foram encontrados documentos comprometedores na casa do ex-presidente e no sítio em Atibaia.
Ainda segundo Palocci, documentos importantes não foram aprendidos na sede do Instituto Lula e na casa de assessores do ex-presidente do local.
O ex-ministro disse que tratou com Clara Ant sobre 1 HD que ela tinha, no qual estavam guardados registros de todas as reuniões oficiais feitas por Lula nos 2 governos. Segundo Palocci, a assessora disse ter tido o cuidado de guardar em outro lugar e, por isso, não foi levado pela polícia.
Em nota, a defesa de Antonio Palocci disse que ele continuará colaborando de “modo amplo e irrestrito” com a Justiça.

VAZAMENTO DA INFORMAÇÃO

De acordo com as investigações da PF (Polícia Federal), a auditora da Receita Federal Rosicler Veigel, que atuava na força-tarefa da Lava Jato, disse que em fevereiro de 2016 contou ao então namorado, o jornalista Francisco José de Abreu Duarte, que uma “bomba” relacionada ao ex-presidente Lula estava prestes a “estourar”.
Rosicler Veigel disse que naquela ocasião tinha levado para casa cópias das decisões que teve acesso, sobre a operação em que Lula seria alvo. No entanto, negou que tenha entregue os documentos a Abreu. A auditora disse que foi ele quem retirou os documentos da bolsa, sem que ela soubesse.
Outro jornalista –Eduardo Guimarães– também foi investigado por ter passado ou não a informação a Lula.

REFORMAS NO SÍTIO DE ATIBAIA

Na 4ª feira (6.fev), o ex-presidente Lula foi condenado a 12 anos e 11 meses de prisão, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no caso do sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP).
No depoimento, Palocci afirma ainda que, em 2016, o ex-presidente Lula o chamou e perguntou se ele poderia assumir o pagamento das reformas feitas no sítio.
O ex-ministro disse que negou por 2 motivos:
  1. porque achava que a polícia descobriria;
  2. pelo fato de que não houve grandes saques em espécie, não tendo o como justificar os pagamentos das reformas.
Ao negar o pedido de Lula, Palocci disse que indicou ao ex-presidente que procurasse Paulo Okamoto. Este teria insistido para que o ex-ministro assumisse os pagamentos.
Segundo Palocci, após negar novamente o pedido, o presidente do Instituto Lula o perguntou se ele poderia buscar 1 outro empresário para assumir as reformas.
O ex-ministro disse que Okamoto chegou a procurar executivos da OAS e Odebrecht, que teriam afirmado ser melhor não assumir publicamente a responsabilidade pelas reformas, pois os valores empregados eram de caixa 2.
Poder360 tenta contato com os citados, mas até o momento da publicação não tinha recebido respostas.

Sabrina Freire, Poder360