O Banco Central decidiu nesta quarta-feira, 06, de forma unânime, manter pela sétima vez consecutiva a taxa de juros básica da economia brasileira em 6,5% ao ano. Com isso, a taxa Selic permanece no nível mais baixo da série histórica do Comitê de Política Monetária (Copom), iniciada em junho de 1996.
A última vez que houve declínio foi em março de 2018, quando caiu para 6,50%. Já as projeções para a Selic no término de 2020 estão entre 6% e 9%, diante das perspectiva de melhora economia e de um pouco mais de inflação por parte dos analistas.
Apesar de esperar Selic estável até o fim deste ano, o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Camargo Rosa, pondera que o debate sobre queda de juro pode ganhar força. Para ele, se a atividade continuar enfraquecida, com o hiato do produto "extremamente" aberto, e a inflação permanecer controlada, assim como as expectativas, podem abrir espaço para redução do juro.
A LCA Consultores cita que o balanço de riscos parece ter, em alguma medida, se alterado desde o último Copom de 2018. Em nota, a equipe econômica da consultoria admite que o ambiente externo continua desafiador e que as reformas domésticas ainda precisam andar. Contudo, reconhece que os riscos inflacionários parecem ter sofrido relevante diluição e a atividade econômica tem decepcionado.
A economista-chefe da Canvas Capital, Camila de Faria Lima, explica que a projeção de Selic menor no fim deste ano, em 5,75%, também considera a aprovação da reforma da Previdência e o encaminhamento de uma parte relevante da agenda econômica do atual governo. "Avaliamos que isso possibilitaria o BC a diminuir o juro", cita, acrescentando ainda que essa hipótese também leva em conta um quadro de inflação sob controle e uma retomada gradual da atividade.
Como o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) deu a entender que pode não subir o juro em 2019, isso também é considerado por Camargo Rosa como um sinal positivo para emergentes e inclusive o Brasil.
Para Agostini, da Austin, o processo de aperto monetário poderá ter início em outubro. "Devemos ter uma consolidação do crescimento econômico neste ano e, por isso, a inflação pode ganhar um pouco mais de ritmo com a melhora do emprego e dos salários", contextualiza./Com Maria Regina Silva e Caio Rinaldi
O Estado de S.Paulo
