quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

EUA e Brasil reconhecem opositor Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela

CARACAS - O líder opositor venezuelano Juan Guaidó declarou-se presidente interino da Venezuela nesta quarta-feira, 23, durante as manifestações pela renúncia do presidente Nicolás Maduro no país. Minutos após o anúncio, o presidente dos Estados UnidosDonald Trumpreconheceu Guaidó como presidente de facto do país e convocou líderes latino-americanos a fazerem o mesmo. Pouco depois, o Brasil, por meio de nota, endossou o líder opositor como presidente interino do país. 
Fontes do governo americano disseram à agência Reuters que " se o regime venezuelano decidir causar danos a qualquer membro da oposição todas as opções estão sobre a mesa", em uma possível referência a uma intervenção militar. Oficialmente, no entanto, a opção mais provável é a de novas sanções.
"Usaremos todo o poder econômico e diplomático dos Estados Unidos para restaurar a democracia na Venezuela", disse Trump em nota. Fontes do governo americano disseram a empresas do ramo de energia do país que podem impor sanções ao petróleo venezuelano nos próximos dias se a situação se agravar. 
Juan Guaído - Venezuela
O líder opositor venezuelnao, Juan Guaído, discursa em Caracas  Foto: AP Photo/Fernando Llano
Os Estados Unidos impuseram sanções econômicas à Venezuela em 2017, que dificultaram as fontes de financiamento do regime chavista. Com isso, o governo e empresas estatais deram calote em títulos da dívida e tiveram de procurar outras formas de recurso, principalmente na exportação de ouro. Essas punições também afetaram a produção de petróleo venezuelana indiretamente, porque o governo tem tido dificuldades para honrar seguros e compromissos com fornecedores. 
"Incentivamos outros governos do Hemisfério Ocidental a reconhecer o Presidente da Assembleia Nacional, Guaidó, como o Presidente Interino da Venezuela, e trabalharemos construtivamente com eles em apoio a seus esforços para restaurar a legitimidade constitucional", acrescentou Trump. "Continuamos a responsabilizar diretamente o regime ilegítimo de Maduro por quaisquer ameaças que possam representar à segurança do povo venezuelano."
O presidente americano elogiou também as manifestações desta quarta-feira na Venezuela. "O povo da Venezuela se manifestou corajosamente contra Maduro e seu regime e exigiu a liberdade e o Estado de Direito", escreveu Trump.
Manifestantes marcham contra Maduro na Venezuela
Manifestantes marcham contra Maduro na Venezuela Foto: AP Photo/Fernando Llano

Brasil e outros países sul-americanos reconhecem Guaidó

O governo brasileiro reconheceu nesta quarta-feira, 23, Juan Guaidó como presidente encarregado da Venezuela. O líder opositor se declarou presidente interino do país durante as manifestações pela renúncia do presidente Nicolás Maduro. Minutos após o anúncio, o presidente dos EUA, Donald Trump, reconheceu Guaidó como presidente de facto e convocou líderes latino-americanos a fazerem o mesmo.
Em nota divulgada pelo Itamaraty, o governo afiram que apoiará "política e economicamente o processo de transição para que a democracia e a paz social voltem à Venezuela. 
Os governos da Colômbia e do Peru fizeram o mesmo.  O governo do Canadá e a Organização dos Estados Americanos (OEA) também reconheceram Guaidó como presidente interino nesta quarta-feira. 

Opositor usa Constituição para justificar decisão

Presidente da Assembleia Nacional, Guaidó tinha chegado a sinalizar que pretendia se declarar líder do país após a a Assembleia considerar Maduro "usurpador", mas vinha evitando fazer isso abertamente. "Juro assumir os poderes da presidência e colocar fim à usurpação", disse Guaidó, que tem prometido substituir Maduro com o apoio de militares e burocratas que romperem com o governo e convocar novas eleições. 
Guaidó invocou o artigo 233 da Constituição venezuelana, para justificar sua decisão. Segundo esse artigo,  a Assembleia Nacional pode declarar vago o cargo da presidência e convocar novas eleições em 30 dias. O problema é que em 2016, o Judiciário venezuelano, que é fiel ao chavismo, anulou os poderes da Assembleia Nacional, que passou a se reunir apenas formalmente. Com apoio internacional, Guaidó tenta reverter esse cenário. 
O presidente da Assembleia Nacional também citou no discurso o artigo 333, que prevê que qualquer cidadão pode reestabelecer a ordem constitucional em caso de ruptura. 

Protestos em todo o país


Os principais atos contra Maduro ocorrem nas cidades de Caracas, Maracaibo, San Cristóbal, Barquisimeto, Mérida e Valência. O governo convocou chavistas para demonstrar apoio a Maduro, mas estes se reúnem em menor número. 

O Estado de S.Paulo