
— Ele não tem o perfil para aquela instituição, pelo menos não o perfil técnico que o novo governo está procurando — disse Mandetta.
Ele disse que a indicação de outro nome será feita "no momento certo" e afirma não compreender os motivos que levaram Temer a fazer tal indicação.
— No momento certo nós vamos fazer essa indicação (para a Anvisa). Não sei quais os motivos que levaram o atual governo a indicar o nome do André Moura, mas não me parece que ele tenha o perfil esperado para aquela instituição — afirmou o futuro ministro.
O patrocínio da indicação de Moura é atribuído a um correligionário de Mandetta, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-MS). O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), mostrou disposição de colocar o nome em votação nesta semana, mas a decisão de Marta impediu o trâmite. Ao anunciar sua posição, Marta criticou a indicação, afirmando ser "a quarta indicação fora dos critérios técnicos e éticos que, como presidente da CAS, recusei-me a designar relatoria para que pudesse ser encaminhada para a sabatina e respectiva apreciação, requisitos indispensáveis para a deliberação do plenário do Senado".
Moura ficou conhecido como um dos principais aliados do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB). Ele já foi condenado quatro vezes, sendo a última nesta semana. Do chamado "baixo clero" da Câmara, ganhou projeção ao se tornar nome de peso no governo Temer. Candidato ao Senado pelo Sergipe este ano, saiu derrotado das eleições. Na mesma semana em que foi indicado, ele foi condenado mais uma vez. Em sentença proferida na segunda-feira, a Justiça em Sergipe condenou o parlamentar por abuso de poder político, com punição de inelegibilidade por oito anos. A decisão atinge também a prefeita de Japaratuba (SE), Lara Moura (PSC), mulher do deputado, que deve ficar inelegível pelo mesmo período e ter o diploma de prefeita cassado, em razão de ter sido beneficiada pelo abuso de poder político do marido, conforme a sentença.
Eduardo Bresciani, O Globo