Jair Bolsonaro e equipe avançam no que se espera seja a formulação de propostas eficazes para enfrentar dois conjuntos de problemas graves: econômicos, em que se destaca a propensão estrutural ao déficit nas contas públicas, e na segurança pública, em que se inclui a corrupção, sendo que é sério o estágio a que a criminalidade chegou no Brasil, convertido em importante rota de exportação de drogas, tendo quadrilhas já enraizadas em países vizinhos. O enfrentamento da violência requer não apenas a integração nacional do aparato de segurança, como agora também internacional.
São duas frentes de uma guerra vital. No campo econômico, o governo que ainda não assumiu já recebe pancadas nada sutis e pode observar exemplos concretos de dificuldades que enfrentará no choque com fortes grupos de interesses que vivem do desregramento das contas públicas. Mais ainda depois do segundo governo Lula e do período Dilma, quando a conhecida cultura brasileira de se agarrar às tetas do Tesouro (leia-se, do contribuinte) ficou mais forte.
Pode-se entender como uma espécie de comitê de recepção a Bolsonaro um conjunto de fatos que sinalizam a existência de um movimento de ataque às intenções, essenciais para o futuro da nação, de se mudar o regime fiscal, por meio de reformas que são contrárias aos interesses de fortes corporações.
É sintomática a concessão de liminar, pelo ministro do Supremo Ricardo Lewandowski, a pedido de sindicatos, que revoga correta decisão do governo Temer de adiar para 2020 reajuste do funcionalismo federal previsto para o ano que vem. Um recado claro ao próximo governo. Esta simples manobra, numa canetada, custará R$ 4,7 bilhões, dinheiro não previsto no próximo Orçamento.
Outra operação antiajuste ocorreu no Congresso, onde, na Câmara, teve aprovação final mudança perniciosa na Lei de Responsabilidade Fiscal, para reduzir a penalização de municípios que não cumpram parâmetros da LRF caso sofram queda de receita.
Fere-se de morte o espírito da responsabilidade fiscal em momentos de crise. Mesmo assim, Rodrigo Maia (DEM-RJ) aproveitou rápida interinidade como presidente da República para sancionar a aberração, num ato de ousadia populista.
O próximo governo encontrará, ainda, estados em situação fiscal especialmente séria, como Rio de Janeiro, Minas e Rio Grande do Sul. Deles deverão partir pressão adicional por benevolências fora de propósito. Aproximam-se momentos tensos.