Após o resultado do 1º turno das eleições presidenciais, o mercado à vista de ações brasileiro já havia negociado R$ 10,4 bilhões até as 11h25 desta manhã. O volume é recorde para o horário e representa praticamente todo montante negociado em um pregão inteiro, segundo boletim diário da B3. Já o dólar à vista chegou a mínima de R$ 3,70, com baixa de mais de 3%, mas depois ele diminuiu a queda e estacionou perto dos R$ 3,75.
A Bolsa opera em torno dos 85 mil pontos, alta de 4%, após testar o patamar dos 87 mil pontos pela manhã, quando subiu 6,06% na máxima. A grande vantagem do candidato de direita Jair Bolsonaro (PSL) em relação ao petista Fernando Haddad (PT) e o crescimento do PSL no Congresso, sustentam o ambiente positivo. A realidade de um segundo turno com Fernando Haddad (PT), porém, deve conter ganhos e provocar volatilidade ao longo do dia.
As ações de estatais como Cemig, Eletrobrás, Petrobrás e o Banco do Brasil, conhecido no jargão do mercado como 'kit eleições', lideram mais um rali no mercado. As ações da fabricante de armas de fogo Forjas Taurus registravam forte alta.
Volume
Com o montante de R$ 10,4 bilhões, se mantido o ritmo o volume projetado para o dia era de R$ 52,2 bilhões. Essa projeção, contudo, não deve se confirmar na avaliação de três profissionais do mercado de ações. Eles entendem que o número de negócios logo no início das operações foi muito alto. Ao longo do dia, o ritmo de compras e vendas tende a desacelerar.
Somente as ações da Petrobrás PN já giraram um total de R$ 2,3 bilhões, colocando a petroleira como a mais negociada até o momento. Em segundo lugar, está a ação PN do Itaú Unibanco, com um total de R$ 1,024 bilhão.
Repercussão
O desempenho de Jair Bolsonaro (PSL) na votação de primeiro turno das eleições presidenciais, com 46,03% dos votos válidos, surpreendeu. A avaliação é do economista Alexandre Póvoa, sócio da Canepa Asset. "O mercado não esperava uma votação tao expressiva a Bolsonaro. A expectativa era algo perto de 40% ou 41% dos votos válidos, foi surpreendente, acima do que o mercado esperava", disse o economista ao Estadão/Broadcast.
Na avaliação de Póvoa, a preferência do mercado por Bolsonaro reflete mais o afastamento do PT do poder do que empolgação com as propostas do candidato do PSL. O otimismo com uma eventual presidência de Bolsonaro poderá provocar um rali no mercado, comentou. "Vai ser proporcional ao que for anunciado. Se for na linha de Paulo Guedes, o rali continua, a Bolsa pode chegar próxima aos 100 mil pontos e o dólar entre R$ 3,70 e R$ 3,80", disse. "A grande preocupação é que essa união não é muito estável, sabemos que esta sujeita a chuvas e trovoadas e o mercado pode se decepcionar la na frente se não der certo", ponderou o sócio da Canepa Asset.
Nesta manhã, os índices referenciados em papéis brasileiros (ETFs) disparavam mais de 6% nas bolsas europeias. Mas um ajuste depois não está descartado, diante da perspectiva de uma disputa acirrada e agressiva, e após os mercados locais terem fechado eufóricos na sexta-feira, esperando um desfecho em primeiro turno. Na semana passada, o dólar caiu 4,81% ante o real e a Bovespa subiu 3,75% em meio ao fortalecimento de Bolsonaro nas pesquisas. / Karla Spotorno, Denise Abarca, Silvana Rocha, Caio Rinaldi e Luciana Antonello Xavier
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