quarta-feira, 31 de outubro de 2018
Com Moro ministro, Gabriela Hardt assumirá julgamentos da 13ª Vara
Com a possível ida de Sergio Moro para o Ministério da Justiça de Jair Bolsonaro, a 13ª Vara Federal no Paraná será ocupada interinamente pela juíza substituta Gabriel Hardt.
Hardt já assumiu os casos da Lava Jato nas ausências temporárias de Moro e é considerada uma magistrada exemplar.
Ela ficará responsável por julgar os demais processos de Lula, até que a vaga de juiz titular seja ocupada por concurso interno.
Ao contrário do que dizem os petistas, a saída de Moro só reforçará o caráter impessoal da Justiça.
Para quem não conhece a juíza, segue abaixo uma de suas decisões:
Aqui
Por Cláudio Dantas, O Antagonista
Hardt já assumiu os casos da Lava Jato nas ausências temporárias de Moro e é considerada uma magistrada exemplar.
Ela ficará responsável por julgar os demais processos de Lula, até que a vaga de juiz titular seja ocupada por concurso interno.
Ao contrário do que dizem os petistas, a saída de Moro só reforçará o caráter impessoal da Justiça.
Para quem não conhece a juíza, segue abaixo uma de suas decisões:
Aqui
Por Cláudio Dantas, O Antagonista
Staff de Bolsonaro avalia que Moro será ministro da Justiça
O alto comando de Jair Bolsonaro trata como favas contadas a incorporação de Sergio Moro ao primeiro escalão do novo governo. “É praticamente certo”, disse ao blog um integrante do staff do presidente eleito. “Os sinais que recebemos indicam que o Moro deseja ser ministro da Justiça. De nossa parte, faremos o que for necessário para corresponder às expectativas dele.” Bolsonaro e Moro se reunirão nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro.
A intenção de Bolsonaro é a de fornecer a Moro todas as condições para que ele se sinta confortável na eventual migração da 13ª Vara Federal de Curitiba para a pasta da Justiça. A ideia é oferecer ao juiz uma estrutura administrativa que lhe permita sustentar a tese segundo a qual sua contribuição para a Lava Jato e para o esforço anticorrupção será ainda maior na Esplanada dos Ministérios.
A pasta da Justiça incorporaria a da Segurança Pública, desmembrada sob Michel Temer. Com isso, Moro teria sob seu comando a Polícia Federal e órgãos como o Cade (Conselho Administrativa de Desfesa Econômica). Cogita-se incorporar ao ministério também a CGU (Controladoria-Geral da União). Mais: o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), hoje pendurado no organograma da Fazenda, pode ser acomodado sob o guarda-chuva da pasta a ser entregue a Moro.
De resto, Bolsonaro se dispõe a assumir dois compromissos com Moro. Na primeira oportunidade, indicará o agora quase ex-juiz da Lava Jato para uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal. E jogará o peso do novo governo numa articulação para aprovar no Congresso o pacote com mais de 70 medidas anticorrupção elaborado sob a coordenação da Fundação Getúlio Vargas.
Com Blog do Josias, UOL
Fundos de ações foram o melhor investimento em outubro
Pelo segundo mês consecutivo, as aplicações em Bolsa lideraram o ranking dos melhores investimentos em outubro. De acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), até o dia 26 de outubro, os fundos de ações índice ativo, em que o gestor tenta superar o índice de referência, tiveram valorização de 9,68% no mês e, no ano, o ganho é de 11,50%. Já os fundos de de ações livre, em que o gestor tem liberdade para escolher as ações que considera com maior potencial de valorização, tiveram valorização de 8,52% no mês e apresentam ganho de 9,04% no ano. No mês, o Ibovespa, índice de referência do mercado de ações brasileiro, subiu. 10,16%
- No Brasil, o fato mais importante foi a eleição de Jair Bolsonaro, que animou os mercados, devido a sua agenda liberal e favorável às reformas, mesmo com fortes quedas das bolsas no exterior - disse o administrador de investimentos, Fabio Colombo.
Para Fabrizio Velloni, chefe da mesa de câmbio da Frente Corretora, o mesmo fator que deu força à Bolsa também levou à queda do dólar. Para ele, a confirmação de Bolsonaro como presidente eleito derrubou um pouco mais a cotação do dólar, para a casa dos R$ 3,58, e, em seguida, o mercado buscou um ponto de equilíbrio ao redor dos R$ 3,70.
- A projeção para o câmbio ao final deste ano depende da montagem dos Ministérios e das medidas que serão adotadas para redução dos gastos públicos, sem contar a reforma da Previdência, que é um ponto-chave. Com a sinalização dada pelo novo governo que não haverá interferência política no Banco Central, o dólar pode ter novamente mais alguma redução, mas não vejo espaço para para uma queda acentuada como a do mês de outubro, devendo fechar o ano entre de R$ 3,60/3,65 - disse Velloni.
Para uma queda ainda maior da moeda americana em relação ao real, as reformas estruturais precisam andar, o que poderia levar à melhora da avaliação do país pelas agências de classificação de risco. Esse cenário aumentaria o fluxo de dólares para o país, levando a cotação da moeda a um patamar mais próximo de R$ 3.
Para Felipe Miranda, economista e estrategista-chefe da Empiricus, a queda do dólar também se explica por um movimento técnico de investidores que desmontaram posições 'compradas' em moeda americana no mercado futuro.
Em outubro, os fundos cambiais, que acompanham os movimentos do dólar, ficaram na lanterna dos rendimentos: tiveram perda de 9,24% no mês de outubro, embora no ano apresentem uma valorização de 12,43%.
Entre as demais aplicações, os fundos multimercados livres, que aplicam em ativos como moedas, juros e ações, subiram 1,65% no mês, enquanto no ano apresentam ganho de 8,44%. Já os fundos de renda fixa tiveram rendimento de 0,47% no mês de outubro e oferecem retorno de 5,15% ao ano. A poupança ofereceu um retorno de 0,37% no mês de outubro.
O Globo
Petrobras vende suas operações na África por US$ 1,5 bilhão
A Petrobras informou hoje que se desfez de ativos na África. A estatal anunciou que sua subsidiária Braspetro vendeu a sua participação de 50% na empresa Petrobras Oil & Gas (PO & GBV), que detém ativos na Nigéria. A venda foi feita para a Petrovida, formada pela Vitol Investment, Africa Oil e Delonex, por US$ 1,530 bilhão.
A PO & GBV é controlada pela Petrobras e o banco BTG Pactual, com 50% cada. A estatal esclareceu que, do total da transação, US$ 1,407 bilhão será pago à vista. Outra parte do pagamento, de até US$ 123 milhões, será efetuada assim que o processo de redeterminação do campo de Agbami, na Nigéria, for implementado.
Além do campo de Agbami, a empresa tem participação em outro bloco onde está o campo produtor de Akpo e o campo de Egina, em fase final de desenvolvimento, todos na Nigéria. "A conclusão da transação está sujeita ao cumprimento de condições precedentes usuais, tais como a obtenção das aprovações pelos órgãos governamentais nigerianos pertinentes", disse a estatal em nota.
A Vitol é uma empresa holandesa de energia e commodities tendo como negócio principal o comércio e distribuição global de produtos de energia. A Africa Oil é uma empresa canadense de exploração e desenvolvimento de petróleo e gás, focada principalmente na África. Já a petroleira Delonex tem atuações no Chade, Quênia e Etiópia.
O BTG havia comprado metade da PO & GBV em 2013 pelo mesmo valor que hoje a estatal vendeu sua fatia. Na época, a operação foi contestado pelo mercado por ter sido considerada abaixo do valor de mercado, informação sempre negada pela estatal. Há cinco anos, quando o negócio foi acertado, a companhia tinha operações em Angola, Benin, Gabão e Namíbia, todos em fase exploratória, mas, segundo fontes, os projetos não foram para frente.
Bruno Rosa, O Globo
Juiz Sérgio Moro desembarca amanhã no Rio disposto a aceitar convite de Bolsonaro
O pacote com 70 propostas de combate à corrupção produzido pela Transparência Internacional e a Fundação Getúlio Vargas (FGV), com o apoio de duas dezenas de especialistas, seria uma das plataformas de eventual gestão Moro.
Dividido em 12 temas, o pacote apresenta sugestões de políticas para enfrentar a questão a médio e longo prazo e foi apoiado por dezenas de entidades da sociedade civil, como o Instituto Ethos, o Cidade Democrática e o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE). O procurador da Lava-Jato, Deltan Dallagnol, foi um dos garotos-propaganda da iniciativa.
Durante as eleições, Bolsonaro foi o único entre os nove candidatos mais competitivos ao governo federal que não quis se comprometer a abraçar propostas do projeto. O adversário de Bolsonaro, Fernando Haddad (PT), chegou a declarar concordar "com a ampla maioria" das propostas, bem como Guilherme Boulos (PSOL).
Thiago Herdy e Jussara Soares, O Globo
Banco Central mantém pela 5ª vez taxa de juros em 6,5% ao ano
A primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) após a definição eleitoral decidiu, com unanimidade, pela manutenção da taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, em 6,50% ao ano. Trata-se do quinto encontro consecutivo sem alteração. Com isso, o juro permanece no nível mais baixo da série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996.
A decisão era largamente esperada pelos economistas do mercado financeiro. De um total de 61 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, todas esperavam pela manutenção da Selic em 6,50% ao ano na reunião desta semana.
Ao justificar a decisão de hoje, o BC afirmou, por meio de comunicado, que a evolução do cenário básico e do balanço de riscos prescreve manutenção da taxa Selic no nível vigente. "O Copom ressalta que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação", informou o comitê na nota.
No documento, o BC também atualizou suas projeções para a inflação. No cenário de mercado - que utiliza expectativas para câmbio e juros do mercado financeiro, compiladas no relatório Focus -, o BC alterou sua projeção para o IPCA em 2018 de 4,1% para 4,4%. No caso de 2019, a expectativa foi de 4,0% para 4,2%. Já a projeção de inflação para 2020 neste cenário passou de 3,6% para 4,1%.
No cenário de referência, em que o BC utilizou uma Selic fixa a 6,50% e um dólar a R$ 3,70 nos cálculos, a projeção para o IPCA em 2018 continuou em de 4,4%. No caso de 2019, o índice projetado foi de 4,5% para 4,2%. A projeção de inflação para 2020 no cenário de referência passou de 4,2% para 4,1%. As projeções anteriores constaram no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado em setembro
O centro da meta de inflação perseguida pelo BC este ano é de 4,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (índice de 3,0% a 6,0%). Para 2019, a meta é de 4,25%, com margem de 1,5 ponto (de 2,75% a 5,75%). No caso de 2020, a meta é de 4,0%, com margem de 1,5 ponto (2,5% a 5,5%).
Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues, O Estado de S.Paulo
Bolsa termina outubro com ganho de 10,2% e dólar em queda de 8%
O último dia de outubro foi marcado pela volatilidade no mercado brasileiro. O Ibovespachegou a subir mais de 1% pela manhã, mas depois oscilou entre altas e baixas, para terminar esta quarta-feira, 31, com ganho de 0,6%, aos 87,4 mil pontos, no segundo maior nível do ano.
No mês, a Bolsa acumulou valorização de 10,18%, o maior ganho mensal desde janeiro deste ano, influenciado principalmente pela expectativa de vitória de Jair Bolsonaro (PSL) na eleição presidencial, confirmada no domingo, e pelas primeiras sinalizações do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes.
O otimismo em relação ao pleito também levou o dólar à vista a ter queda de 8% no acumulado de outubro. Nesta quarta-feira, porém, a moeda americana fechou em alta de 1%, a R$ 3,73, seguindo o comportamento do câmbio no exterior.
Chama a atenção o fato de que a alta do Ibovespa foi sustentada por investidores locais, uma vez que os estrangeiros retiraram mais de R$ 7 bilhões até o dia 29. Nesse dia, aliás, os estrangeiros retiraram R$ 1 bilhão da B3. Foi o primeiro pregão após a eleição de Jair Bolsonaro. Em 2018, o saldo de capital estrangeiro na B3 está negativo em R$ 6,748 bilhões.
Para Luís Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos, não há dúvida de que o otimismo do investidor doméstico foi o que sustentou o Ibovespa em alta neste mês, enquanto o estrangeiro optou por realizar lucros e aguardar a eleição presidencial.
"O investidor estrangeiro deve voltar para a Bolsa, mas de maneira mais cautelosa, restritiva. Ele vai eleger quais serão as novas ações do 'kit Brasil'", disse Luís Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos.
Entre os destaques do dia esteve Vale ON, ação de maior peso na composição do Ibovespa. O papel fechou com ganho de 5,27%, na máxima do dia, aos R$ 56,71. No ano, a empresa acumula ganho de mais de 45%.
Já a alta do dólar ante o real e outras moedas emergentes favoreceu ações de empresas exportadoras. Braskem PNA (+6,82%), Suzano ON (+3,47%) e BRF ON (+3,45%) foram alguns dos destaques. Do outro lado estiveram Petrobras ON e PN, que caíram 0,66% e 1,36%. A queda foi atribuída a uma correção às fortes altas da véspera, favorecida por nova queda dos preços do petróleo. As ações de bancos também caíram.
Paula Dias e Altamiro Silva Junior, O Estado de S.Paulo
Cientistas anunciam novo sucesso com método que permite a pessoas paralisadas andarem
Mais que nos experimentos americanos, no entanto, os cientistas suíços afirmam no artigo publicado nesta tarde na prestigiada revista científica “Nature” que os benefícios que os pacientes obtiveram com sua versão do método – que usa uma estimulação mais “dirigida” em termos espaço-temporais - foram além de poderem se levantar e andar com os aparelhos ligados. Segundo eles, após alguns meses os participantes também recuperaram o controle voluntário de músculos antes paralisados, podendo se movimentar independentemente, ainda que de forma limitada, mesmo quando eles estavam desligados, numa indicação de reabilitação neurológica com a criação de novas conexões nervosas.
- Nossos achados se baseiam em um profundo entendimento dos mecanismos subjacentes (do método) que ganhamos ao longo de anos de pesquisas com modelos animais – lembra Grégoire Courtine, neurocientista da EPFL e um dos líderes do experimento. - Assim, fomos capazes de mimetizar em tempo real como o cérebro ativa naturalmente a medula espinhal. A localização e momento exatos da estimulação elétrica são cruciais para o paciente produzir o movimento pretendido. E também é esta coincidência espaço-temporal que desencadeia o crescimento de novas conexões nervosas.
Já Jocelyne Bloch, cirurgiã responsável pelo implante dos aparelhos na coluna lombar dos pacientes, destaca que em apenas uma semana todos eles já podiam andar usando seu peso corporal.
- Soube imediatamente que estávamos no caminho certo – comemora. - A estimulação dirigida tem que ser precisa como um relógio suíço. No nosso método, implantamos uma rede de eletrodos na medula espinhal que nos permite focar em grupos de músculos individuais nas pernas. Configurações selecionadas dos eletrodos então ativam regiões específicas da medula espinhal, imitando os sinais que o cérebro enviaria para que se ande.
Segundo os pesquisadores, o maior desafio dos pacientes foi aprender a coordenar a intenção de andar em seus cérebros com a estimulação elétrica direcionada. Em estudos prévios que usaram abordagens mais empíricas, como uma estimulação mais geral e contínua, algumas pessoas paralisadas de fato puderam dar alguns passos com ajuda de muletas ou andadores, mas só andaram por curtas distâncias e quando os aparelhos estavam ligados, voltando a ficar paraplégicos assim que eles eram desligados.
Mas com os novos protocolos de reabilitação baseados na estimulação direcionada e um sistema inteligente de suporte corporal, os pacientes suíços puderam treinar a capacidade de caminhar naturalmente por longos períodos de tempo. Assim, durante as sessões de reabilitação, os três foram capazes de caminhar sem se apoiarem com as mãos por mais de um quilômetro, não apresentando fadiga dos músculos da perna, que também ganharam massa.
Esse treinamento intenso teria ainda sido um estímulo fundamental para disparar a chamada “plasticidade atividade dependente”, a capacidade intrínseca do sistema nervoso de reorganizar suas vias nervosas diante de novas demandas, que levou às melhorias de sua função motora mesmo quando os aparelhos estão desligados.
- Todos três participantes do estudo foram capazes de andar com suporte de seu peso corporal em apenas uma semana de calibragem, e o controle voluntário dos músculos melhorou imensamente com cinco meses de treinamento – conclui Courtine. - E o sistema nervoso humano respondeu muito mais profundamente ao tratamento do que esperávamos.
Paraplégico desde 2011, quando sofreu um acidente de trânsito enquanto pedalava de volta para casa do trabalho quando morava na China, o holandes Gert-Jan Oskam, um dos voluntários do experimento, lembra que os médicos disseram que ele “nunca mais voltaria a andar”.
- Mas agora posso andar pequenas distâncias com ajuda de muletas e da estimulação elétrica, e mesmo sem a estimulação elétrica – comemora. - Minha força muscular melhorou substancialmente e num futuro próximo espero poder fazer um churrasco ficando de pé por mim mesmo.
Cesar Baima, O Globo
Bolsonaro define 15 ministérios; saiba que pastas serão fundidas e quais serão extintas
A estrutura do Ministériodo governo Jair Bolsonaro (PSL) já está quase totalmente montada. Até agora, segundo interlocutores da equipe do presidente eleito, já estão definidas 15 pastas, o que significa uma redução de quase 50% das atuais 29 pastas do governo Michel Temer (MDB). Este número, conforme informações de aliados, ainda pode chegar a 17.
Jussara Soares, O Globo
Para enxugar o tamanho do atual Ministério, haverá pelo menos mais quatro fusões, além dos já anunciados 'superministério' da Economia, que abrigará Planejamento, Fazenda e Indústria Comércio, e a união de Agricultura e Meio Ambiente. O organograma foi discutido na terça-feira durante a primeira reunião de Bolsonaro com sua equipe, após a eleição.
O 'superministério' de Infraestrutura, englobando Transporte e Minas e Energia, foi descartado nesta quarta-feira pelo vice-presidente eleito General Hamilton Mourão . Segundo ele, Minas e Energia seguirá como uma pasta autônoma.
A Casa Civil, que terá como chefe o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), assumirá também as atribuições da secretaria de Governo. Na atual administração, Casa Civil está sob o comando do ministro Eliseu Padilha, e o Governo com o ministro Carlos Marun.
Justiça com Segurança Pública
Na nova estrutura, caberá a Onyx acumular as atribuições de fazer a interlocução com o Congresso e também de coordenar as ações estratégicas do Planalto e assessorar diretamente o presidente. O deputado federal, articulador político da campanha, disputa com Paulo Guedes, anunciado como futuro ministro da Economia, o posto de homem-forte de Bolsonaro.
Já o Ministério da Justiça, para o qual está sendo cotado o juiz federal Sergio Moro, deve agregar a Segurança Pública. O combate à violência sempre foi colocado como uma prioridade da campanha Bolsonaro, que como parlamentar encampou o tema como sua principal bandeira. Nesta quinta-feira, o juiz é esperado no Rio para uma visita ao presidente eleito.
Outra fusão deve ocorrer no Ministério da Educação, que abarcará Cultura e Esporte. J á a pasta de Ciência e Tecnologia, para a qual foi confirmado nesta quarta-feira o astronauta Marcos Pontes , deverá ser responsável também pelo Ensino Superior.
Já a pasta de Integração Nacional deve assumir as competências dos atuais ministérios das Cidades e Turismo. Outra proposta, segundo o organograma, é que o Ministério do Desenvolvimento Social assuma as atribuições da pasta de Direitos Humanos.
Seguem como ministérios independentes Defesa, Saúde, Trabalho, Relações Exteriores e o Gabinete de Segurança Institucional.
O Banco Central deve se tornar independente e perderá a status de ministério. O futuro da Secretaria-geral da Presidência; Transparência e Controladoria-Geral e a Advocacia-Geral da União ainda está em discussão.
Confira como devem ser os ministérios de Bolsonaro:
1) Casa Civil - assumindo funções do Governo
2) Economia - fusão de Fazenda, Planejamento e Indústria, Comércio Exterior
3) Defesa
4) Saúde
5) Ciência e Tecnologia (com ensino superior)
6) Educação, Esportes e Cultura
7) Trabalho
8) Minas e Energia
9) Justiça e Segurança
10) Integração Nacional ( com Cidades e Turismo)
11) Infraestrutura, englobando Transportes
12) Gabinete de Segurança Institucional
13) Desenvolvimento Social (com Direitos Humanos)
14) Relações Exteriores
15) Agricultura e Meio Ambiente
Jussara Soares, O Globo
Bolsonaro e a ética judaica, segundo Morris Kachani
“Ir em direção ao homem é ir em direção a Deus. O contrário não é necessariamente verdadeiro”
A participação de uma significativa parcela da comunidade judaica em apoio a Jair Bolsonaro, é um aspecto das eleições que ainda merece uma análise mais detida.
Houve a palestra na Hebraica do Rio de Janeiro, que de certa forma catapultou a candidatura do ex-capitão entre as elites. Houve a internação no Hospital Israelita Albert Einstein, após a facada. E agora, o flerte de nosso presidente com o premiê israelense Bibi Netanyahu, e a perspectiva da mudança da embaixada para Jerusalém, seguindo o exemplo de Trump.
Assim como Edir Macedo, Bolsonaro também adotou a iconografia religiosa judaica em várias de suas aparições públicas.
Não se pode dizer que toda a comunidade judaica aderiu a sua candidatura. Mas houve quem dissesse que se tratava de 90%. Em contrapartida, criou-se no facebook o grupo judeus contra Bolsonaro, que conta com mais de 10 mil curtidas. Calcula-se em 120 mil, a população judaica brasileira, da qual faço parte.
O rabino Michel Shlesinger, bacharel de direito pela USP, é uma liderança humanista e moderada que expressa com considerável conhecimento os saberes da ética judaica. Oficia na Congregação Israelita Paulista, historicamente associada ao movimento de luta pelos direitos humanos. Henry Sobel era seu líder quando protagonizou importante papel de denúncia no assassinato de Vladimir Herzog, nos porões da ditadura, em 1975.
Rabino Michel escreveu um artigo para a Folha de S. Paulo, há três semanas, no qual evocou conceitos como o voto útil, o Estado laico e o direito das minorias.
“A maneira como o Estado trata povos indígenas e descendentes de quilombolas, quanta liberdade dá ou não a religiões afrodescendentes e o quanto se engaja na luta para que negros e mulheres possuam as mesmas chances que homens brancos é um tema central para o voto imbuído de valores judaicos”.
*
Diante de tudo que aconteceu, qual seria sua orientação para as pessoas?
Tivemos um processo eleitoral bastante polarizado, e isso fez com que pessoas que se querem bem discutissem de maneira pouco gentil e delicada. Acho que agora, passadas as eleições, temos pela frente o desafio da reconciliação. Assim é o processo democrático, uns vencem, outros perdem. Agora é hora das pessoas voltarem a se abraçar, darem as mãos e resgatarem o carinho e a confiança que tinham antes de todo esse processo.
Gostaria de discutir o apoio que parte de comunidade judaica deu ao Bolsonaro. Como isso soou para você?
Eu vi com naturalidade. Temos uma comunidade plural, e tenho orgulho que ela seja assim. Nós tivemos pessoas que apoiaram o candidato vencedor e pessoas que apoiaram o candidato perdedor. Havia campanhas na mídia digital e rodas de conversa em uma direção e na outra. É uma comunidade que tem pessoas que pensam diferente, que defendem diferentes pontos de vista.
Há duas semanas fiz uma entrevista com a Monja Coen com o seguinte título: “Budistas de verdade não votam em Bolsonaro”. Judeus de verdade apoiam Bolsonaro?
Alguns sim, é possível.
Apoiar uma proposta como a dele não contraria a ética judaica?
Eu acredito que a ética judaica passa pela possibilidade de você admitir diversos pontos de vista. E foi o que aconteceu durante as eleições. Essa é a beleza da democracia, essa é a beleza do judaísmo, no sentido de que a gente não tem uma estrutura hierarquizada. As pessoas têm direito e liberdade de defender o que acreditam, e de apoiar as campanhas e as pessoas que elas querem apoiar. Isso, em especial, é motivo de orgulho, é bonito.
O que há de negativo, na minha opinião, foi uma agressividade que aconteceu durante todo esse processo. Isso é o que me preocupa, famílias que pararam de se falar, grupos de WhatsApp desmembrados porque pessoas não conseguiam mais se relacionar. Temos um caminho de cicatrização pela frente, de reaproximar essas pessoas, que são pessoas que se gostam, que se amam, mas que no fervor da defesa de um ou outro candidato acabaram de desentendendo.
Tem alguma passagem bíblica que te inspira nesse momento de reconciliação?
Existem muitas. Mas, em especial eu me lembro de uma passagem do Talmud (tratado sobre lei, ética e costumes judaicos), que diz que devemos ser discípulos de Aaron – o irmão de Moisés, que segundo a literatura rabínica era um conciliador.
Quando havia duas pessoas que brigavam, ele chegava pra uma delas e falava: “Olha, o outro está com saudades de você, não aguenta mais essa separação, não sabe viver sem você”, e falava isso para o outro também. E aí as duas pessoas acabavam se aproximando e reconciliando.
Então eu acho que a gente tem um pouco agora essa função de ser discípulos de Aaron, no sentido de ajudar as pessoas a superarem as mágoas. E acho que foram muitas mesmo, eu tenho visto isso.
Quem estava em uma trincheira se sentiu muito distante da outra, com dificuldade de ouvir, de dar qualquer passo na direção contrária. Essa distância criada entre os dois candidatos se refletiu em seus apoiadores.
Eu entendo que a ética judaica aprecie a diversidade. Mas, quando a gente tem um discurso que é preconceituoso, que ataca as minorias, que propõe de armar a população. Esse tipo de proposta dialoga com a religião?
A religião é muito ampla. As fontes judaicas – assim como as fontes de qualquer tradição religiosa – têm um pouco de tudo, e depende de onde você coloca a lente de aumento.
As religiões têm passagens lindas, das quais a gente se orgulha muito, e têm passagens não tão bonitas também, nas fontes do judaísmo e de todas as outras tradições religiosas. Portanto, falar “religião” é algo extremamente amplo.
É verdade que o judaísmo, de forma bastante sistemática, defendeu o direito das minorias, os direitos humanos. Defendeu a ética e o combate à corrupção. Tudo isso é algo coerente com a defesa dos valores que a tradição judaica privilegiou em detrimento de diversos outros.
A amplitude das fontes religiosas pode servir como legitimação de posturas fanáticas – como acontece em todas as religiões; existem minorias fanáticas que acabam legitimando suas posições nas fontes de suas tradições religiosas. Isso é também parte da religião. As fontes têm um pouco de tudo. A pergunta é: o que você resolve sublinhar?
Pessoalmente, enfatizo os valores que eu enxergo como os mais importantes da tradição judaica. E entre eles está, sem dúvida nenhuma, a questão dos direitos humanos, da defesa das minorias.
Na cultura judaica existe a sombra do que foi o holocausto e o nazismo. Como ela dialoga com essas escolhas?
Eu acho que a gente vive de sombras.
Essa é uma passagem recente da História da humanidade que atingiu a comunidade judaica de forma particular, assim como o regime militar é uma passagem recente da História brasileira e tem efeitos importantes sobre o que somos hoje.
Infelizmente a humanidade coleciona passagens sombrias, de alguma forma a gente carrega elas com a gente, e acaba tomando decisões que são muitas vezes motivadas por essas passagens, ou por aproximação, ou por distanciamento.
Justamente venceu o discurso da negação da ditadura.
Eu te entendo e tenho conversado com pessoas que têm essa dificuldade que você está expressando.
Tem uma coisa do processo democrático que é dura mesmo. Às vezes o seu posicionamento, aquilo que você defende como o ideal, o certo – e talvez seja mesmo –, é derrotado. E é parte do jogo da democracia. Não é fácil, é duro, é difícil, porque às vezes você tem muita convicção de estar do lado correto, do lado do bem, da luz. E, eventualmente sua posição é derrotada.
O que cada um de nós pode fazer para vivenciar essa reconciliação?
Aqueles que não apoiaram o candidato que venceu devem participar de maneira muito próxima do que vai acontecer daqui em diante. A democracia é assim. Alguém governa e quem perde faz oposição. A oposição é uma posição tão importante na democracia quanto a situação. Na História recente do Brasil, a oposição foi responsável por tirar governantes que escorregaram, que não fizeram o que deveria ser feito. A gente tem uma História curta de democracia com vários governantes que não terminaram seus mandatos por conta de uma oposição que acompanhou de perto o que estava acontecendo e teve força suficiente de interromper o mandato. Com a Dilma foi assim, com o Collor foi assim. O papel da oposição é importantíssimo. As pessoas que não foram eleitas, foram eleitas como oposição.
Escutei de várias pessoas que esses sentimentos de ódio e intolerância estavam guardados e saíram do armário, vieram à tona. Você concorda com isso?
Concordo. A polarização da campanha fez com que muitas pessoas que tinham posicionamentos, sentimentos, ideias que não tinham coragem de assumi-las de maneira pública, clara, se posicionassem, fazendo com que alguns esqueletos saíssem do armário.
Tivemos duas passagens marcantes: a palestra do Bolsonaro na Hebraica do Rio e a internação dele após a facada no Hospital Albert Einstein. Foram dois momentos onde houve articulação de algumas lideranças judaicas. Você acha que para a comunidade isso é bom? Isso poderia alimentar o preconceito, por parte de quem não é partidário dele.
Se a comunidade estivesse toda fechada em torno de qualquer uma das duas campanhas não seria positivo, não seria bom. Mas, haver pessoas da comunidade judaica próximas de um ou de outro candidato e se sentindo na obrigação de estabelecer pontes com a comunidade, aproximar esse candidato da comunidade e etc, eu acho positivo. É positivo dentro dessa noção de pluralismo, de uma comunidade que tem pessoas que pensam de uma forma ou de outra, que se sentem próximas de um partido ou de outro.
Essa palestra na Hebraica foi para um só candidato…
Houve uma reação acertada da liderança da comunidade judaica quando isso aconteceu, dizendo justamente que a comunidade é plural. Existem pessoas que estão mais próximas de um candidato ou de outro, mas isso não significa que a comunidade está apoiando alguém.
Tem um outro aspecto que é curioso, que é o apreço que os evangélicos têm pela cultura judaica. No dia da vitória, o candidato Bolsonaro fez um discurso, e no cenário da casa dele parece que sempre há uma chanukiá (candelabro de nove braços), ou algum símbolo, objeto que remete a nossa religião. Como isso soa pra você?
Existe uma conexão muito forte com Israel por parte dos evangélicos, sem dúvida. E isso nos aproxima, porque a comunidade judaica sente uma relação afetiva, espiritual muito grande com Israel. Nesse sentido a comunidade evangélica e judaica ficam próximas.
Mas do ponto de vista religioso, teológico existem diferenças. De fato, existem alguns símbolos judaicos que foram incorporados ao ritual de parte das igrejas evangélicas, isso cria alguma identificação. Mas, obviamente, são religiões diferentes, com posicionamentos diferentes em questões da mais variadas.
Bolsonaro disse que a primeira viagem internacional que ele faria seria para Israel. E ainda acenou com a possibilidade da embaixada ser transferida para Jerusalém, seguindo o que os Estados Unidos fizeram.
Eu escutei tudo isso, e tudo isso passa por essa proximidade muito grande que os evangélicos e judeus têm com Israel. Israel é uma referência espiritual para os dois povos.
Mas acaba extrapolando um pouco a questão da fé, quando uma proposta como trocar a embaixada de lugar entra na mesa. Envolve uma outra complexidade que é mais geopolítica e acaba empoderando os homens fortes.
Para muita gente da comunidade, se você não é favor de qualquer que seja a política de Israel, é como se fosse contra Israel.
O que não é necessariamente correto.
Como brasileiros, nós eventualmente criticamos o governo do Brasil, e isso não significa traição a nossa cidadania, pelo contrário. É pelo fato de gostarmos do Brasil que a gente assume uma posição crítica que às vezes elogia e às vezes vai ser negativa a algum tipo de posicionamento. O mesmo tem que acontecer em relação a Israel.
Israel é motivo de muito orgulho para a comunidade judaica, mas é um país liderado por pessoas. Pessoas falíveis como você e eu. Eu acho que amar Israel significa ter a possibilidade de elogiar os caminhos que Israel segue, e também ter a possibilidade de criticar eventuais erros.
Você escreveu no seu artigo sobre o conceito de Estado laico. O slogan de Bolsonaro foi “O Brasil acima de tudo, Deus acima de tudo”.
Acho que a resposta mais honesta é: a conferir. Vamos ficar vigilantes para ver de que maneira isso vai caminhar. Eu acredito que Estado laico é uma conquista enorme da democracia brasileira. Devemos nos manter vigilantes para que essa conquista permaneça. A separação entre Estado e religião ainda está se aperfeiçoando, acho que ainda não é uma separação completa e absoluta. O exemplo disso são os símbolos cristãos em repartições públicas como tribunais, etc, que ainda são resquícios de um Brasil oficialmente católico. Acho que essa separação ainda está amadurecendo e que qualquer retrocesso não seria saudável para nossa democracia.
O que você acha da ideia de escola sem partido?
Embora eu não conheça a proposta em profundidade, o que eu posso dizer é que me oponho a qualquer cerceamento de liberdade. Acho que os excessos precisam ser investigados e punidos à posteriori. Qualquer tipo de censura prévia é ruim, é um retrocesso. A escola, a universidade, é lugar do pensamento livre.
E a ideia do retorno aos valores mais tradicionais da família? Existe um discurso corrente por um retorno a um modelo mais convencional, um saudosismo, uma proposta de retornar aos valores cristãos de família.
Os valores de família não necessariamente são cristãos, porque tem família na comunidade muçulmana, na comunidade judaica, na comunidade budista. Os valores de família são mais universais, não somente cristãos. E ninguém se opõe à família, obviamente. Temos que ver na prática o que isso vai significar.
Se o resgate de valores de família significa a exclusão do outro, de quem não se encaixa no modelo tradicional de família, então estamos falando de discriminação. E discriminação não só é ruim, como é crime. Então precisamos ver de que maneira isso vai acontecer.
No judaísmo, o conceito de família é absolutamente essencial, importantíssimo. Mas, não podemos discriminar aquele que não se encaixa no modelo tradicional de família.
Na vida convivi também com um perfil de praticante da religião, que é praticante na sinagoga, mas que no campo profissional às vezes é um predador.
Eu fico às vezes com a impressão de que quem fala exageradamente em nome de Deus, deveria antes de mais nada olhar para si.
Talvez essa seja uma generalização. Mas, o que existe são pessoas que investem muito no ritual, e comprometem de maneira leviana as relações pessoais. Na minha avaliação, essa não é uma pessoa religiosa. Uma pessoa religiosa busca um equilíbrio entre o ritual e as relações sociais, e mais do que isso, quando encontra conflito entre um e outro, privilegia as relações sociais.
Ir em direção ao homem é ir em direção a Deus. O contrário não é necessariamente verdadeiro.
Quando você está indo somente em direção a Deus, somente praticando rituais – de qualquer que seja a tradição – você não necessariamente está contribuindo para uma sociedade mais justa, para uma sociedade melhor. Quando isso entra em conflito, você precisa privilegiar o social em detrimento do ritual.
Existe uma passagem que lemos no último shabbat (dia do descanso semanal), que conta que Abraão estava na porta de sua tenda conversando com Deus, recebendo a presença divina. Aparecem três visitantes, e ele abandona Deus falando sozinho e corre em direção aos visitantes. A tradição judaica clássica aproveitou essa passagem para questionar: “Como é possível? Ele está conversando com Deus. Ele abandona Deus, ele deixa Deus falando sozinho para receber visitantes?”. E a resposta é maravilhosa: “ao correr na direção dos visitantes, ele estava correndo na direção de Deus”.
Quando você se compromete com a sociedade, quando você paga os seus impostos, quando você paga os salários dos seus funcionários, quando você se preocupa com aqueles que têm menos e que vivem na margem da sociedade, como os refugiados, você está indo na direção de Deus, está cumprindo um papel religioso tão ou mais importante que um ritual.
A sinagoga não tem regras arquitetônicas, cada uma tem um cara. Mas a sinagoga tem que ter janelas, porque a sinagoga tem que manter contato com o que acontece do lado de fora, na rua. Na hora que a sinagoga se isola do que está acontecendo na sociedade, ela deixa de ter razão para existir. Na minha leitura de judaísmo, um ritual como um fim em si mesmo não faz nenhum sentido. Um ritual é um meio de aprimoramento da pessoa para que ela tenha ferramentas para aprimorar a sociedade.
Talvez esse seja um recado interessante para os nossos governantes: pensar mais nos humanos e menos em Deus. Porque através dos humanos você chega em Deus.
Isso. E o contrário não necessariamente é verdadeiro.
Você acha que resta uma autocrítica para ser feita de tudo isso?
Sim, mas de ponta a ponta. Eu acho que a sociedade brasileira precisa deitar no divã depois de tudo isso que aconteceu. E não seria justo dizer que esse divã é de um candidato ou partido específico.
Eu acho que a gente precisa de uma autoanálise corajosa. Olhar para tudo que está acontecendo e se comprometer com o presente e o futuro do Brasil.
Eu acho que esse é o momento da gente se unir em torno do desejo que o novo governo seja bem sucedido. E fazer uma oposição responsável. Acho que o caminho é esse. Desejo o melhor para o Brasil, e o que for melhor para o Brasil será o melhor para os judeus daqui.
Morris Kachani, O Estado de São Paulo
Bolsonaro vai à orla da Barra e assiste a acrobacias aéreas em sua homenagem
O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), saiu de casa nesta quarta-feira, 31, para assistir a uma apresentação de pilotos acrobáticos privados em sua homenagem, na orla da praia da Barra da Tijuca, próxima de sua residência.
Bolsonaro se posicionou em uma guarita de salva-vidas cercado de agentes da Polícia Federal para acompanhar a apresentação e saudou pessoas que estavam na praia. Um vídeo da ocasião foi divulgado por assessores do presidente eleito. Assista:
Marcio Dolzan e Constança Rezende, O Estado de S.Paulo