sábado, 18 de agosto de 2018

"O Papel do Professor na Formação da Autoestima", por Tatiana Gagliazzo

O surgimento da escola é marcado com o objetivo de favorecer o ensino e transmitir a cultura. Neste sentido, o espaço escolar deve ser visto não apenas como um espaço para realizar e propagar o saber, mas, também, como um espaço de troca de relações e aprendizagem social.
Para que a escola cumpra este papel de favorecer a aprendizagem social, o clima deve ser de valorizar as relações interpessoais e emocionais considerando-as tão fundamentalmente, quanto os conteúdos pedagógicos trabalhados em sala de aula. 
Acreditamos que a aprendizagem é um processo simultâneo, produto de uma construção que necessariamente precisa que os aspectos cognitivos, sociais e emocionais, estejam em equilíbrio. Assim, entendemos a importância do ambiente escolar para favorecer, dependendo da forma como serão colocados em prática, estes conhecimentos, este equilíbrio. Com o objetivo de desenvolver a autoestima, a escola possui diversas ferramentas, uma delas é o lúdico. 
"Os jogos, por subtenderem situações de envolvimento, buscas e descobertas, socializam, motivam, exercitam o cognitivo, o afetivo e atuam no plano da criatividade infantil". (Miranda 2003 p.25) 
As atividades lúdicas coletivas com regras ou não favorecem as relações afetivas dos alunos, fortalecendo a auto estima. 
Além dos alunos, a escola tem o dever de preocupar-se com a potencialidade de seus professores, ajudá-los e prepará-los para que, a partir da perspectiva do seu próprio crescimento, eles possam atuar no crescimento do auto estima de seus alunos. 
O que pretendemos é revelar que a escola contemporânea com um enfoque mais dinâmico e moderno não deve limitar-se a dedicação aos conteúdos curriculares, dedicando um espaço maior à formação da personalidade, à aprendizagem, a pensar e aprender e sobretudo à abertura das relações intra e interpessoais de seus alunos. 
De acordo com Voli (1997), o professor é um dos principais elementos na educação e no desenvolvimento dos alunos, tendo sua influência de forma determinante e direta na formação do caráter e da personalidade do futuro adulto.
Na relação alunos-professor, estão envolvidos os elementos responsáveis pela formação acadêmica e a transmissão de conhecimentos, além das características psíquicas de ambos, existe ainda uma comunicação intra e interpessoal, de compreensão e continuidade envolvendo também um substrato psicológico e subconsciente do professor e seus alunos. 
Considerando-se que a prática pedagógica permite uma comunicação intra e interpessoal, de compreensão e continuidade envolvendo também um substrato psicológico e subconsciente do professor e seus alunos.
Pode-se dizer que a personalidade do professor se projeta na criança e intervém em sua formação para a vida. 
No nível consciente, o professor pode responder em classe, ao seu senso de responsabilidade e motivação positiva. Muitas vezes, atua de forma a atender os problemas que surgem como psicoterapeuta, quando os problemas familiares, sociais ou escolares interferem no trabalho acadêmico ou na vivência de seus alunos. Sob este aspecto, a tarefa do professor torna-se complexa, principalmente se ele não tiver clareza e não conseguir separar suas dificuldades emocionais das dificuldades de seus alunos. 
O professor deve ser capaz de relacionar-se consigo, aceitando suas diferenças, tendo uma visão positiva da vida e das relações humanas. 
O professor que se percebe uma pessoa realizada e com auto-estima elevada poderá projetar em seus alunos um modelo que os ajude a conseguir uma formação similar.
As relações estabelecidas com os pais e professores na infância formarão hábitos, atitudes e comportamentos diferentes da verdadeira personalidade de cada um, que na idade adulta amadurece e demonstra se estas relações foram adequadas ou não. Reconhecer se o adulto apresenta um amadurecimento adequado é importante para estabelecer se suas bases educacionais foram positivas. Favoreceram sua formação e seu comportamento ao se manifestarem de forma autêntica, equilibrada, consciente demonstrando segurança. 
Uma educação rígida, sem afeto, sem atenção, permeada por castigos e ameaças resulta, infalivelmente, em interrupções no processo de amadurecimento do indivíduo. Atitudes educacionais que levem os alunos a sentirem vergonha e culpa interferem nos contatos afetivos abertos e incondicionais, tendo como possíveis consequências, adultos sem criatividade, sem espontaneidade e com baixa auto-estima. 
Um professor inseguro pode manifestar em suas relações com os alunos excesso de autoritarismo, dificuldade em se comunicar e dialogar, preconceitos de vários tipos, culpas, ressentimentos, que além da insegurança, refletem problemas pessoais do professor. 
Acreditamos na importância do professor valorizar o conhecimento e a experiência do aluno nas diversas etapas de crescimento e aprendizagem. Deve reconhecer seu papel no que diz respeito à motivação, despertando o autoconceito de seus alunos e de si próprio para poder avaliar e aceitar o potencial emocional dos alunos, a partir de sua experiência profissional. 
A escola exerce um papel importante na formação da personalidade dos alunos uma vez que é através dela que os diferentes grupos sociais convivem, aprendem e se desenvolvem. A escola tem como papel fundamental formar seus alunos, transmitindo os conhecimentos acumulados pela sociedade, objetivando a integração destes alunos como membros desta sociedade e preparando-os para exercer conscientemente sua cidadania. 
Neste aspecto, a educação deve respeitar as individualidades, investindo em métodos e procedimentos que desenvolvam o individuo em sua totalidade. O professor deve valorizar o individual e o coletivo, enriquecendo suas atividades com recursos motivadores, aproveitando ao máximo a vivência individual. 
Considerando que os indivíduos são essencialmente diferentes, o respeito às diferenças individuais deve fazer parte da prática pedagógica no ambiente escolar, lembrando que alguns aprendem mais rápido e se interessam mais facilmente pelo conhecimento e outros vão mais devagar. O que não pode ser considerado desinteresse e nem falta de capacidade é o ritmo de aprendizagem individual. 


TATIANA GAGLIAZZO DE MACEDO ESPÍRITO SANTO